Ao fazer a apresentação de Rui Tavares, no debate que com ele tive em setembro na Culturgest, referi a possibilidade, que já então corria, do deputado europeu, eleito nas listas do Bloco de Esquerda, poder vir a criar um novo partido. A hipótese confirmou-se agora. Rui Tavares vai ser a figura de proa do LIVRE (parece que em maiúsculas), uma nova formação que procurará "pescar" em águas políticas próximas da ala esquerda do PS e dos votantes do Bloco que se sentem desiludidos com o atual estado de coisas naquela que já foi a grande novidade na política portuguesa.
Com exceção desse mesmo Bloco, as aventuras partidárias fora dos "quatro magníficos" não têm tido um grande sucesso, continuando eu surpreendido com o facto de por cá não ter ainda não ter surgido um partido na "direita da direita" - já não sei bem se à direita do CDS ou do PSD. "Na esquerda da esquerda", com o PCP em crescendo e com o evidente declínio do Bloco, o LIVRE terá o seu teste nas eleições europeias de 2014. O surgimento deste partido é uma má notícia para o PS e não terá sido por acaso que os socialistas terão tentado, sem êxito, "cooptar" Tavares.
Uma nota final sobre a pretendida ideologia ecológica do novo partido. Veremos se é desta que em Portugal é criado um verdadeiro partido ecologista, corrente que tem vindo a ser ridiculamente "representada" por esse eco estridente dos comunistas que dá pelo nome de "Os Verdes".
17 comentários:
pena não haver por aqui um verdadeiro partido ecologista verde como p ex na alemanha onde tem peso conta e entrou em governos a sério. mas fala se em portugal cada vez menos de politica ecologica talvez por não contribuir muito para os impostos.
o novo partido se vai tirar votos será ao be já muito debilitado e não se sabendo qual na pratica a utilidade do partido que surge cada vez mais teorico-retorica, mau para eles que não souberam ou quiseram estender o campo de acção.
não auguro muito sucesso a medio prazo para o livre, maximo dividirá com o be um espaço que já é pequeno.
um novo partido na área do ps que atingisse tambem o psd fazia nos falta, sobretudo agora, enfim, muitos eleitores quererão votar mas não sabem na verdade em quem, os partidos existentes estão velhos, decrepitos, viciados, não são crediveis, etc
o aparecimento do novo livre deixa me totalmente indiferente pois não vai adiantar nada ao esquema...
Caríssimo, não partilho da sua "premonição" isto não vai passar de foguetório. Alguém conhece a personagem Rui Tavares sem ser nos metederos políticos? Pode até ser boa pessoa, mas para retórica já temos de sobra.
Cumprimentos
O MES, habilmente resgatado, teria pelo menos melhor histórico...
Essa de dizer que o CDS poderá estar menos à direita que o PSD não é nova...O Dr. Soares já tentou pôr isso em prática nos anos setenta e só durou seis meses. Quererá o Senhor Embaixador seguir o mesmo caminho que o falecido Dr. Sá Machado e finalmente ser o MNE que todos desejamos? Olhe que só é recordado no MNE pela falta de vontade de decidir e nem teve um voto quando se candidatou à UNESCO uns anos depois. Desejo-lhe melhor sorte!
Posso estar mais uma vez enganado (as minhas raras apostas no Euromilhões nunca dão nada), mas julgo que o LIVRE vai ter uma vida efémera.
Isto, se chegar a nascer.
Os partidos políticos sofrem de desidratação ideológica avançada do ponto de vista das ideias. Estão todos secos. tão secos que muitos cidadãos questionam se ainda servem para qualquer coisa. Na televisão o espectáculo é deprimente. Aparece lá de tudo : ambiciosos, gente sem escrúpulos e mesmo trafulhas. Todo este espectáculo accentua a superficialidade dos debates politiqueiros que não servem para nada. As posturas , os egos, importam mais que as convicções.
A preocupação de responder a todos os clientes , de não deixar ninguém de fora, é patente nos debates . Aliás basta ver o "catálogo" de "serviços" dos partidos para se convencer.
Em França há actualmente um partido que bate todos os recordes : O " Front Gauche "!
Que se posiciona assim :
Front de gauche
FG Gauche antilibérale
Communisme,
Marxisme,
Écologisme,
Féminisme,
Socialisme démocratique,
Écologie politique,
Républicanisme,
Anticapitalisme,
Socialisme,
Internationalisme,
Antilibéralisme,
Altermondialisme,
Républicanisme,
Marxisme-léninisme,
Révolutionnaire,
Collectivisme,
Écosocialisme,
Autogestion,
Progressisme,
Laïcisme,
Humanisme.
Os "clientes" encontram aqui tudo o que procuram, excepto o "liberalismo" , que não se vende bem nestes tempos de crise!
Mas também existe um outro partido que se vende bem neste momento : Reivindica 1/4 do mercado!
