Enquanto republicano empedernido, dou a minha total solidariedade ao movimento mobilizado pelo deputado José Ribeiro e Castro para a reintrodução da comemoração da data da restauração.
Acho, aliás, surpreendente (mas significativo) o facto do país ter assistido, impassível, à decisão governativa que colocou em causa a celebração de uma das datas fundacionais do nosso país, assunto, aliás, que foi tratado no âmbito do ministério da Economia (!).
E, já agora, devo dizer que teria uma imensa curiosidade em ouvir o que o dr. Paulo Portas terá a dizer sobre este assunto.
Em tempo: Marcelo Rebelo de Sousa, ontem na TVI: «Temos de voltar a ter o feriado do 1º de Dezembro. A abolição dos feriados foi uma das coisas mais demagogicamente estúpidas deste governo, que para acabar com as "pontes" acabou com os feriados. Uma coisa completamente tonta.»
Em tempo: Marcelo Rebelo de Sousa, ontem na TVI: «Temos de voltar a ter o feriado do 1º de Dezembro. A abolição dos feriados foi uma das coisas mais demagogicamente estúpidas deste governo, que para acabar com as "pontes" acabou com os feriados. Uma coisa completamente tonta.»
23 comentários:
Infelizmente, já nada nos surpreende. Passo a passo (ou antes Passos a Passos ?) vamo-nos demitindo de todos os valores históricos ou culturais, que é ainda o pouco que nos resta para afirmação da nossa identidade.
Tudo depende do que se entende pelo primeiro de Dezembro. Por volta de 1975 quase que era crime essa data. Foi um pouco como com o fado. Depois foi-se repescar mas já não é nada a mesma coisa. Independentes para quê.... sem um tostão.... Enfim..... hoje acho que é uma data sem sentido.
Mesmo não possuindo dois "LL" ou dois "NN" no name and surname,concordo em absoluto com o seu Post.
Alexandre
Diz muito bem, "...a celebração de uma das datas fundacionais do nosso país...".
Já agora, que opinião tem sobre a não comemoração do 24 de Junho de 1128 ou do 5 de Outubro de 1143? Portugal estará entre um número muito reduzido de países que não celebra o seu próprio "grito do Ipiranga", preferindo antes celebrar outras datas necessáriamente menores para a História de um povo com 900 anos,como o 5 de Outubro de 1910, de tão triste memória e tão maus resultados, e o 25 de Abril de 1974 que acaba por ser uma sua consequência.
Ao ter, muito justamente, acabado com as comemorações regicidas do Cinco de Outubro, sentiu-se este Governo, lamentavelmente, obrigado a extinguir ao mesmo tempo a comemoração da Restauração da Casa de Braganca a frente do Reino independente e soberano de Portugal. Concessões e equilibrios... A verdade, Senhor Embaixador, e que foi desde que os Ingleses nos impuseram a Carta Constitucional e a independência do Brasil, obrigando a um amargo exílio o legitimo Rei de Portugal, o saudoso D.Miguel, que Portugal deixou de ser independente e soberano.
a) Henrique de Menezes Vasconcellos (Vinhais)
Senhor Embaixador: partilho da sua opinião sobre a passividade do país.
Quanto ao Dr. Portas estou certo que, um dia destes, na sua melhor pose de homem de estado, não deixara de nos oferecer uma daquelas suas frases a transbordar de patriotismo que dão sempre excelentes momentos de abertura de noticiários ou títulos de primeira página.
E isso dá-me uma enorme tranquilidade.
"Fundacional", de certeza que não é. Aliás, sempre me fez bastante urticária ouvir dizer que é a data da "independência" do país. Não o é, de forma alguma.
Como patriota, e até nacionalista, devo dizer que sou sensível à ideia de que "não vale a pena" celebrar o 1/12 quando, verdadeiramente, já existimos há tão mais tempo.
Mais valia celebrar o momento inicial da Nação e trocar o 5/10 republicano pelo 5/10 nacional.
Mas este país não foi sempre mal governado?
A EXCEPCÃO FORAM OS FILIPES .
Haja Deus.
Silva.
Apoios suspeito que haja muitos, incluindo o meu. Mas que pode um cidadão fazer numa situação destas ? Quantos sairão à rua pela comemoração da Restauração ?
caro estrangeiro
volte!...
e va para rilhafoles!
cumprimentos
No 1° de Dezembro de 1640, Portugal libertou-se das garras dos Habsburgos, que tinham aproveitado da fraqueza de Portugal, após a morte do seu Rei em Marrocos, para se apoderar do vasto império Português. Os interesses das fortunas do reino , como sempre, levaram a que , 60 anos antes, grande parte da nobreza portuguesa aceitasse o domínio de um rei estrangeiro.
