sábado, abril 13, 2013

... e o Porto aqui tão perto

Fui ontem ao Porto, para uma reunião de trabalho.

Após o liceu, vivi dois anos no Porto, como estudante. Desde então, volto lá, com um renovado prazer, sempre que posso. Sinto-me em casa, no Porto. É uma cidade que me induz um imenso bem-estar. Por lá tenho familiares e muito bons amigos - porque a amizade, no Porto, é uma coisa séria. Conheço o Porto bem melhor do que muitos portuenses, desde as lojas aos cafés, passando (que surpresa!) pelos restaurantes e pelas livrarias. Em tempos, cheguei a pensar ir viver a minha aposentação para lá. (Como ela é hoje um pouco "atípica", pensarei nisso mais tarde.)

Às vezes, dou-me conta de que me movo no Porto, de carro ou a pé, quase melhor do que em Lisboa. Na viagem de ontem, ia com um colega de trabalho, lisboeta de gema. À saída do aeroporto, porque antes da reunião tínhamos almoços em locais diferentes, expliquei-lhe onde nos deveríamos encontrar, em função do restaurante onde ele ia: "É fácil. Você sai dos Poveiros por S. Lázaro, segue a Rodrigues de Freitas e, logo depois do Prado do Repouso, entra no Heroísmo - lembra-se onde era a PIDE? - corta na primeira rua à direita, um pouco antes da "Cozinha do Manel". É logo ali". O meu colega olhou para mim, com o ar de quem estava a ouvir falar da toponímia de Ulan Bator, e retorquiu: "Você desculpe, mas eu do Porto quase só conheço a Boavista e a avenida dos Aliados. No resto, perco-me".

Nem ele sabe o que perde. O Sérgio Godinho, que é do Porto, sabe.

9 comentários:

Anónimo disse...

Senhor Embaixador,
Esse porto da minha infância e que tantas vezes deambulei pelas "quelhas" da Sé, desci e subi as escadas dos Guindais, da Corticeira, atravessei a ponte de baixo e tomei banho na "Praia do Borras" junto à Capela do Senhor d´Além, no sopé da Serra do Pilar e onde, sem contar, foi parar à Cova da Onça, abaixo do Mosteiro.
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Tempos maravilhosos de puto serrano, carregando tabuleiros de queijo da serra desde a Rua do Loureiro, ao Marquês e mais adiante à Areosa...
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Parti desse Porto e ficaram as saudades dos "néguinhos" de berdinho a cinco tostões na Adega de S.Romão e mais dez para os pedaços de boroa de Avintes e um pires de azeitonas pretas.
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Esquecia-me a geral do Coliseu a 25 tostões que nós, a catraiada, lhe chamava do pontapé nas costas.
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Já espigadote e autorização para pendurar gravata, no pescoço a malta lá seguia, aos domingos, para engatar, as puras, criadas de servir nos jardins de S.Lazaro, Marquês ou Cordoaria...
O Porto é um poema da vida de cada um que pela cidade passou.
Saudações de Banguecoque

Isabel Seixas disse...

Uau, há quanto tempo, nã se ouvia música por aqui...

Hum...O Porto é de facto inspirador...

Portugalredecouvertes disse...

o Porto é um espectáculo!

patricio branco disse...

belissima fotografia duma rua do porto, gosto...

Anónimo disse...

O Senhor Embaixador é um homem com sorte ou a vida corre bem a quem merece?Olhando para o que vai contando por aqui e lendo os jornais que nos relatam outro tanto só posso concluir que é um homem feliz.É assim ou estou a ver mal as coisas?

Unknown disse...

Sr. Embaixador,
O Porto está cada vez melhor......la movida excelente, os tasquinhos proliferam..... e em S. Lázaro o Snack-Bar Guedes com umas sandes de pernil assado e prato de queijo, enchidos e presunto do melhore um espumante verde de se lhe tirar o chapéu....... Há dias aconselhei uma amiga a lá comer a referidas sandes, comentário da própria: "não podia morrer sem experimentar estas sandes divinais"....
Cozinha do Manel inigualável......
Beijinho grande da Senhora da Hora

EGR disse...

Senhor Embaixador: para um portuense,como eu, é sempre com um misto de alegria e, alguma nostalgia, que leio os seus textos sobre a minha cidade.
E,pelas multiplas provas que nos tem dado, não duvido que conhece bem melhor a minha terra do que muitos dos seus naturais.

margarida disse...

É impressão, ou agora que está aposentado ainda viaja mais do que antes?
E ainda mais veloz nas deslocações e instantâneo nas presenças.
Género VAPT-VUPT!
E outro beijinho da Senhora da Hora, esta belíssima localidade à beira Porto (e mar e tudo)
:)

Helena Sacadura Cabral disse...

Caro Anónimo das 16:45
Cá por mim, vou pela felicidade do nosso anfitrião!

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...