terça-feira, novembro 19, 2013

Trompe l'œil

Nos tempos da Pide, a seguir a um torturador sanguinário costumava surgir na sala, para grande alívio da vítima, um polícia mais "compreensivo". Surpreendia-se com o que tinha acontecido até aí e lamentava o comportamento do seu colega. Procurava deixar bons conselhos, em especial recomendando denúncias, para poupar mais "aborrecimentos". Coitado, fazia o que podia... Era o famoso "pide bom".

Com a devida ressalva democrática, lembrei-me disto hoje, ao ver anunciado, em parangonas, que 140 mil funcionários são "poupados", graças à generosa intervenção dos deputados da maioria. Que coisa fantástica! Olha se não fossem eles! Que simpáticos!

Alguém se lembrará de perguntar: de quem é o governo que propôs a "sinistra" medida? Não emana da mesma maioria? Mas se era para "recuar", por que não optou o governo por não "avançar" com a medida? Ora essa! Sem isso, a maioria não tinha agora 140 mil eleitores, perdão, pessoas gratas.

Sabem o que é um "trompe l'œil"?

7 comentários:

Anónimo disse...

É isso mesmo! Mas será que os Portugueses não aprendem a lição. Valha-nos Deus. Era assim que se fazia aos miúdos no meu tempo...

patricio branco disse...

aumentar os preços para depois dar os descontos, etc etc

Anónimo disse...

Não sei, mas a "maioria" sabe. Bendita "maioria". Viva a "maioria"!; abaixo o (des)Governo!

Bmonteiro disse...

“As velhas artes da ilusão e da desilusão”
«Há uma velha e conhecida táctica. Resume-se a como dar uma má notícia, e obter do lado de quem a recebe um estranho alívio ou um resignado acatar. Este é um processo que se divide em três fases, tal como um magistral truque de ilusionismo»
Editorial Jornal do Fundão
10 Out 13 – Nuno Francisco

Helena Oneto disse...

"Jeu de séduction et de confusion du spectateur, le trompe-l’œil a porté très évidemment son choix plus volontiers vers des sujets inanimés ou statiques" (Wikipédia).

Et les "vivants en mouvement"? que font-ils? en qui voteront-ils?
"Sabem o que é um "trompe l'œil""?

Anónimo disse...

Em tempos memoráveis os nossos governantes só nos deixam escolha entre o mau e o mau. Ou entre o mau e o pior. O que não há é projetos empreendedores de alguma felicidade.
Um debate sobre "Os Novos Emigrantes Licenciados" para França, onde ontem participei no Consulado de Paris, pôs em evidencia aquela forma de desespero a que os jovens eram atirados em Portugal e, finalmente, como eram, aqui em França, reconhecidos e respeitados!
Com os meus cinquenta anos de emigração, durante os quais muitas vezes testemunhei iniquidade em relação aos imigrantes, ouvir que os nossos jovens diplomados se sentiam respeitados aqui em França, por entre as injustiças que não deixavam de sentir, dá-nos a dimensão, sem lupa, do real desprezo a que foram votados ao fim dos seus estudos...
José Barros

mbs disse...

concordo plenamente com as suas palavras.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...