Noto que os monárquicos presentes neste "blogue" também aproveitam a oportunidade para demolir à passagem a Republica. Que a vida era bela sob a monarquia !E como o reino tinha sido bem gerido por esta ! Esquecendo que a grande parte da economia se encontrava completamente destruída. As guerras e os impostos lançados pela monarquia da casa de Áustria tinham destruído ou arruinado sectores inteiros da economia, especialmente aqueles que viviam das exportações para a Inglaterra e para a Flandres.
A situação de Portugal em 1640, era de absoluta miséria. O dinheiro que 60 anos antes se esperava viesse de Madrid para ajudar a recuperar uma economia mal gerida e infestada pela administração corrupta no tempo de D. Sebastião e seus antecessores nunca se materializou e o «Hispanismo"deixara o país numa crise sem precedentes.
Mesmo os mais férteis campos portugueses, estavam tomados por urzes e ervas daninhas. O país estava decrépito e decadente e à beira da ruína. O primeiro-ministro do rei castelhano - o Conde-Duque de Olivares - tinha estudado bem a questão, e Portugal estava numa situação de decadência tal, que deveria aceitar a absorção pela coroa castelhana sem grandes dificuldades.
A revolução de 1 de Dezembro, continua ainda hoje a ser um símbolo não só da firme vontade dos portugueses de manter a sua independência, como um símbolo da catastrófica tentativa de União Ibérica, que, como hoje com a UE, inicialmente parecia um negócio interessante para as elites subsidiárias portuguesas, mas que quase levou à destruição total do país.
No 1° de Dezembro de 1640, parte da nobreza portuguesa, entre os quais o mais rico nobre da península ibérica, o Duque de Bragança, reabilitaram a honra de Portugal. Bem hajam e que continuem a ser honrados neste dia histórico.
Muitos saudosistas da realeza , para quem vale mais ser "sujeito" que "cidadão", esquecem que embora se viva em democracia, e ainda com alguma liberdade, nós sabemos que é na democracia e na liberdade que se gera o fascismo e, portanto, não vamos deixar morrer esta data.
Em 1862, Tomás Ribeiro publicou o poema narrativo em nove cantos "D. Jaime ou a Dominação de Castela", que se assumiu como um forte protesto patriótico contra a corrente iberista, que começa com uma exortação intitulada "A Portugal". Nestas vésperas do lº de Dezembro, talvez valha a pena recordar algumas das estrofes desse preâmbulo, para nos ajudar a mitigar um pouco o ambiente de desânimo colectivo
em que estamos mergulhados:
"Meu Portugal, meu berço de inocente;/lisa estrada que andei débil infante;/variado jardim do adolescente,/meu laranjal em flor sempre odorante,/minha noite de estrelas rutilante,/minha tarde de amor, meu dia ardente,/minha noite de estrelas rutilante,/meu vergado pomar d'um rico outono,/sê meu braço final no último sono!// Costumei-me a saber os teus segredos/desde que soube amar; e amei-os tanto!.../Sonhava as noites de teus dias ledos/afogado de enlevo,em riso e pranto./Quis dar-te hinos de amor, débeis os dedos/não sabiam soltar da lira o canto,/mas amar-te o esplendor de imenso brilho.../eu tinha um coração. e era teu filho!//Jardim da Europa à beira-mar plantado/de louros e acácias olorosas;/de fontes de arroios serpeado, rasgado por torrentes alterosas;/onde num cerro erguido e requeimado/se casam em festões jasmins e rosas;/balsa virente de eternal magia/onde as aves gorgeiam noite e dia.//Pátria! filha do sol das primaveras,/rica dona de messes e pomares,/recorda ao mundo ingrato as priscas eras/em que tu lhe ensinaste a erguer altares!/Mostra-lhe os esqueletos das galeras/que foram descobrir mundos e mares.//Se alguém menosprezar teu manto pobre,/ri-te do fátuo, que se julga nobre!//Por que te miras triste sobre as águas,/pobre...d'aquém e dalém-mar senhora?/e te consomes nas candentes fráguas/das saudades cruéis que tens d'outrora?/Por tantos louros que te deram? mágoas ?/Foste mal paga e mal julgada?/ embora!/Hás-de cingir o teu diadema augusto;/são teus filhos leais, e Deus é justo!//Três testemunhas tens que ao mundo inteiro,/grandes, hão-de levar-te a ingente glória:/Camões, o sol, o oceano; que o primeiro,/ergueu-te em alto canto a nobre história./Com prantos e com sangue, audaz guerreiro,/o seu livro escreveu d'alta memória!/Lede os cantos divinos do poeta,/entoados em harpa de profeta!//O mar, na eterna lida porfiosa,/cansado de correr largos desvios,/vem afogar a sede angustiosa/no saboroso néctar dos teus rios./E quando, n'outra idade mais ditosa,/tu mandaste alongar teus senhorios,/conhecendo o roçar das tuas sondas,/cavou as penhas, e aplanou as ondas.//Fiel, sempre fiel à tua glória,/conduziu-te o Evangelho a longes terras;/acompanhou-te os cantos da vitória,/saudou-te os brios nas longínquas guerras!/Rasguem embora , ó pátria, a tua história;/enquanto o mar bramir, quebrando serras,/ou brincar nas areias, em bonança,/há-de falar de ti, pátria, descansa./Qual no deserto o lasso viandante/vai no oásis sentar-se ao fim do dia,/achando atenuado e arquejante ,/verdor, fontes, aromas e harmonia,/e naquela atmosfera inebriante,/se alimenta, se farta, se extasia,/tal és do sol oásis reservado,/jardim da Europa à beira-mar plantado."
