quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Índia

Almocei hoje, num pequeno grupo, com o antigo ministro - das Finanças e, posteriormente, dos Negócios Estrangeiros - da Índia, Yashwant Sinha, figura destacada do maior partido da oposição do seu país. Ao meu lado, o antigo ministro francês das Finanças, Francis Mer, lembrou-me, a certa altura da conversa, a fantástica realidade de que quase metade do eleitorado democrático do mundo está na Índia.

Para o que aqui nos importa, devo dizer que fiquei impressionado ao ver Sinha afirmar, de forma espontânea, quando abordou as relações do seu país com a União Europeia: "Foi graças a Portugal, na sua presidência em 2000, que a Índia recebeu o estatuto de "parceiro estratégico" da União Europeia. Isso representou uma mudança muito importante nas nossas relações com a Europa".

Recordo bem esses tempos. A ideia foi avançada por nós numa "troika" de diálogo político da UE com a Índia, em fins de 1999, em Helsínquia. Ela foi acolhida com visível desagrado por parte da então MNE finlandesa, Tarja Halonen (hoje presidente da República do seu país), que não terá apreciado ver o exercício que conduzia ser desvalorizado pelo anúncio de um "upgrading" cuja titularidade lhe iria fugir. É a vida... Graças à cumplicidade do comissário Chris Patten, a quem tínhamos informado da nossa iniciativa, foi possível conseguir concretizar, em escassos meses, essa ideia. As autoridades indianas viriam a demonstrar, posteriormente, e em diversas ocasiões, o seu forte apreço político por esse gesto de Portugal. A referência hoje feita por Yashwant Sinha ao assunto demonstra que o mesmo terá ficado registado na memória diplomática indiana.

5 comentários:

Helena Oneto disse...

São pequenas/grandes coisas que ficarão gravadas na Historia comum da India e de Portugal.
Raras vezes nos vingamos. Somos um grande povo!

patricio branco disse...

uma velha democracia de 63 anos sem interrupções, mais velha que portugal e espanha. Nada a perturbou, nem os brutais assassinatos politicos de que foi alvo, nem a proximidade com o paquistão, o afganistão e outros paises mais a leste.

Mônica disse...

Francisco
Que coisa interessante!
Aprendi mais alguma coisa hoje
com carinho MOnica

Anónimo disse...

"A fantástica realidade de que quase metade do eleitorado democrático do mundo está na Índia."In FSC

E eu que não sabia que ia haver eleições para o parlamento do Mundo, se não fosse o Sr. (...)

Realmente!!!...

Espero Bem que pelo menos estes Novos candidatos saibam fazer a destrinça entre governo e desgoverno...

Podem sempre vir cá fazer estágio, sim sim a Chaves, com uma senhora que recebe a reforma ,que toma fármacos que eu saiba para três doenças crónicas, faz as refeiçoes que pode, tem uma roupa para a semana e outra para o domingo,compra frango assado ao domingo no pingo doce a 1€ metade claro (pequenininho,daqueles de churrasco) e por aí...

Conheço imensos campos de estágio(Não cá em casa que também falo de barriga cheia, a única diferença é que tenho consciência disso)...

Isabel Seixas

Anónimo disse...

Entendo o comentário de Helena Oneto como uma subtil ironia, quando, ao referir-se a um post sobre Portugal e a Índia, diz que "raramente nos vingamos".
Sabe-se como ganhou Afonso de Albuquerque o cognome de "o Terribil" e a reputação que deixou da Arábia às Molucas, sendo bem conhecidos os desmandos com que aterrorizou locais e mesmo portugueses (lembre-se o conhecido episódio em que, encolerizado por aquilo que considerou uma desobediência, obrigou o grande Capitão João da Nova, de espada em punho e puxando-o pelas barbas, a obedecer-lhe). Quando reconquistou Goa, foram mortos 9000 mil pessoas, culpadas do crime de terem resistido. Mas a crónica do "Terrível" Albuquerque é vasta!
Mas a atitude não-vingativa dos portugueses na Índia não se esgota nele. O seu antecessor, D. Francisco de Almeida, por exemplo, arrasou Diu em retaliação da morte de seu filho Lourenço (por sua vez conhecido como "O Diabo Loiro", vá lá saber-se porquê...) na batalha de Chaul.
Dizem que a vingança é doce; para os portugueses de Quinhentos na Índia, devia ser e ser servida quente...

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...