Por muitos anos, segui o conselho de Paul McCartney, a quem um dia ouvi dizer que a melhor ocasião para ouvir música era durante uma viagem de automóvel: não somos interrompidos por nada e, se o som da aparelhagem for bom e a viatura for silenciosa, a experiência pode ser excelente. Habituei-me assim a levar comigo, em deslocações, uma pequena mala com CDs. Há uns meses, fui obrigado a trocar de carro e tive de enfrentar com garbo o olhar apiedado do vendedor quando me respondeu que "não, o carro já não tem leitor de CDS, vai ter de usar o Spotify". Anotei o revelador "já", colocando os meus hábitos num irremediável pretérito, pelos vistos mais do que imperfeito. Agora, a somar-se às centenas de discos de vinil que jazem (muitos deles de jazz) em Vila Real, juntar-se-ão no futuro algumas centenas de CD's, que ainda andam por Lisboa. Ambas as coleções passam a ter a mesma "utilidade" das muitas dezenas de cassettes de VHS, onde, com cuidado, reuni a "crème de la crème" da filmografia de que gostava. Estão hoje esquecidas numa cave. O mundo, de facto, está a deixar-me para trás.
Vem isto a propósito de quê? De ter agora lido que faz agora meio século que foi gravado o "Concerto de Colónia", de Keith Jarrett. Ora um dos meus acompanhantes regulares nas viagens eram/são as obras de Jerrett, nomeadamente aquele concerto (mas não só esse). Jarrett seguiu-me toda a vida e tive mesmo o gosto de ir ouvi-lo em dois concertos ao vivo. Por qualquer razão que não sei explicar, faz-me sempre muito bem ouvir Keith Jarrett. Nem que seja em Spotify...
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