quinta-feira, dezembro 15, 2011

Ainda Paulo Coelho



A obra do escritor brasileiro Paulo Coelho, pessoa de quem aqui falei e que vive em Paris grande parte do seu tempo, é vista com algumas reticências, e até sobranceria, por parte de muitos amigos meus do Brasil. Isso não obstante ele integrar já a prestigiada Academia Brasileira de Letras e, a grande distância, ser o autor brasileiro com maior sucesso editorial em todo o mundo.

Sinto, contudo, que essas pessoas ficam desconfortáveis com a ideia de que Paulo Coelho possa ser identificado, pelos estrangeiros, com um escritor representativo da moderna literatura brasileira.

A esses amigos, eu recomendo que tenham uma atitude idêntica àquela que, ao longo da vida, sempre adotei em relação a um grande produto da nossa exportação, que não aprecio, o Mateus Rosé: não consumo mas promovo sempre com o maior empenho, por ser um produto nacional. E até ofereço em casa.

Voltando a Paulo Coelho, recomendo sobretudo que não digam a já clássica mas frágil frase: não li e não gosto.

23 comentários:

Alcipe disse...

A ler o Paulo Coelho
na cama do hospital?
Meu caro, fazes-te velho
e não te curas do mal.

Não é o karma que cura
nem o dharma que adormece:
deixa lá essa cultura,
que o Paulo Coelho esquece...

Helena Sacadura Cabral disse...

Que drama: eu li e não gosto. Se fosse português comprava para oferecer. Como não é...

Pedro Carrer disse...

É com pesar que vejo que tal atitude de nossa gente chegue tão longe. Inocentemente pensava eu que somente aqui, por essas bandas, havia tal comportamento, mas vejo que alhures procede.
Que nosso autor não se sinta ofendido, não é apenas com ele...
Porque será que nenhum brasileiro chegou a um Nobel? Há relação?

Abraços ao sempre tão lúcido Francisco Seixas.

Anónimo disse...

Como disse a Senhora Helena, eu também li - talvez para tentar descobrir o por quê de tanto êxito - e não gostei. Nada mesmo. "Intragável". Péssimo. Não gosto dos temas que aborda mas se ele, pelo menos, escrevesse bem....
talvez até me motivasse ... Continuo sem entender o enorme sucesso deste "escritor" ...
E tantos há por esse mundo fora que tão bem escrevem e continuam desconhecidos ... nem será surpresa se um dia destes lhe pespegarem um Nobel ...
Injustiças, hoje em dia, são normais ...

Julia Macias-Valet disse...

So li o "Alquimista"...e nem sim nem nao antes pelo contrario !
Gostei das ilustraçoes de Moebius e da coincidência de o héroi da historia ter o nome de um dos meus irmaos e ser um pastor berbere ; )

Pssst...!?? Paulo Coelho !? O que o nosso escriba escreveu também nao é caso para praticar o Seppuku : )))

Anónimo disse...

Eu, que sou muito tento a ler, tenho de classificar as prioridades! Devo ter très ou quatro livros de Paulo Coelho, que amigos franceses me ofereceram por ser "literatura portuguesa", que não li.
Percorri algumas páginas mas não li!
E para não misturar a metáfora do vinho com aquela do vocabulário jovem frances: ça me saoûle! Prefiro dizer que são as tais prioridades...
José Barros.

domingos disse...

Li algums das obras do PCoelho e confesso que não me impressionaram. Do ponto de vista financeiro é sem dúvida um caso de sucesso, mas o homem tem direito a ganhar o que lhe pagam. A questão interessante seria saber se esse sucesso não resulta antes das limitações estruturais de uma vastíssima audiência. Quanto à Academia, desde que meteram lá o Pitanguy, um famoso cirurgião plástico a quem as senhoras da alta sociedade tanto devem, está tudo dito.

Tininha.Fina disse...

Bom dia senhor Embaixador
Faz muito que sigo seu blog com interesse, admirando-os a si e seus posts.
Não tenho a literacia nem conhecimentos de seus seguidores, mas faz muito que esperava para ser uma coisa que eles não são - sua admiradora NÚMERO 500!!!!

Podem todos festejar. Eu festejo.

nota - podem ler meu nome - tininha "point" fina

Anónimo disse...

A frase "não li e não gosto" tem uma explicação muito aceitável:Não li porque não gostava de gostar. Acho, por exemplo,que é uma frase muito aceitável para Saramago porque, se se ler, é difícil não gostar! Não sei se Paulo Coelho, que não li e não gosto, terá essa hipótese de sendo lido poder gostar-se!
João Vieira

Julia Macias-Valet disse...