Ele é contra tudo o que existe, pretende ser socialista, mas "nacional", adora os bailes de Munique, prefere um tipo rácico loiro, grande, esbelto e com um cérebro vazio.
O problema é que ele tem as características de Atila : " Lá onde ele passa nem as ervas daninhas crescem".
Caro Anónimo das 16:13: olhando para a prática política de ambos os partidos, às vezes a dúvida assoma. Mas admito que possa ser de olhar as coisas do outro lado. Quanto a mim, deixe-me descansado, entre a escrita leve e a dar conselhos a quem os pede. O resto - essas aventuras que fantasia - é para a geração que segue à minha, que já é tempo de começar a trabalhar melhor do que tem feito...
Pois é !
"A geração que segue á minha"( que é a minha) já está desfocada com a realidade (não falando do passado) através das imagens dos tabletes que
pululam em mãos sempre sequiosas de imagens.
95% dos casos os utilizadores não raciocinam sobre o que ela representa: o passado e o presente, mas sim a "necessidade"-de-não-perder-nenhum-instante-do-"mundo"-próximo ou distante !
Em Portugal, pela falta real de educação global/universalista, temos imensos aprendizes do tipo "corta-cola-ideias".
Uma certeza: sem criação produtiva de valor permanente e compromissos sério, nunca teremos sociedade !
Alexandre
um pc reformado, maquilhado, continuando com alguns dos actuais principios mas tambem introduzindo umas novidades programaticas e de estilo, decidido a ir mais alem do parlamento, cgtp e manifestações, seria talvez o que tivesse mais possibilidades de engrossar neste momento...
o pci italiano depois de se reformar a seguir à queda da urss teve sucessos como primeiro ministro (d'alema)e pr republica (scalfaro)etc
sim, um pc que se reformasse, renovasse, o que é dificil pois não quer isso...
mas o partido livre vai ser um fiasco, ai isso vai...
Isto tá cada x + bonito em Portugal. Assim vamos ficando como se ficou em 1581.... sem garra para pensarmos o que fazer. Mas como está não pode continuar.
A direita irá agradecer, sempre são mais uns poucos de votos dispersos, de uma pessoa que ninguém conhecia até chegar a deputado europeu e que no futuro, como sobrevivência na vida política, irá cair no centralão, neste caso do lado dos rosas (é o habitual). JPS
Há muito que desejo um novo partido de esquerda que seja, mais do que a tentativa de juntar tantos descontentes do PS e do PCP, uma ponte entre uns e outros.
Já foi tentado (no papel) e não conseguido (coisas da vida e da morte).
Gosto do Rui tavares. Homem culto, que faz perguntas incómodas,com coragem e que, para além do que dele se conhece publicamente, patrocinou diversas iniciativas muito meritórias.
Recusou o PS, diz-se. Pior para o PS.
Penso, no entanto, que este partido saberá dialogar com o PS, sem "tacitismos" como diria o Rui Tavares.
O mesmo, com menos certeza, para o PCP.
Sobre o Bloco: poderá ser a machadada final, num partido que muito prometeu, mas não conseguiu ir além das intenções, cedo enredado em questiúculas internas.
Sobre o Partido LIVRE: espero que resista aos rótulos. Desconfio muito de partidos ecologistas, assim como feministas e por aí adiante.
Quando é que nos deixamos de jogos de partidarites e começamos a atuar?
Força, violência, luta, e nada de anestesiantes.
Já chega.
Silva.
Caro Silva: onde? A que horas? Venham mais cinco? O Buiça alinha? E o "Dente d'Oiro"
Assinado: Costa
Com o Bloco bicéfalo e o PS entregue ao Seguro, o Livre poderá vir obter uma estrondosa votação: 3%.
Briquem, briquem e ainda vamos ter dificuldade em ver-nos Livres desta extrema-direita, CDS/PSD.
Que seja um partido verde. No espectro partidário pátrio, nesse campo, só há melancias.
N381111
Atrevo-me a admitir que, desde a sua fundação, o CDS não é o partido mais à direita dos que sobraram após a razia que o PREC fez eliminando vários da direita pura à extrema direita.
O CDS não é um partido socialista e por isso recusou aprovar a Constituição que apontava para uma via para o socialismo (que não era a social-democracia) mas é um partido que na sua matriz fundacional tinha uma forte preocupação de justiça social, na linha da doutrina social da Igreja.
Já o PSD sempre foi uma espécie de albergue espanhol onde tudo cabia e cabe, desde uma aproximação aos partidos socialistas europeus, a cuja família pretendeu pertencer sem o conseguir, até às tendências ultra-liberais, como estamos a verificar.
Por isso, a meu ver tem todo o sentido a dúvida levantada pelo Senhor Embaixador quanto a situar ideologicamente os dois partidos da coligação.
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