terça-feira, agosto 12, 2025

O Alasca


Já dormi (numa tenda militar!) a norte do Círculo Polar Ártico, mas nunca fui ao Alasca, que anda por essas bandas. Confesso que a minha curiosidade sobre aquele que é o maior estado dos EUA se resumiria à possibilidade de conhecer a cidade de Anchorage, o seu aeroporto (por razões históricas que eu cá sei) e de poder ter oportunidade de olhar, do lado "de cá", o estreito de Bering, o que seria mais complicado. Sou muito dado a fazer "vezinhos" em algumas geografias, nem sempre as mais óbvias e populares. Mas também já me resignei a ser modesto nas minhas ambições nesse domínio.

Um amigo que, há tempos, se passeou num cruzeiro pelo Alasca disse-me que tudo aquilo é uma imensa "seca". Mas tenho quase a certeza de que deve ter exagerado. Imagino que o Alasca deva ter paisagens lindíssimas. Mas depois de uns dias de férias que fiz na Islândia, no passado mês de julho, concluí uma coisa que nunca tinha assumido mas de que há muito suspeitava: sou um irreconvertível turista urbano.

Ao jantar ontem com uns amigos americanos, falou-se brevemente do Alasca. E, nessa sequência, lembrei que, há uns anos, na vida política americana, tinha havido uma inesperada "aparição" do Alasca. Foi o caso da candidata a vice-presidente republicana, Sarah Palin, que, embora nascida no Idaho, tinha sido governadora do Alasca em 2006-2009. 

Palin era a "running mate" que o Partido Republicano tinha gerado para acompanhar a candidatura de John McCain, que viria a ser derrotado por Obama. Vinda da ala direita do partido (daí a sua escolha para "compensar" McCain), acabaria a apoiar o "Tea Party", que podemos considerar um antecessor do trumpista movimento "Maga".

A senhora, que pediu o seu primeiro passaporte em 2006, viria então a revelar-se uma imensa ignorante em matéria de política externa. As "gaffes" foram tantas que os republicanos pediram a Henry Kissinger que tentasse dar-lhe um curso apressado na matéria. O "ticket" McCain/Palin perdeu, pelo que o problema ficou resolvido por aí. E Palin passou a falar na Fox News, onde a ignorância, como se sabe, não é um pecado capital.

Trump e Putin vão estar juntos no Alasca na próxima sexta-feira. Será uma interessante reunião, onde, como se especula, o Ártico pode estar na conversa. Mas nem por isso o Alasca se me torna mais apetecível para uma visita. 

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