Há alguns dias, num quiosque de aeroporto, deparei-me com o último número da "Newsweek" em papel. Ao lado, estava a sua eterna concorrente, a "Time", com uma foto soberba do Obama na capa. Comprei e passei uma rápida vista de olhos pelas duas. "For the sake of old times".
Terá sido no final dos anos 60 que comecei a ler, de forma intermitente, estas duas revistas americanas. Recordo-me que, por essa altura, com algumas semanas de atraso, elas eram disponibilizadas gratuitamente no Centro cultural americano, na avenida Duque de Loulé, onde eu frequentava um curso de inglês.
Com o tempo, tornei-me assinante da "Time", talvez (confesso) porque era tida por mais "liberal" que a "Newsweek" - no sentido americano e não europeu do termo, isto é, mais "democrática" e menos "republicana". Depois, por necessidade de informação, passei a assinar as duas. Lia-as muito na Noruega, em Angola e em Portugal, na década de 80. Fiz entretanto uma longa pausa. Durante os meus mais de quatro anos em Londres, lia o "The Spectator", "The New Statesman" e o "Private Eye" (além, claro, dos diários "The Times" e "The Evening Standard" e dos semanários "The Observer" e "The Sunday Times"). E, para o futuro, em matéria de revistas anglo-saxónicas, fixei-me, definitivamente, no "The Economist", este sim, bem "liberal", mas já no sentido europeu (isto é, direita liberal). A sua escrita, porém, seduzia-me, como hoje ainda me seduz, o que me leva à situação bizarra de continuar a ser assinante de uma publicação em cuja linha doutrinária estou muito longe de me rever. É que convém que fique bem claro: não sou liberal (na aceção europeia), muito longe disso!
Com alguma regularidade, só voltei a ler a "Newsweek" (tal como a "Time"), no pouco tempo em que vivi em Nova Iorque. Depois, mantive a assinatura da revista (muito barata) durante a minha estada em Viena, mas sempre foi, claramente, uma leitura secundária. Desde então, vai para uma década, apenas a encontrava nos aviões e nas salas de espera. Folheava-a, lia um ou outro artigo, nada mais. Não sei bem porquê, a sua consulta regular (bem como a da "Time") deixou de me interessar, talvez por alguma excessiva "leveza" na abordagem dos temas, ou talvez por uma leitura excessivamente americana das coisas, para o meu gosto.
O mundo deixa agora de ter a "Newsweek" em formato de papel. Com o meu regresso a Lisboa, daqui a duas semanas, será que vou ter tempo e apetência para ler a "Time"? Duvido. Da imprensa americana contemporânea, e não podendo dar-me ao luxo do excelente "New Yorker", resta-me sempre o "The Herald Tribune", hoje um "genérico" para consumo internacional do "The New York Times", perdidas que foram as excelentes colaborações do "The Washington Post" e, já antes, do "Los Angeles Times".
Porém, para um "angustiado" da informação como eu continuo a ser, nem um dia de 72 horas chegaria para ler tudo quanto potencialmente me interessa. A prova provada é a pilha de papelada que tenho aqui ao lado: "Financial Times", "Le Figaro", "Libération", "Le Parisien", "Le Monde", "Les Échos", "L'Express", "Le Point", "Marianne", "Le Nouvel Observateur", "Challenges", "Le Canard Enchainé" e os portugueses "Expresso", "Sol" (ambos da semana passada, para acabar de ler), a "Visão" e a "Sábado" (de ontem) e, claro, o "The Economist", que acaba de chegar. Assim não dá! Para a semana, por mala diplomática, lá chegarão "A Voz de Trás-os-Montes", o "Notícias de Vila Real" e o vianense "A Aurora do Lima". Ao pé de tudo isto, que falta faz a "Newsweek"?
10 comentários:
se acabou em papel, pois muito bem, nunca a li, não por razões ideológicas, mas pela superficialidade do conteudo, tipo reader's digest embora com outros temas.Igual para a time. folheio o economist e compro ocasionalmente se algo me interessa verdadeiramente, talvez 6 números ano.
assino 4 revistas mensais ou quinzenais que leio durante horas e a elas volto, mas de outro tipo. e mesmo assim poucas.
o ultimo numero da nw pode valorizar-se, é guardá la, mas não muito (a valorização).
"...será que vou ter tempo e apetência para ler a "Time"?"
Pois é, andar de Mota sempre será mais complicado do que andar de carro ou de avião...
Um abraço
Admira-me que não leia o "Le Canard Enchaîné", o unico que "dérange vraiment" todos os outros que menciona , assim como "les politiques en place" ! e é lido nas bancadas da Assembleia Nacional , mesmo durante as sessões de perguntas e respostas ao governo!
Mea culpa : o "Canard " estava la lista! Também me admirava ... Peço desculpa.
E já agora acrescentar o Jornal do Fundão...
Bem, apesar de algumas manifestações claras e confessas, de ser newsaholic ainda não há indicadores para constatação óbvia de sindrome de abstinência...
Ah ,já agora falta a voz de Chaves...(Sinceramente!!!)
E o Comércio do Funchal...
Sr. Embaixador,
Pareçe-me injusto o seu post sobre a NW. Assino há mais de 31 anos, ( desde os 17) e foi muito mportante para melhor perceber o que se foi passando nestas vertiginosas décadas. Uma leitura desempoeirada dos grandes acontecimentos como a decada de 80 na America Latina, a Queda do Muro, A China , o surgimento dos Tigres Asiáticos,, as Eleições Americanas, O 9/11, a Comunidade Europeia, o colapso da Crise Financeira, etc; com comentadadoes tão diferentes como o George F. Will e o Robert Reich, a que acrescento a sua ligação umbilical ao Washington Post.
Vou continuar a ler, apesar de nos últimos anos ter passado por alterações editoriais que considero menos estimulantes. melhores cumprimentos e votos de um bom ano de escrita em 2013.
Antonio Pinheiro
E a NYRB ? E até, pace Murdoch,o TLS?
Verás, surpreendentemente, que cada vez ainda menos tempo...
Ex vizinho
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