Mário Quartin Graça
Claramente - eu digo SIM - a independência face a Castela, para mim é marcante.
É só burrices
Zé da Adega dos Machadinhos
Porque não Seca-adegas?
Silva.
Comparar a França com Portugal para quê?
Para dizer que a França já tinha mais dias de férias do que Portugal; que os portugueses já trabalhavam mais horas por semana do que os franceses; que os salários minimos em França já eram mais elevados do que em Portugal...
Decerto, pensando poder corrigir estas desigualdades, o governo português impulsionou: um maior aumento de horas de trabalho; uma mais drástica redução dos salários minimos (aqui o termo salário minimo assenta como uma luva sem dedos); e decidiu reduzir os dias feriados...
Nesta loucura até nem o 1° de dezembro escapou!
É caso para dizer: os menions estão doidos!
José Barros
O Dr. Paulo Portas foi, no Governo, dos principais responsáveis pela eliminação do feriado nacional do 1º de Dezembro. Infelizmente, para embaraço meu, isso aconteceu com toda a direcção do CDS.
Não percebo porquê. Mas foi assim.
Ou melhor, percebo e sei. Mas acho tão mau, que prefiro dizer que não percebo.
É um outro erro que tem também de ser reparado: o erro do CDS. Alguém entende que o CDS - logo o CDS - seja contra o feriado nacional do 1º de Dezembro?
Outra coisa ainda, meu caro Embaixador Seixas da Costa: acho muito bem que apoie esta causa como republicano empedernido. Este feriado foi introduzido pela República logo nos seus primeiros alvores, em 13 de Outubro de 1910, designado desta forma memorável e belíssima: "Dia da Autonomia da Pátria Portuguesa".
Deixo-lhe aqui o fac simile do Diário, onde poderá ler o Decreto:
http://pt.scribd.com/doc/86964658/Instituicao-do-feriado-do-1%C2%BA-de-Dezembro-Diario-do-Governo-13-out-1910
Só os lorpas e os ignorantes acham que este é um "feriado monárquico". É um feriado de todos: como eu tenho dito, "o dia mais de todos de todos os dias de Portugal".
Caro Dr. Ribeiro e Castro: há, de facto, algumas coisas surpreendentes na vida política portuguesa. Mas para quem acredita que "isto" é bastante mais do que um "protetorado", a luta continua. Não esmoreça!
Caro Embaixador:
O meu discurso amanhã nos Restauradores toca, por sinal, esse tema incrível do "protectorado".
Se me indicar o seu endereço email, eu mando-lhe o texto.
O meu endereço, para este efeito, é movimento1dezembro@gmail.com.
Depois lhe mandarei também outros meus contactos.
Os franceses - a quem os brasileiros foram copiar as regras que mos querem impor - escrevem 14 Juillet; o autor do "post" escreve "1º de dezembro".
Fica-se elucidado com o fervor da obediência.
São compreensíveis os argumentos históricos dos defensores da "restauração" do feriado no dia de hoje. Eu desfilei em calções na MP, em dias bem mais frios quando era feriado, fui ao teatro e aos bailes. Agora, haver feriado e ninguém na rua fazer a mínima ideia do que se trata é que deveria ser verdadeiramente questionado!
Fiquei, entretanto, verdadeiramente irritado, aqui há tempos, nos Santos de Chaves, ser feriado em Feces de Abaixo... A que propósito?...
antonio pa
BRAVO Senhor Embaixador. E não tem nada a ver com ser Monárquico ou Republicano, mas com ser Português.
Patrioteirices - um tanto atrasadas - da 'velha senhora':
eu sou patriota (patrioteira?)
celebro a festa da restauração
nem pensem membros desta bandalheira
que ao povo independência roubar vão
tentaram outros foram pla janela
um dia o povo faz não interpela
Devemos e deveremos muito ao Dr. Ribeiro e Castro. Muito obrigada!
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