quinta-feira, janeiro 03, 2013

António Dornelas (1952 - 2013)

E, desta vez. foi-se o António Dornelas. Sabíamos da sua doença mas acreditávamos na sua vontade.

Em Portugal, vi muito poucas pessoas tão empenhadas como ele em encontrar um justo equilíbrio que permitisse compatibilizar a preservação dos direitos legítimos dos trabalhadores com a necessidade de conferir ao mercado de trabalho uma margem de flexibilidade que pudesse ter um efeito positivo na competitividade do tecido económico do país. Tributário assumido de uma escola sindical marcada por um histórico de abusos patronais, vi como o António soube percorrer, entre o tempo de Belém e o de S. Bento, bem como naquilo que dele emanava da universidade, um percurso honestíssimo de quem pensa sempre o bem público como fator essencial de uma ordem social responsável. Mas sempre democraticamente aceitável.

Morreu um homem de uma profunda e esclarecida coerência. E com um sorriso do tamanho do mundo que sempre deixava aos amigos. 

4 comentários:

São disse...

Que terrível começo de ano...

Marques Júnior e António Dornelas:paz às suas almas!!

Para o senhor, um 2013 bem melhor do que aquele que se prevê.

Julia Macias-Valet disse...

Caríssimo senhor embaixador, recebi a noticia do falecimento de Antonio Dornelas pela minha mae quando cheguei, hoje, a Paris ao fim do dia.

A minha familia deslocou-se esta tarde do Alentejo para Lisboa para estar junto da familia Dornelas com a qual nos unem laços familiares.

Deixo aqui o meu pesar a sua mae, aos seus irmaos e restante família.

Obrigada por este bonito post. Bem haja.

Anónimo disse...

Obrigada pelas suas palavras. Como tomei conhecimento da notícia pelo seu blog ficou mais aconchegada a pena pela perca do Dornelas, e, porque tenho mais um ano de idade do que ele...

Anónimo disse...

Das pessoas decentes que conheci. Discreto, mas o suficiente para se reconhecer de imediato a lhaneza, a integridade e a correcção. Estas pessoas fazem-nos cá falta num mundo onde cada vez mais se conspira e menos se respira.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...