Desde que cheguei a Paris, contestei sempre, aberta e publicamente, o facto da residência em que, maioritariamente, se acolhem os estudantes portugueses na cidade universitária ter deixado de ser referida como "Maison du Portugal", passando a ser designada apenas por "Residência André de Gouveia", uma importante personalidade da história da cultura portuguesa, de há cinco séculos, mas cujo nome não diz rigorosamente nada a 99,9% das pessoas que o ouvem. E, em particular, uma figura que apenas alguns especialistas estrangeiros identificam como ligado a Portugal.
A "Maison du Portugal" tem fortes tradições históricas na memória portuguesa em Paris e fiz ponto de honra tentar inverter a situação que aqui encontrei. A qual era tanto mais estranha quanto, pouco antes da minha chegada, sob o impulso do meu antecessor, a comunidade empresarial portuguesa em Paris havia-se mobilizado financeiramente para renovar radicalmente a residência, aumentando-a e tornando-a mais confortável. Tinha algum sentido, depois desse esforço, que vai aliás continuar, que a casa perdesse o caráter português?
Durante estes quatro anos, em "démarches" pessoais feitas perante as autoridades da Cité Universitaire de Paris e junto da Fundação Calouste Gulbenkian, em sessões públicas e em documentos e correspondência oficiais, lutei para que o nome "Maison du Portugal" fosse inscrito formalmente na designação oficial daquela residência, a qual, aliás, as placas de sinalização interna da Cité já reduziram à "esclarecedora" sigla RAG...
Na passada semana, fiquei muito satisfeito ao ser informado que esta "luta" acabou por valer a pena: na reunião do conselho de administração, com a anuência da direção da Cité, foi decidido que a residência passará a designar-se "Maison du Portugal - André de Gouveia". Aqui fica o meu agradecimento e os meus parabéns à diretora da casa, professora Ana Paixão, bem como ao dr. Artur Santos Silva, presidente da Fundação Calouste Gulbenkian. Com a cumplicidade de ambos, pudemos ter sucesso neste objetivo. A teimosia compensou...
8 comentários:
diria que 99,99% dos portugueses e franceses, menos de 1 em 100 mil, não saberão quem é andré gouveia. bem, assim, regressa a maison identificadora e contentam-se os andregoveianos e os maisonianos.
tenho uma ideia desse nome, talvez um humanista, vou ver por curiosidade que obra fez e se viveu em paris, fiquei curioso, não tanto da obra, mas das suas pelos vistos fortes raizes luso-parisiences.
optimo que a sua tenacidade tenha resultado e melhor ainda antes de sair de paris.
A Residencia André Gouveia sempre ficou mais conhecida por "Casa de Portugal".
Há muitos e muitos anos que frequento sessões culturais realizadas naquele espaço e nunca pronunciei outro nome.
Quando se fala daquele espaço, o termo que se impõe é sempre: "Casa de Portugal". Mesmo quando os panfletos para o evento anunciavam Residencia André Gouveia, acrescentavamos sempre: é na Casa de Portugal. Há reflexos que ficam.
José Barros
Boa,sim Senhor.
Caro José Barros: a mim, confesso, interessa-me essencialmente o reconhecimento da casa como "portuguesa" pelos estrangeiros. Os portugueses estavam "adquiridos", eu sei.
Boa Sr. Embaixador
fico feliz por que essa sua teimosia ter tido o resultado desejado!
bom domingo
Angela
A perseverança, a inteligência e o sentido prático deram os seus frutos!
A nova designação vem repor o nome mais óbvio, ao mesmo tempo que recorda o grande humanista e o seu papel na universidade parisiense!
O termo desta longa "luta" não poderia ter melhor timing. PARABENS por mais este notável sucesso!
Gilberto Ferraz
As "lutas" acabam sem-pre por valer a pena. É preciso é acreditarmos que sao possíveis até atingirmos o "Happy end".
E ainda bem que o nome de André de Gouveia permaneceu em "sub-titulo" também não podemos ferir a susceptibilidade de 00,01% dos portugueses :)
Agora :
"Tudo esta no seu lugar,
graças Deus, graças a Deus..."
Como diria Benito Di Paula
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