quinta-feira, fevereiro 17, 2011

"Diplomatie"

Intitula-se "Diplomatie" uma peça recentemente estreada, aqui em Paris, em que é imaginado um diálogo, em agosto de 1944, entre o cônsul sueco em Paris e o general alemão que comandava as tropas ocupantes, a quem Hitler havia ordenado que destruísse a capital francesa, na véspera da sua libertação pelas tropas aliadas. 

Na peça, o diplomata acaba por convencer o militar a não respeitar as suas instruções, através de um argumentário feito de inteligência e de intuição, onde elementos de humanidade se confrontam e misturam com lógicas políticas. Para a História: sabe-se que o diálogo nunca teve lugar, embora o cônsul sueco conhecesse pessoalmente o general. Este último viria a explicar as razões da sua decisão num livro de memórias, em que revelou como superou - da melhor forma! - o dilema que o atravessava.

Na audiência, os parisienses como que tomam consciência de que a sua bela cidade esteve "por um fio", com todos os seus grandes monumentos prestes a serem dinamitados. E, não obstante nunca se deixar de estar no domínio da ficção, talvez esta peça possa contribuir para saiam da sala com uma melhor imagem dos diplomatas...

11 comentários:

Luís Bonifácio disse...

Era o General Dietrich von Choltitz.
Quando faleceu em 1966, foi sepultado com todas as horas militares, prestadas pelo próprio exército francês.

Helena Oneto disse...

Duvido Senhor Embaixador. Ninguem, nem um hipotetico embaixador sueco, ainda menos um general alemão, podera salvar a imagem da "diplomatie française" nestes ultimos tempos:

«Michèle Alliot-Marie, numéro trois du gouvernement, est ministre d'Etat et ministre des affaires étrangères. Elle a menti publiquement, ce qui, dans bien d'autres pays, l'aurait conduite à démissionner immédiatement…»

«Un responsable politique de premier plan doit, pour être légitime, être au-dessus de tout soupçon en matière de conflits d'intérêts. Ne pas le comprendre, c'est saper toute confiance des citoyens vis-à-vis de l'autorité publique.»

«… tous les arguments utilisés par le président de la République (Nicolas Sarkozy) pour défendre sa ministre publiquement sont calamiteux ! »

«L’image de la France est catastrophique, comme rarement elle l’a été hors 40/45 ou Guerre d’Algérie.»

e ha muitas mais frases como estas que cito, nos editoriais de jornais franceses ou nos "media" estrangeiros e na boca de "tout Le Monde"!

Quando Nicolas Sarkozy foi eleito presidente la France est devenue vulgaire. Sou eu que o digo:(:(:(

patricio branco disse...

Li há uns anos uma peça de teatro portuguesa, "o general sem medo" de pedro bandeira freire, sobre o general humberto delgado enquanto refugiado na embaixada do brasil em lisboa, em 1958 ou 59.
O embaixador sem medo é o do brasil, claro, e na peça descreve-se o apoio que ele recebe do governo brasileiro, incomodado com a situação, bem como os contactos que tem com as autoridades portuguesas para negociar saida para a situação. Interessante.
Creio que dos corpos do estado, a diplomacia ainda é dos mais bem vistos, se virmos a maneira como (não)simpatizamos com deputados, juizes, ministros, inspectores. Os diplomatas e os militares creio que são vistos em geral com simpatia, pois a sua acção não afecta directamente o cidadão comum.
E creio mais, que o modo como o diplomata é visto deve ser muito parecido em todo o mundo, sobressaindo a curiosidade por uma profissão de poucos execida fora de portugal, o que pode causar alguma inveja e a ideia feita de que é uma vida de turismo, de viajens.
A entrada não diz o nome do autor da peça francesa diplomatie.

Anónimo disse...

M A M é uma politica, não uma diplomata.

Mônica disse...

POis eu admiro o senhor como diplomata.
Não sei se é porque passa tanta coisa bacana nas suas repostagens. Fico conhecendo cada coisa interessante.
Eu o admiro e tenho orgulho por conhece-lo mesmo sendo pela internet e sendo brasileira
E cada dia me apaixono por Portugal;.
Tenha um bom dia e nunca deixe de nos informar
.com carinho MOnica

Helena Oneto disse...

O General Dietrich von Choltitz
escreveu em Maio de 1947: «Je n'ai ni détruit ni incendié leur ville, parce que j'ai voulu épargner cette honte au peuple allemand et ne pas détruire une ville sans motif et tout particulièrement une ville comme Paris qui est le siège de toutes les cultures. Ce fut une chance pour moi que je me sois rendu chez Hitler peu auparavant, et me trouvant pour la première fois de ma vie en face de lui, je me suis rendu compte que j'avais devant moi un fou, ce qui a naturellement allégé ma conscience de soldat et je n'ai exécuté sous aucun prétexte ses ordres de destruction.»

Anónimo disse...

Também gosto imenso da "Mónica"...
Dispõe bem, penso que é uma dimensão diplomática...
Isabel seixas

Helena Oneto disse...

Volto aqui porque vale a pena ver isto:

http://www.youtube.com/watch?v=wlfhI4iD3Kc

Bem sei que MAM é uma "politica".
Ela é também uma péssima ministra des "Affaires Etrangères" quando nomeou ou deixou nomear o novo embaixador da França em Tunes.

Anónimo disse...

Só se vier ao CCB

CSC

Gil disse...

Há um filme de René Clement, dos anos setenta, creio eu, que relata (mais ou menos fielmente) o que se passou na realidade, o "Paris brûle-t-il?".
Era uma espécie de superprodução, recheada de estrela. Lembro-me que o von Choltitz era interpretado pelo alemão Gert Fröbe (que também fez o vilão do "Goldfinger") e o Jacques Chaban-Delmas era o Alain Delon.
Revi o file há alguns anos, na TV, se não me engano no canal HBO.
Ganda fita!

Turma 10A disse...

«Na peça, o diplomata acaba por convencer o militar a não respeitar as suas instruções, através de um argumentário feito de inteligência e de intuição, onde elementos de humanidade se confrontam e misturam com lógicas políticas.»

Peço desculpa mas não é nada disto que acontece. Na peça, o general permanece insensível a toda a argumentação do diplomata e só acaba por aceder aos seus pedidos após ser ludibriado pelo sueco. É uma versão dos factos nada favorável à memória do alemão.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...