terça-feira, janeiro 15, 2013

Salazar e Garnier

Há dias, encontrei na biblioteca da embaixada um livro com uma dedicatória de Christine Garnier, dedicado ao embaixador Marcello Mathias. 

Christine Garnier, como é sabido, era uma jornalista francesa que terá tido um "affaire" com Oliveira Salazar, ao tempo que sobre ele escreveu um livro apologético, intitulado "Vacances avec Salazar". As versões sobre a dimensão desse envolvimento romântico do ditador são diversas, mas o livro que Marcello Mathias publicou, onde insere parte da sua correspondência com Salazar, dá-nos muito mais pistas que certas versões romanceadas que entretanto apareceram. 

Do trabalho que Christine Garnier elaborou sobre Salazar constam algumas belas fotografias em que ambos figuram, uma das quais reproduzo acima. A curiosidade é que delas é autor Rosa Casaco, um sinistro agente da polícia política, que chefiou a brigada responsável pelo assassinato de Humberto Delgado, em Villanueva del Fresno. A boa arte de Casaco ia, assim, da fotografia à mais sórdida criminalidade política.

Porque refiro isto, aqui e agora? Porque, há minutos, numa livraria, deparei com um livro sobre alguns ditadores e as suas amantes. E, devo dizê-lo, ao folhear o índice, senti uma certa "pena" por nele nada encontrar sobre os amores de Salazar com a bela jornalista francesa. É muito curioso ter este tipo de reação, algo "nacionalista", como que a protestar intimamente: então os ditadores dos outros têm direito a uma descrição e os "nossos" não?

22 comentários:

Anónimo disse...

Um dia contactei (para O Jornal, grande jornal, a C. Garnier). Pediu-me dinheiro para falar sobre o Salazar, até me escreveu uma carta - na altura não havia mails nem sms.... O Jornal não tinha dinheiro para isso (o José Silva Pinto, o José Carlos Vasconcelos e o Carlos Càceres Monteiro (este grande amigo 'jà foi'..) sabem disso...

Alcipe disse...

E porque será que o Embaixador Marcello Mathias não levou o livro com ele para Portugal?

Anónimo disse...

Anos atrás comprei um livro do Nigel Cawthorne sobre temática semelhante, e dei por mim também à procura do representante luso. Num misto de voyeurismo e nacionalismo bacoco, confesso, senti pena.

N371111

Anónimo disse...

O primeiro comentàrio é de Daniel Ribeiro, e ja agora acrescento também o nome do Beça Mùrias, com acento errado, tb jà morreu, era amigo...

Anónimo disse...

Sr. Embaixador.

Verifico que continua nos últimos tempos a divulgar Salazar.

Aliás não se fala de mais nada em Portugal.

Será que está para breve algum casting de "salazares"?

ARD disse...

Assalta-me a mesma surpresa que Alcipe manifesta.
E será que o Embaixador Leonardo Mathias, quando esteve na Embaixada, encontrou o livro?

Helena Oneto disse...

Ha grandes ditadores e pequenos ditadores. O "nosso" so foi "grande" para os portugueses. Malgré l'"empire" colonial, Portugal foi e é um pequeno pais que deixou de fazer Historia desde o fim dos descobrimentos.

Anónimo disse...

Mas haveria o inconveniente de torná-lo mais simpático.Tanto mais que se ouvia muitas vezes dizer que o homem não conseguia ter namoradas!
José Barros

Anónimo disse...

Uma série seria ainda mais estimulante: as amantes dos ditadores, dos socialistas, dos democratas cristãos, dos sociais-democratas, etc… para, eventualmente, podermos concluir que não há um bom politico sem uma (boa) amante!... e não seria coisa de outro mundo que a mesma amante fosse protagonista no livro dos ditadores e no dos democratas.
Fora do palco politico temos visto, que os políticos, se entendem bem em muitos “escritórios”. Porque não neste assunto tão “banal”.
Depois, gostar das mulheres e do bom vinho é sinal frequente de boa pessoa. Um ditador que goste das mulheres, muito dificilmente gostará do bom vinho. Por isso o livro só dos ditadores será pouco interessante…

Alcipe disse...

