Marcelo Rebelo de Sousa, como manda a regra, enviou as felicitações ao seu homólogo e futuro presidente do Brasil. Porque Jair Bolsonaro será, simultaneamente, chefe de Estado e chefe do governo, António Costa mandou-lhe igualmente uma nota.
Ambos os textos são irrepreensíveis, fruto de uma diplomacia experiente e sabedora da medida das coisas.
Eu, que já saí das "lides" há uns anos, dei-me ao exercício de escrevinhar aquela que poderia ser uma mensagem "alternativa" por parte do nosso presidente, embora reconheça que a sua extensão é menos conforme com as práticas protocolares habituais.
Ela aqui fica, por mera curiosidade:
“Senhor Presidente eleito Jair Bolsonaro
Excelência
A inequívoca expressão democrática da vontade do povo brasileiro determinou, no passado domingo, a eleição de Vossa Excelência para a presidência da República Federativa do Brasil. Começo por felicitá-lo por isso, em nome de Portugal.
Os nossos países mantêm entre si, vai para dois séculos, uma relação muito particular, fruto de intensos períodos comuns na História e da partilha de uma Língua universal que nos liga a outros povos, criando, nos dias de hoje, uma Comunidade de culturas e de valores que, estou certo, é desejo de todos podermos continuar a desenvolver e afirmar em conjunto.
Em ciclos políticos de sinais por vezes muito diferentes, e não raramente contrastantes, em ambos os lados do Atlântico, a sabedoria e o pragmatismo acabaram por decantar um bom-senso que ajudou a manter e reforçar o nosso relacionamento, por sobre as ocasionais divergências de opinião dos dirigentes. É que o destino nos condenou, com felicidade, a desenhar uma constante convivência humana, recentemente feita mesmo de diásporas cruzadas.
Nesta hora, em nome do povo português, desejo expressar a Vossa Excelência os votos muito sinceros de que o futuro do Brasil, durante o seu mandato, possa estar à altura das expetativas legítimas que determinaram a sua escolha para a suprema magistratura brasileira - em liberdade, tolerância, paz e progresso, honrando as virtudes democráticas da Constituição brasileira de 1988.
O Brasil pode ter a certeza de que contará sempre com a empenhada vontade de Portugal para continuar a desenvolver os laços bilaterais existentes e com ele continuar a trabalhar, na ordem internacional, nomeadamente no quadro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, para a construção de uma sociedade global respeitadora do património de valores civilizacionais que são hoje comuns aos Estados e povos que têm a Democracia como referente identitário e a Liberdade como princípio inalienável na regulação cívica da vida das suas sociedades.
Com os meus respeitosos cumprimentos
Marcelo Rebelo de Sousa
Ambos os textos são irrepreensíveis, fruto de uma diplomacia experiente e sabedora da medida das coisas.
Eu, que já saí das "lides" há uns anos, dei-me ao exercício de escrevinhar aquela que poderia ser uma mensagem "alternativa" por parte do nosso presidente, embora reconheça que a sua extensão é menos conforme com as práticas protocolares habituais.
Ela aqui fica, por mera curiosidade:
“Senhor Presidente eleito Jair Bolsonaro
Excelência
A inequívoca expressão democrática da vontade do povo brasileiro determinou, no passado domingo, a eleição de Vossa Excelência para a presidência da República Federativa do Brasil. Começo por felicitá-lo por isso, em nome de Portugal.
Os nossos países mantêm entre si, vai para dois séculos, uma relação muito particular, fruto de intensos períodos comuns na História e da partilha de uma Língua universal que nos liga a outros povos, criando, nos dias de hoje, uma Comunidade de culturas e de valores que, estou certo, é desejo de todos podermos continuar a desenvolver e afirmar em conjunto.
Em ciclos políticos de sinais por vezes muito diferentes, e não raramente contrastantes, em ambos os lados do Atlântico, a sabedoria e o pragmatismo acabaram por decantar um bom-senso que ajudou a manter e reforçar o nosso relacionamento, por sobre as ocasionais divergências de opinião dos dirigentes. É que o destino nos condenou, com felicidade, a desenhar uma constante convivência humana, recentemente feita mesmo de diásporas cruzadas.
Nesta hora, em nome do povo português, desejo expressar a Vossa Excelência os votos muito sinceros de que o futuro do Brasil, durante o seu mandato, possa estar à altura das expetativas legítimas que determinaram a sua escolha para a suprema magistratura brasileira - em liberdade, tolerância, paz e progresso, honrando as virtudes democráticas da Constituição brasileira de 1988.
