quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Embaixadas

A embaixada britânica em Paris situa-se hoje no nº 39 da rue du Faubourg Saint-Honoré, um imponente edifício, a dois passos do palácio do Eliseu, sede da presidência da República francesa.

Ontem estive por lá, num encontro de trabalho. A certo ponto, quando alguém gabava a dimensão e o porte da residência, bem como o seu belo jardim, não me contive de dizer, para espanto de muitos: "Este prédio já foi a Embaixada de Portugal, no final do século XVIII". E revelei que também o edifício onde hoje está o Hotel Ritz, na place Vendôme, foi também residência de antecessores meus.

A Embaixada de Portugal está hoje muito bem instalada, num edificio adquirido em 1936, no nº 3 da rue de Noisiel. Mas muitos outros endereços tivemos já por esta cidade de Paris, como o hotêl des Bretonvilliers, na Île de Saint-Louis, de que mostro uma imagem da época.

Bem gostaria de, um dia, poder fazer um completo inventário da nossa presença por aqui.

Em tempo: um nosso comentador fez notar que a nossa atual Embaixada fará, em 2011, 75 anos. Boa lembrança para ser explorada... 

11 comentários:

Cunha Ribeiro disse...

Ao ler este texto, veio-me à memória a Embaixada da Rússia, sita algures entre a Porte Dauphine e a Porte St Cloud ( se não estou em erro).
Ela também imponente.

patricio branco disse...

a propósito desta entrada sobre embaixadas, recordo um filme que vi há pouco na televisão, "Os comediantes", com elisabeth taylor, richard burton, peter ustinov e alec guiness. Ustinov é o embaixador do RU no haiti de papa doc e ET sua mulher, embaixatriz. Alec guiness, cidadão inglês perseguido pelos tonton macoute do regime refugia-se na embaixada. Trata-se duma embaixada pequena, numa vivenda, nada da grandeza descrita da embaixada do reino unido em paris que já foi a de portugal.
Outra embaixada, esta mais misteriosa e soturna, embora muito mais rica e grandiosa que a de port au prince, é a que hitchkock criou no filme "o homem que sabia demais", dum país de leste em londres, nos anos 50.
A ilha saint louis é dos sítios mais intimos e recatados de paris e curioso que a embaixada já foi lá.
Um roteiro da presença de portugal em paris através das embaixadas e dos tempos será uma investigação e trabalho bem interessantes.Sobre os edifícios e os ocupantes. Já agora, teria havido alguma interrupção do funcionamento da embaixada em paris durante a republica com sede em vichy passando-se para esta cidade?

Anónimo disse...

"O Homem que sabia demais" é um filme interessante.
Gosto bastante de Hitchkok.
Ustinov teve também um papel estupendo na interpretação de Nero (se bem que Nero, na vida real fose mais alto e menos anafado, ao contrário de descrições físicas posteriores).
Interessante como do texto do Post acaba por se falar de outros assuntos.
P.Rufino

ARD disse...

Ouvi dizer, há muitos anos, que a Embaixada da Líbia, literalmente paredes-meias com a nossa, foi, em tempos, parte desta última.
Terá sido vendida à Líbia depois da independência daquele país, no pós-guerra, por abundância exagerada de espaço e, também, por razões financeiras.
Essa transação, efetuada coma então monarquia líbia do Rei Idriss, viria a causar alguns engulhos com a chegada ao poder do Coronel Kahadafi e as exigências em matéria de segurança que isso acarretou.
Durante os anos 80, com os atentados terroristas em Paris, não era raro que o acesso à Rue de Noisiel fosse, de vez em quando, muito dificultado, para gáudio, lamento dizê-lo, de alguma boa gente que nisso encontrava um bom pretexto para o incumprimento de horários.
Talvez o Senhor Emabaixador possa confirmar esta estória.

patricio branco disse...

Sim,por associação falamos doutras coisas, embaixadas cinematográficas e peter ustinov, p ex. "Os comediantes" pode tambem ler-se em livro, excelente romance de graham greene.
A embaixada de paris faz portanto 75 anos em 2011, bonita idade.

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Patrício Branco: Belíssima ideia essa dos 75 anos! Vou aproveitar!

Helena Oneto disse...

"L'Hôtel de Bretonvilliers fut construit par Androuet du Cerceau entre 1637 et 1640, il était considéré comme l'un des plus beaux hôtels de l'île à cause de ses magnifiques jardins, de sa luxueuse décoration et de sa splendide vue sur la Seine."

Depois da Ile-St-Louis, "Portugal" foi morar no mais famoso hôtel da Place Vendôme (SVP!) e, antes de se fixar definitivamente rue de Noisiel ainda passou pela Faubourg St. Honoré, côté l'Elysée... agora percebo melhor a nossa "muito portuguesa" mania das grandezas!
E sempre bom festejar, Senhor Embaixador, pena é que calhe em tempo de crise. Mas se cada um levar uma (boa) garrafa o Senhor não se ofende, pois não?:)!

Anónimo disse...

Senhor Embaixador,
Mas a representação de Portugal no Reino do Sião/Tailândia em Banguecoque, feitoria, consulado e embaixada a partir da década setenta do século passado, já leva 190 anos de vida e sempre no mesmo sitio!
Saudações de Banguecoque
José Martins

Anónimo disse...

Senhor Embaixador,
A título de curiosidade. Onde se instalava o Senhor Cônsul José Maria d´Eça de Queiroz, em Paris no ano 1890?
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Num ofício datado de 19 de Dezembro,do mesmo ano, solicitava a Sua Excelência José Vicente Barbosa du Bocage, Ministro e Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, a solicitar-lhe 4.123 francos para pagamento do hotel de I´Institut Pasteur, onde estão alojados os súbditos Portugueses que vêm receber tratamento no Instituto.
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Saudações de Banguecoque
José Martins

patricio branco disse...

sem duvida que é de comemorar, ao pôr tal nº a minha intenção foi provocar a ideia.

Anónimo disse...

Caro José Martins,

O Eça de Queiroz vivia num bonito palacete em Neuilly. Quando lá passei (do lado de fora!) senti que ali respira-se a língua e cultura portuguesas.

O montante solicitado para pagamento do hotel de I´Institut Pasteur destinava-se apenas aos primórdios do Estado social… mas se os políticos actuais sonham que, no séc. XIX, existiam tamanhas regalias sociais arranjam já um bode expiatório para a crise!

Isabel BP

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...