terça-feira, agosto 05, 2025

Índia

Estejam atentos. Uma chave determinante para o futuro do sistema geopolítico global chama-se Índia. O que vier a ocorrer em torno da evolução da posição desse país, na sua relação com os EUA, a China e a Rússia, num prazo muito curto, será relevante muito para além das suas fronteiras. Repito: estejam atentos.

5 comentários:

Lúcio Ferro disse...

A situação é complexa. Até ao momento a Índia, porque o pode fazer, manteve-se relativamente neutral. Agora, Trump ameaça com as sanções, caso a Índia continue a comprar petróleo e gás russos. Como é habitual em Trump, a retórica tem sido desmesurada e francamente hostil, por exemplo a classificação de "dead economy" ao referir-se à Índia. Enquanto isso, o negócio dos F35 caiu e o dos aviões russos ganhou novas asas. Do mesmo modo, ainda há poucos dias comunicados oficiais do governo Indiano apontaram no sentido de que não se deixaram intimidar e que comprarão o que quiserem, a quem quiserem. A tudo isto não é estranho o eixo principal da política económica indiana, resumido no slogan Make it in India. Porém, também é verdade que a Índia está inserida no espaço QUAD e que participa no exercício Talisman Sabre 2025. Penso que os indianos terão tendência a protelar, mas muito dependerá da Administração dos EUA. A China já foi categórica face à ameaça, o Brasil também. Por fim, não nos esqueçamos que o I de BRICS corresponde a Índia.... Seja como for, estas sanções secundárias terão pouco efeito. É no campo de batalha que o assunto se resolverá e no campo de batalha as coisas estão a correr mal, muito mal.

Anónimo disse...

Certíssimo. E os EUA estão a fazer o melhor que podem para atirar a Índia para os braços da Rússia e da China...

(A propósito: o arroz está muito caro. E isso tem a ver com a decisão da Índia, há alguns meses, de proibir a exportação de arroz - creio que com a exceção do basmati.)

ferol de leça disse...

Sim seremos como os papagaios . Atentos mas não opinaremos pois ninguém nos vai perguntar nada.

Carlos Antunes disse...

Embora o Senhor Embaixador adiante uma visão prospectiva da Índia muito relevante no futuro do sistema geopolítico global para a qual tem obviamente muito mais conhecimentos de política e geopolítica internacional que lhe permitem antecipar esses possíveis desenvolvimentos futuros e que não ouso contestar, na minha modesta opinião de simples observador destas questões, tenho dúvidas se a Índia se tornará assim tão relevante no futuro do sistema geopolítico global.
Não tanto pela sua política externa de "multi-alinhamento” e da tentativa de autonomia estratégica perante os EUA, a China e a Rússia, mas devido aos desafios internos que enfrenta.
Sendo embora a nação mais populosa do mundo e uma das economias mundiais que mais crescem, com um sector tecnológico relevante e em expansão, a verdade é que padece de problemas internos estruturais, religiosos (com o aumento do nacionalismo hindu e de violência e discriminação contra muçulmanos, sikhs, cristãos), desigualdades sociais gritantes (persistência do sistema de castas) pobreza extrema, falta de infraestruturas, que a impedem de se tornar uma potência global relevante.
Mesmo na sua relação sino-indina pela influência na Ásia e no Oceano Índico, não estou a ver como a Índia reúne condições para competir com a China no estender da sua influência económica e militar na região.
Para já não falar noutros pontos do Mundo, como em África – continente cujo potencial no desenvolvimento do sistema geopolítico global no decorrer do século XXI, não poderá ser ignorado – onde a influência indiana é praticamente inexistente.

João Cabral disse...

Se a Índia for como o caso do Brasil (e suponho que seja), bem que podemos ouvir falar do seu surgimento na cena internacional durante as próximas décadas. Não vai acontecer.

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