Ontem à noite falei da crise portuguesa e da crise na Europa, na perspetiva como ambas afetam e condicionam a nossa política externa - ou o que dela resta. Devo esclarecer que o tema não me agrada muito, porque sinto sempre alguma relutância em tratar, num registo de inevitável polémica, um assunto que, desde há anos, me esforço por consensualizar. Mas achei que tinha de corresponder ao amável convite do Instituto D. João de Castro e procurar refletir sobre algo a que consagrei uma importante parte da minha vida e cujo destino, muito simplesmente, me preocupa nos dias de hoje,
Com a quase meia centena de pessoas que, na noite frígida de ontem, se incomodaram para ir ouvir-me àquele simpático espaço no Restelo, conversei durante mais de duas horas, relembrando constantes do nosso posicionamento externo, assinalando as mudanças que as últimas décadas induziram no nosso cenário estratégico, refletindo sobre o "estado da arte" da nossa diplomacia, sobre meios, humanos e materiais, alocados à nossa dimensão internacional. Não foi um tempo de grande otimismo, devo esclarecer.
O professor Adriano Moreira presidiu à sessão e, no final, encerrou com um curto mas sábio testemunho, ao mesmo tempo ousado e sereno, sobre os riscos que entende que o país atualmente corre pelo menosprezo a que são votadas algumas da suas políticas públicas, aquelas que mais diretamente afetam a identidade e a memória do país.
3 comentários:
Só posso dizer que foi um enorme privilégio poder tê-lo ouvido e ao Prof. Adriano Moreira pela lucidez e pertinência das palavras de ambos, embora, em face do tema da conferência, nenhum dos presentes pudéssemos ter saído da sessão menos preocupados do que estávamos acerca do rumo da Europa e do nosso País.
Mário Quartin Graça
Mas o que disse, embaixador? Porque nao partilha connosco o que disse nessa sessão e o que lhe perguntaram e o que afirmou o Prof.Adriano Moreira, um rapaz do meu tempo? Lembre-se de pessoas como eu, que vivem como viveram os seus avos, homiziados na província desde a usurpação e a injusta deposição do Senhor Dom Miguel, e nao tem o acesso que Vexa tem aos grandes centros mundiais? Diga-nos mais coisas, por favor
-a)Henrique de Menezes Vasconcellos (Vinhais)
Paulo Portas? Dirá que a decisão é irrevogável! Portas é um dos maiores figurões políticos que por cá temos. Sobre isso terá, seguramente, um “sound bite” a propósito, como é seu costume.
Aprovo, de igual modo, o projecto de Ribeiro e Castro. A nossa História não se compadece com decisões patetas como esta.
Francisco S.M
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