O Brasil pode ter a certeza de que contará sempre com a empenhada vontade de Portugal para continuar a desenvolver os laços bilaterais existentes e com ele continuar a trabalhar, na ordem internacional, nomeadamente no quadro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, para a construção de uma sociedade global respeitadora do património de valores civilizacionais que são hoje comuns aos Estados e povos que têm a Democracia como referente identitário e a Liberdade como princípio inalienável na regulação cívica da vida das suas sociedades.
Com os meus respeitosos cumprimentos
Marcelo Rebelo de Sousa
Presidente da República Portuguesa”
10 comentários:
Um "case study" exemplar do melhor barroco-conceptismo português. E, maneirista embora, à altura contorcionista das singulares esculturas do Aleijadinho.
Bolsonaro já sinalizou em estreitar relações com Portugal. O governo socialista só interessava relações com países com sua ideologia, mandou bilhões de dólares do BNDES para ditaduras pelo mundo. Todo estado brasileiro está aparelhado com a mais suja ideologia socialista da corrupção e roubo dos cofres públicos. Inicia uma nova era para o Brasil.
Faltou-lhe o "Se deus quiser", porque ambos são muito crentes.
"Nesta hora, em nome do povo português, desejo expressar a Vossa Excelência os votos muito sinceros de que o futuro do Brasil, durante o seu mandato, possa estar à altura das expetativas legítimas que determinaram a sua escolha para a suprema magistratura brasileira - em liberdade, tolerância, paz e progresso, honrando as virtudes democráticas da Constituição brasileira de 1988."
um forcingzinho...
Eu substituiria "paz" por "ordem", para ficar como o slogan na bandeira na brasileira.
Este texto pressupõe que quem o lê tem a literacia suficiente para o compreender, o que não me parece ser o caso.
Manuel disse….
Este comentário evidencia bem, a exemplo de outras análises meio idiotas o "Tuga chico esperto", que acha que os mais de 5o milhões que votaram no Bolsonaro são idiotas.
Manuel disse….
"Este comentário evidencia bem, a exemplo de outras análises meio idiotas o "Tuga chico esperto", que acha que os mais de 5o milhões que votaram no Bolsonaro são idiotas.
30 de outubro de 2018 às 00:23"
Escreveu " Idiotas" ? Nao, nos 50 milhões de votos existe de tudo.
O que significa concretamente? Significa que a defesa do mercado, da propriedade privada e da lógica do lucro, por exemplo, é respeitável em termos civilizatórios, por maiores que sejam as discordâncias.
No entanto, quando se afirma que a culpa do estupro é da mulher, que gays e lésbicas são doentes, que os negros devem sofrer porque um suposto antepassado bíblico ficou nu na frente do pai etc., a situação muda de figura.
Todas estas afirmações ferem postulados básicos, e burgueses, de igualdade formal e laicidade do Estado. Quer-se com elas discriminar negativamente um grupo, ou seja, impor-lhe uma condição social inferior, oprimi-lo e humilhá-lo, o que é inaceitável.
O obscurantismo não se resume ao ódio desmedido à esquerda e sobretudo ao PT.
O grupo é bem variado: separatistas paulistas, supremacistas, antinordestinos, skinheads, fascistas, fanáticos religiosos e tantos outros.
A eles podemos adicionar agora os "justiceiros", cujas acções bárbaras são apoiadas por âncoras de jornal e por uma massa de comentários raivosos nas páginas de internet.
Comentários que, em regra, permanecem recônditos de tão inconfessáveis, mas que pululam quando alguma figura pública do obscurantismo mostra o caminho. Mesmo ao mais alto nível do candidato a presidente, agora eleito.
Quando vemos o que se passa no caso do jovem que foi mutilado e amarrado numa via pública do Rio de Janeiro por um bando de "justiceiros", temos mais uma hipótese deste tipo, e até pior.
Grande texto de alguém que tem sentido de Estado.
Quanto ao resto, o problema é dos brasileiros.
Guilherme Boulos, candidato socialista derrotado, já está as ruas promovendo o que sempre soube fazer, baderna. Terça Feira na Avenida Paulista em São Paulo liderou um quebra-quebra com mascarados e vagabundos que por um sanduíche de mortadela e uma Sukita vendem até a alma ao diabo. Essa é a esquerda no Brasil. Sempre foi um vagabundo convicto, especializado em invadir propriedades produtivas.
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