Caro domingo,

Mas o Ivo merece ! : ))

Helena Oneto disse...

Wow! PARABENS ao autor! porque estes 500 são "outros 500"!!!

Helena Oneto disse...

Wow! PARABENS ao autor! porque estes 500 são "outros 500"!!!

Anónimo disse...

O "problema" com os escritores é que queremos, muitas vezes, ver neles algo mais do que alguém que se limita a escrever histórias. E, depois, alguns deixam-se influenciar pela "necessidade" do intelectualismo e espalham-se.

Entre uma coisa e a outra, perdemos a oportunidade de nos divertirmos ao recusarmos a literatura ligeira e eles, ao tentarem ir além das suas naturais capacidades, perdem a oportunidade de escreveram qualquer coisa de jeito.

Também li "O Alquimista" e não me apeteceu ler mais nada do autor. Mas se há quem goste, então, que se divirta muito! (ou medite, ou reflita, ou magique ou sei lá o que é que se espera que as pessoas façam quando confrontadas com "o ser e o espírito"...)

Helena Sacadura Cabral disse...

O senhor Embaixador adora provocar-nos.
Com Paulo Coelho é, já, creio, uma segunda volta.
Diga-nos lá: gosta de ler PC?
Não prefere A Montanha Mágica, ou a Sibila ao Alquimista?
Confesse lá.

Anónimo disse...

PC é P.Castilho? Também não gosto.
Completamente anónimo, não vá o Diabo tecê-las.

Anónimo disse...

O livro "Onze Minutos" é genial. O resto nem sempre.

patricio branco disse...

o mateus rose é um produto bem feito, goste se ou não.
como se diz na entrada, é tambem há decadas um a boa exportação portuguesa. Deve por isso ser bem tratado, elogiado, promovido.
E é agradavel de beber, bem fresco, num bonito copo, num dia de sol, ao ar livre de preferencia, a acompanhar um coqueteil de lagosta ou outros pasapalos. Depois, vantagem não pequena, sai sempre igual a si mesmo, sem alterações de gosto ou de cor.
Pena é a concorrencia com outros vinhos que entretanto apareceram. Mas tambem se soube renovar, a garrafa e o rótulo, o aparecimento dum mateus branco e dum espumante mateus, etc etc.
é o unico vinho português que se encontra sempre em qualquer supermercado do mundo. e tem um primo, o casal garcia, que tambem se encontra quase sempre, tambem adequado para o cocktail de lagosta.
Aqui está o elogio do mateus rose.

Como não li paulo coelho, nao poderei fazer comentarios sobre ele e seus livros, alem de que tambem será bom para o brasil ter tal escritor.

patricio branco disse...

porque não se adiantaram à nespresso os donos do mateus rose a contratar o george clooney para promocionar o mateus rosé? matius rose? what else?

Felipa Monteverde disse...

Tenho uma amiga que aprecia, e muito, Paulo Coelho. E por isso eu já li vários livros dele, pois ela, como sabe que eu gosto de ler, empresta-me quantos livros compra (ela nunca viu a minha biblioteca...). Confesso que gostei muito do Alquimista, o primeiro que li, mas depois não gostei particularmente de nenhum. Comprei Monte Cinco, levada na onda do Alquimista, mas não consegui ler até ao fim.
Os que a minha amiga me empresta leio-os como os alunos lêem os livros que são obrigatórios: a passar as partes chatas, para chegar depressa ao final, pois sei que depois vamos comentar o livro e não quero ofendê-la dizendo que não li nem sequer aprecio. E tenho-me saído bem.
Mas admiro o autor pelo sucesso que tem, acho que é uma pessoa inteligente que soube dar a volta por cima. E isso merece que se lhe dê todo o mérito.

Anónimo disse...

Os livros do Paulo Coelho são tratados alquimistas escritos de forma muito banal mas subrepticia. O Paulo Coelho é iniciado em várias correntes esotéricas e os seus livros espelham aquilo que agora chamam "new age".

Nos livros do Paulo Coelho o que ressalta é o simbolismo da história e não o verbo da escrita.

OGman

Anónimo disse...

Dá Paulo Coelho regado com Mateus Rosé às suas visitas?
Este Senhor Embaixador é um brincalhão ...
V

Anónimo disse...

Ao menos dê-lhes Rita Ferro com jeropiga, Senhor Embaixador. Sempre são ambos produtos nacionais.
V

the revolution of not-yet disse...

Lê-se é um kalil gibran dos fins do século XX muito ao gosto do misticismo nas frases com sentidos ao gosto do leitor dá pra tudo

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