Faz-me notar a Didas e pede-me que te transmita que o primeiro volume de "Femmes de Dictateurs" (já publicado em édition de poche) traz um longo capítulo sobre as aventuras amorosas de Salazar.

Helena Sacadura Cabral disse...

Ai! meu caro amigo, que a
refundação do seu blogue trouxe, subitamente, matéria bem mais excitante que o Relatório do FMI.
O que eu ri com este post, só a pensar nos encantos escondidos de Salazar que uma francesa janota e sabida teria conseguido descobrir.
Acredito que C. Garnier, tipicamente francesa, soubesse muito mais do que D. Maria, desta gastronomia do sexo.
Por isso tenho, de facto, muita dificuldade em ver Salazar como um amante pujante, capaz de satisfazer uma jovem no apogeu das hormonas.
Hum! Hum! E o tempo que levaria a descalçar aqueles botins?!
Compreendo bem, creia, a escassez de referências à vida amorosa do nosso antigo PCM...

patricio branco disse...

correcta, compreensivel a reacção ao ver que salazar (= portugal)não tem direito a figurar no livro das amantes de ditadores.
por mim, penso que foi uma paixão platónica, não passou daí, por parte de salazar.
de parte da christine não sei, talvez a sedução fosse a maneira de entrar na intimidade de salazar e assim ter material para o livro. ou talvez tivesse ficado decepcionada por o homem não ter ido mais longe.
ao que dizem, a verdadeira aventura de salazar foi com a sua governanta maria e aí sim, teria havido consumação e frutos. diz-se, corria.
algum dia saberemos mais?
boa fotografia a do pide, vê se que o ditador tinha confiança no esbirro a ponto de o meter na sua intimidade...
e terá algum interesse (literário, revelador) o livro das vacances com salazar?

patricio branco disse...

na verdade salazar foi um ditador de 3a, somos pequenos tambem nisso...

gherkin disse...


E os harens dos ditadores muçulmanos? Não houve lugar para eles. Enorme falta!
Abraço do,
Gilberto Ferraz

Anónimo disse...

De facto, o primeiro volume do livro de Ducret contém um capitulo sobre "os amores de Salazar".
mas este capitulo foi largamente inspirado (para nao dizer plagiado) no livro de Felicia Cabrita.

Mais dado sobre o "caso" aqui :
http://malomil.blogspot.com.es/2011/12/french-kiss-5.html

http://malomil.blogspot.com.es/2011/12/blog-post.html
Victor Pereira

Julia Macias-Valet disse...

Christine Garnier, Christine Garnier ....

de seu verdaeiro nome :

RAYMONDE GERMAINE CAZAN !

Nasceu em 1915 no Pas-de-Calais e morreu em 1987 em Auvers-sur-Oise

Anónimo disse...

raimunda?

fica bem com salazar...

raimunda salazar...


olha que rica prenda!!

Anónimo disse...

Quer dizer que a Felicia Cabrita foi contemporânea da Christine Garnier?

a) Feliciano da Mata

Helena Sacadura Cabral disse...

Ó Feliciano, então isso faz-se? A biógrafa está fresca e recomenda-se.
E a CG se fosse viva estaria com 98 anos...

Helena Sacadura Cabral disse...

Alcipe esqueci-me de lhe dizer que esta Kareen Blixen, ao pé da outra, não lhe chega nem aos calcanhos. Penso eu de que...

Isabel Seixas disse...

De qualquer forma a Sra. ostenta um ar arrojado, espero bem que o tenha feito sofrer.

Unknown disse...

Só vejo aqui na maioria "anónimos"... Eheheheheh GRANDES homens!!!

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...