quarta-feira, agosto 13, 2025

Diplomatas de Abril

(Fotografia de Ana Gomes, ali de passagem)

Lembro-me de que estava calor, mas não tanto como no dia de hoje, com o país assolado por incêndios. Nesse 13 de agosto de 1975, Portugal vivia o histórico "verão quente".

O "documento dos nove" tinha sido publicado no dia 7 de agosto, trazendo para a Revolução de Abril uma leitura mais moderada do que aquela que ainda prevalecia no plano político. É que, no dia seguinte à divulgação desse manifesto, tomou posse o V Governo Provisório, o último sob a chefia de Vasco Gonçalves. Duraria pouco mais de um mês.

É óbvio que a última coisa com que a imprensa da época se preocupou foi com o facto de, no dia 13 de agosto, terem tomado posse, no Ministério dos Negócios Estrangeiros, as primeiras mulheres diplomatas. Até então, era-lhes vedado o acesso à carreira. Havia sido um ministro dos Negócios Estrangeiros chamado Mário Soares quem, um ano antes, decidira acabar com essa anomalia.

O primeiro concurso para novos diplomatas, após o 25 de Abril, foi aberto e anunciado em 13 de novembro de 1974. A partir dessa data, ao longo de meses, tiveram lugar as múltiplas provas escritas, orais e "de apresentação". No seu termo, de entre largas centenas de candidatos, foram escolhidos 43 novos diplomatas. No total, foram admitidas nesse concurso 11 mulheres. A posse foi feita em duas levas: 24 no dia 13 de agosto de 1975 e 19 no dia 1 de julho de 1976.  

A "Visão" desta semana traz uma memória desse concurso, a que junta um depoimento do professor Aníbal Cavaco Silva que, com Joaquim Mestte, foi um dos dois examinadores externos ao MNE que integraram o júri de acesso.

Aqueles que tomaram posse nesse primeiro dia, há precisamente 50 anos, juntaram-se hoje num belo almoço de confraternização. Conseguiu-se juntar 17 das 24 pessoas então admitidas. A lei da vida levou, entretanto, seis de entre nós e um impedimento obstou à presença de um outro colega. Deixo a imagem desses 17 diplomatas - melhor, desses sempre "novos" diplomatas...

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