quinta-feira, dezembro 29, 2011

Direitos humanos

O ministério dos Negócios Estrangeiros russo publicou, pela primeira vez, um relatório sobre o cumprimento dos direitos humanos no mundo. 

Nesse texto, Portugal é criticado por não ter transposto uma diretiva comunitária sobre direito de livre circulação e residência. A diplomacia russa considera também que 24% dos brasileiros são discriminados em Portugal.

Abre imensas e legítimas expectativas o facto de Moscovo manifestar a sua preocupação com o tema dos direitos humanos.

8 comentários:

Anónimo disse...

Os russos, clahando, referiam-se a isto:
Afinal foi só trocar a mala de cartão pela mochila - por JOÃO PAULO GUERRA, NO DIÁRIO ECONÓMICO.

"E este será porventura o mais dramático e significativo balanço do ano: um em cada 100 portugueses teve e agarrou a oportunidade de deixar Portugal e procurar lá fora o que seu País não lhe dá. Estes 100 mil não esperaram que ninguém reconhecesse a incapacidade da política atual em proporcionar dignidade de vida aos portugueses e os aconselhasse ou exortasse a saírem. Foram pelo seu pé e muitos outros o fariam se encontrassem uma porta de saída.

Entretanto, esta questão das sugestões a setores da população portuguesa para que emigrem tem vindo a ser desviada para demagogias laterais que procuram escamotear o essencial. E o essencial é que esta espécie de democracia está a dar aos portugueses tão poucas saídas para a vida como os tempos mais plúmbeos da ditadura. As diferenças são meramente formais - emigrar agora com papéis ou outrora a salto, hoje para bairros de alvenaria ou ontem para os bidonville. De resto, antes para fugir à guerra colonial e à miséria, depois para fugir à pobreza forçada e à desigualdade, do que se trata igualmente é de procurar um lugar para viver o presente e encarar o futuro que o país natal lhes recusa. E o país é Portugal ocupado e debilitado, sem outro rumo que não seja a sorte madrasta para os seus naturais.

Os emigrantes têm em várias épocas da história ajudado a construir o País. Mas ninguém deixa a sua terra e os seus por gosto. A miséria das políticas e as políticas de miséria é que forçam o destino da diáspora. No momento atual, a cavalgada do empobrecimento, do desemprego, da perda de direitos é que empurra milhares de portugueses lá para fora. Houve quem pensasse que nunca mais aconteceria. Afinal foi só trocar a mala de cartão pela mochila" .

Helena Sacadura Cabral disse...

Caro Anónimo das 12:47
Com uma agravante suplementar. É que hoje sai mão de obra altamente qualificada e entra outra com bem menores qualificações.

Anónimo disse...

Porque embirra connosco?
a) Felix Djerjinski

Anónimo disse...

Que tem contra os russos?

a) Irmãos Karamazov

Anónimo disse...

Emigrantes: Comentário ao comentário da dra. Helena Sacadura Cabral: anda enganada, sai de tudo de Portugal, gente qualificada e não, como sempre saiu. E não entra apenas gente desqualificada - veja o caso dos "dentistas brasileiros", quando os portugueses pensavam que eram ricos e que "racistavam" contra os brasileiros, engenheiros e médicos ucranianos, etc. Hoje, o grosso da emigração continua a ser os pobres, minha senhora. Simplesmente dà mais jeito falar na emigração dos "qualificados" do que ir vê-los, aos pobres, a dormir onde calha, nos pàtios e corredores dos apartamentos e casas dos nossos emigrantes mais antigos, que eram todos muito qualificados, como se sabe... Que estranho país o nosso sem memória que nem ao espelho se consegue ver... e não quer perceber estas coisas de e/imigração e deixar-se de racismos e de novo-riquismos do género: "agora somos um país de imigrantes"... Os portugueses, quando pensavam que eram ricos, ainda não foi há muito tempo!, também ficaram com o tique racista anti-imigrante, esquecendo-se que se há um pais na Europa que envia emigrantes desgraçados para todo o lado, de forma continuada desde há mais de meio século, é precisamente um que se chama, Portugal... Os pobres também saiem de Portugal e se saiem! Agora emigram com familias inteiras, velhos e crianças... é uma desgraça, meu Deus! E ainda bem que saiem, claro, para fugir a quê? - à miséria, claro!
Anónimo das 12:47

Anónimo disse...

Ora cá temos o Frei Tomás...

Anónimo disse...

Caro Francisco,

a propósito de Rússia, Portugal e direitos humanos, lembrei-me de te presentear com um parecer da censura salazarista (que encontrei ontem) sobre o livro "Os Irmãos Karamazov", cuja publicação no nosso país foi proibida em Janeiro de 1946, há 65 anos. Eis a pérola, assinada por um capitão de Infantaria:

"Autor: Dostoiewsky.
Editor: Inquérito.
Título: Os Irmãos Karamazoff.

Como todos os livros deste autor, é um romance de forte intenção social. Não se ignora que Dostoiewsky, apesar do seu misticismo e fervor religioso, foi um dos deformadores da consciência do povo russo na preparação do bolchevismo. O romance e o autor são bastante conhecidos entre as classes mais cultas do nosso país para ser desnecessária a sua tradução. As classes menos cultas julgo não tirarem qualquer vantagem da sua leitura. Como a tradução deste romance implica a sua divulgação, entendo ser o mesmo de proibir.
(a) Luiz Deslandes, capitão."

Sobre este parecer, o major B. Coelho apôs o despacho proibitório: "Não autorizado".

Era preciso impedir esses malandros dos irmãos Karamazoff de virem ameaçar a virgindade das Pupilas do Senhor Reitor!

Os ignorantíssimos censores apenas conseguiram adiar por dois anos a tradução portuguesa do livro, cuja edição brasileira, aliás, já por aí andava em 1944.

Epílogo: em 2005 o nosso antigo colega de liceu de Vila Real Filipe Guerra e a sua mulher Nina traduziram pela primeira vez "Os Irmãos Karamazov" directamente do russo. Outro colega nosso, Carlos Leite, foi o segundo português a traduzir obras literárias directamnente do russo - quatro livros de Nabokov e um de Brodsky.

Um abraço
Zé B

Helena Sacadura Cabral disse...

Vejo que o Anónimo das 12:47 conhece muito bem o problema da emigração.
Infelizmente não é preciso sair para ir ver os sem abrigo dormir ao relento pelo nosso país fora. Para amostra basta ir ao Rossio, para só usar um exemplo fino.
Quanto aos "racismos e novo riquismos", vejo que sabe muito mais do que eu!

Obrigado, António

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