A Assembleia Nacional francesa aprovou ontem a criminalização do "negacionismo" de todos os genocídios, isto é, o seu não reconhecimento ou desvalorização no discurso público e mediático. O que estava imediatamente em causa era o reconhecimento do alegado genocídio da população arménia pelos turcos, entre 1915 e 1917, tema altamente sensível em Ancara, que reagiu com esperado desagrado.
Sobre o tema do "negacionismo", há duas posições opostas.
Há quem considere, à luz dos trágicos extermínios nazis, que não se pode deixar morrer a memória às mãos de uma dolosa contestação de factos incontroversos, que representam crimes contra a humanidade, para os quais é imperioso manter alerta a consciência das gerações seguintes.
Outros entendem que não é pelo direito que se corrige a perceção da História e que a negação pública de uma evidência se combate pelo esclarecimento e pela demonstração de uma verdade que, sendo-o, deve ser suficientemente sólida para enfrentar o seu contraditório público.
18 comentários:
O problema é que uma proibição vem logo mostrar que fica a faltar qualquer outra...
E porque não proibir a intolerância religiosa presente nos livros - ditos -, sagrados?
Impede-se o negacionismo mas permite-se a defesa da "sharia" e a diabolização de pessoas e populações por causa das suas (não) crenças religiosas?
Mas o problema é que houve infelizmente muitos genocídios ao longo da história. Porquê criminalizar a negação de uns e não criminalizar a negação de outros? O que é que torna elegível para criminalização a negação de um genocídio específico? Acho que esta criminalização é um namoro aos votos dos descendentes de arménios em França e um acto hostil à Turquia.
Muito bem Sr Embaixador !
Há poucos dias a Zita Seabra dizia que não percebia a excitação de os jovens andarem com a imagem de Che guevara na camisa, quando Che Guevara foi um criminoso de guerra e ordenou a matança de milhares de cubanos, dixit!!!
Se formos a ver, temos muita coisa que criminalizar: A matança de todos os indios da America Latina, por parte dos invasores europeus !
A matança dos indus em Goa, quando São Francisco Xavier, implementou pela primeira vez a inquisição! Se o Sr embaixador visse os equipamentos que eram usados para esquartejar as pessoas que não deixassem de adorar o induismo, ficaria mal disposto de certeza!
Sabe porquê que os Goenses não têm qualquer nome indiano ???
E já agora a inquisição em Portugal e Espanha , não matou ninguém ????
Este tema visto de vários prismas dá pano para mangas !!!Vamos ficar por aqui senão começo a cheirar carne ensanguentada !
OGman
Caro OGman: não lhe acontece, uma dia que seja na vida, acordar bem disposto, com espírito positivo, sem ancores ódios de estimação? Bom Natal e um ano novo a sorrir para os outros, é o que lhe desejo.
Os índios da América Latina não foram todos mortos pelos invasores europeus. Aliás, deve ser mais difícil encontrar um índio nos EUA do que na América Latina onde ainda existem nações inteiras compostas por índios. Até na Argentina eles são em imenso número.
De repente, ocorreu-me que talvez pudéssemos proibir a historiografia histérica e extremista que andou (e anda) a difundir ideias como estas do genocídio dos "bons selvagens" (uma boa parte deles canibais e eternamente em guerra uns com os outros) por parte dos odiosos europeus ibéricos...
Enfim... se eu pudesse pedir essa prendinha no sapato.
A velha senhora diz que não vai em natais mas tem destas coisas:
abjuro vade retro satanás
será que ele afinal não é má rês
será de ser natal que mal não faz
que já tanto me faz quanto me fez
nem sei que se passou tempos atrás
mas porra eu estou de acordo desta vez
e juro não bebi hoje nem pinga
com esse bem cheiroso do catinga.
E quem vinga o Rapto das Sabinas?
E quem pede desculpa pelo assassinato de Viriato?
E as barbaridades dos bárbaros?
E o vandalismo dos Vândalos?
E os massacres cometidos por Gengis Khan e Tamerlão?
Ah, ferve-me o sangue de indignação!...
E a História cheira-me a papel rasgado...
a) Funes, o memorioso
Entretanto, a Turquia já chamou a atenção da França para o que se passou na Argélia. Mas, seria mesmo preciso? Não bastaria perguntar à França porque razão mantém como seu herói máximo nacional um megalómano responsável por levar a guerra à Europa toda, de Portugal à Rússia?
Em jeito de história alternativa, poderíamos imaginar os nossos netos visitando o túmulo do tio Adolfo, em Berlim, caso os Nazis não se tivessem virado para os judeus?
E que tal se o dinheiro das entradas para ver o corso servissem para apoiar as organizações que lutam pelos direitos humanos?
Não será isto uma maneira de tentar arredar definitivamente a Turquia de quaisquer pretensões à UE, não comprometendo a "Europa" (e, também, não dando cavaco - salvo seja -, aos parceiros da união)?
Caro Embaixador,
Nada do que escrevo tem a haver com a disposiçaão com que acordo de manhã, antes porém , tem a haver com a história e com a realidade!
Como já escrevi aqui , perante o prazer da ilusão, nenhuma realidade vinga! Eu fico mal disposto perante ilusões ao contrário da maioria ,suponho !
Ser positivo e ter espirito positivo , para mim não é só imaginar coisas boas. Para mim ser positivo é contornar as coisas más! Como é que o Sr embaixador pode ser positivo desconhecendo ou ignorando as coisas más e negativas ! O que pode é ter uma ilusão de positividade mas isso não é ser positivo !
Eu não sou os meus sentimentos. Nem os meus sentimentos sou eu !
Eu não consigo fazer nenhum juizo correcto da sua pessoa pelos sentimentos e pelas histórias que conta no Blog. O que consigo alcançar é que é um "gajo" porreiro e que gosta de comunicar o resto não consigo atingir nem o pretendo fazer. No entanto a nossa sociedade é educada e instigada a fazê-lo, todos os dias a todas as horas ! E isso é uma ilusão !
Se eu agarrar uma caneta, por isso não me transformo numa caneta ! Se eu escrever sobre facadas não me transformo numa faca e assim sucessivamente.Por estas razões quero deixá-lo descansado relativamente ao meu sentido positivo pelas razões que apontei e desejar-lhe umas boas festas .
Ogman
Senhor Embaixador
A História e a justiça fazem com que lhe deseje um aconchegado Natal, cheio de mimos e doçuras. Afinal não serão os afectos, o que mais conta na nossa vida?
A velha senhora, que elaborou a 'rimalhice' anterior quando apenas os dois primeiros comentários estavam publicados, vem-me agora, afita, com esta espécie de desmentido:
retiro o que disse
catinga afinal
diz muita tolice
não sabe parar
não lhe quero mal
mas vou tomar ar
lá fora é natal.
Diz o artigo que o ordenamento juridico criminaliza todos! Todos os genocidios! ao longo da historia e futuros por consequencia, Não é nem nunca foi intenção do direito moldar a percepção da História, visa antes o ordenamento social, do mesmo modo que ja prevê o respeito á memoria dos mortos, prevê agora a penalização da negação de meios de prova sobre um crime de enormes proporções, cujo "branqueamento" poderá não apenas ofender a memoria dos mortos como destruir a identidade de um povo ou cultura, a iniciativa parece-me interessante e justa, do mesmo modo que o ordenamento juridico ja criminaliza os insultos ou as manifestações xenofodas, infelizmente enquanto os homens não nescerem "com asas" o ordenamento juridico é um mal necessario. Acto hostil á Turquia? uma decisão juridica tomada em territorio Francês e apenas valida nesse territorio? o contrario não seria a submissão da França ás ideias da Turquia?
Bruno
Cara Dra. Helena Sacadura Cabral: agradeço-lhe a nota amiga. Será o Natal possível, com espírito positivo.O mesmo lhe desejo, com grande sinceridade.
Caro Catinga,
A maioria das pessoas não sabe, que os índios da América do Sul pereceram em grande número, muito mais do que pelas força das armas dos colonizadores, devido a bactérias e vírus, aos quais os europeus eram imunes e eles não, pelo simples facto de serem doenças "novas" nessas paragens. Ora como os ingleses e depois americanos, cometeram genocídio, aquilo no que eles são peritos seja pela força das armas, seja pela fome, criaram um "jogo de espelhos" chamado Hollywood. Mas os portugueses e espanhóis, não têm Hollywood, para darem a perceber ao resto do mundo, quem são os maus da fita. Não têm filmes de índios e cowboys. Não têm filmes que condenam os colonizadores americanos como carrascos.
É a lei do mais forte e daquele que pela força, reescreve a História... esses são ou serão sempre os vencedores. É injusto, mas foi e será sempre assim. ´Por isso, é que o Império estende os seus tentáculos há quase três séculos... Usa a arma das ilusões. São os verdadeiros ilusionistas.
Não sei se viu um filme de Mel Gibson... completamente fraudulento. Para ele a peste já lá estava e para piorar, os latinos acabaram com o resto. Basta ver, como disse, o número de indígenas na América do Sul e na América do Norte, onde foram dizimados e confinados como os animais em vias de extinção, a reservas!
Ao Sr. Embaixador e a todos que neste espaço lhe fazem companhia, Um Feliz Natal. Especialmente com saúde, carinho e amizade.
Senhor Embaixador,
Embora a lista de comentários já seja longa permita-me:
- Que lamente, por esta vez, as suas palaras serem apenas as "mots justes". Fiquei a conjecturar o que seria um texto seu onde discorresse mais profundamente sobre o assunto, para além do elegante enunciado que nos deixa e onde o sítio do que pensa, apesar de visível (julgo eu) se deixa apenas entrever.
- Que lhe deseja muito Boas Festas.
Obrigado e cumprimentos
Segundo se diz por aí, os homens são cópias uns dos outros ao longo dos séculos, então continuará a ser assim, por vezes capazes do pior, por vezes capazes do maiores feitos,
não se vislumbra que essas leis possam mudar se estão inseridas no ADN dos humanos,
e é terrível pensar que haverá barbaridades, e que "ainda é fecundo, o ventre da besta imunda" de Brecht.
Depois há o natal onde uma criança inocente representa uma nova esperança
Feliz Natal
Presumo que o Sr. Embaixador pretendia que reflectíssemos sobre as 2 posições que há sobre o "negacionismo".
Por mim defendo a 2ª. A História não se escreve com leis ou regulamentos que, além do mais, são produto da "memória curta" de quem os faz.
Daí que tenha sido com gosto que li aqui chamadas de atenção para a existência de muitos genocídios cuja negação não está nem deixa de estar proibida nos decretos, salvo, penso eu, num ou noutro decreto pontifício.
V
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