O Portugal Digital, uma interessante plataforma informática luso-brasileira, muito atenta às questões económicas e sociais, dá hoje conta da subida da abstenção entre os votantes, no Brasil, nas recentes eleições legislativas.
Nos últimos anos, correspondendo a um imperativo cívico mas, igualmente, a apelos públicos de várias origens, os consulados portugueses estimulam os cidadãos nacionais, no momento em que fazem a sua inscrição ou praticam actos consulares, a promoverem simultaneamente o seu registo no recenseamento eleitoral.
Os números do recenseamento, se bem que em dimensões geograficamente diferenciadas, mostram bem o êxito desse esforço. Porém, há um outro "lado" desta realidade: muitos desses cidadãos, não obstante terem acedido ao convite para se recensearem, mantêm-se, na prática, completamente alheios à realidade política em Portugal, pelo que, chegado que seja o momento das eleições, ficam alheios a elas e não votam.
Esta é uma importante razão que não pode ser esquecida, ao fazer-se a leitura deste aumento da abstenção. E é também um alerta para a necessidade das forças políticas portuguesas não se lembrarem dos cidadãos nos estrangeiros apenas na ocasião das eleições, importando manter com eles um continuado esforço de informação ao longo do tempo.
Nos últimos anos, correspondendo a um imperativo cívico mas, igualmente, a apelos públicos de várias origens, os consulados portugueses estimulam os cidadãos nacionais, no momento em que fazem a sua inscrição ou praticam actos consulares, a promoverem simultaneamente o seu registo no recenseamento eleitoral.
Os números do recenseamento, se bem que em dimensões geograficamente diferenciadas, mostram bem o êxito desse esforço. Porém, há um outro "lado" desta realidade: muitos desses cidadãos, não obstante terem acedido ao convite para se recensearem, mantêm-se, na prática, completamente alheios à realidade política em Portugal, pelo que, chegado que seja o momento das eleições, ficam alheios a elas e não votam.
Esta é uma importante razão que não pode ser esquecida, ao fazer-se a leitura deste aumento da abstenção. E é também um alerta para a necessidade das forças políticas portuguesas não se lembrarem dos cidadãos nos estrangeiros apenas na ocasião das eleições, importando manter com eles um continuado esforço de informação ao longo do tempo.
9 comentários:
Tendo em vista o número de abstenções (este ano foi particularmente elevado) e dado ser uma situação recorrente de cada vez que se depara um processo eleitoral, talvez fosse tempo de se repensar, na AR, o número de deputados a atribuir aos emigrantes. Se calhar, 2 seriam suficientes: um pela Europa, outro pelo resto do Mundo.
Albano
A Agencia Lusa informa que a abstenção na emigração atingiu 84,75%! Mas os 15,25% que votaram foram calculados sobre o número de inscritos e esta leitura apresenta um número exageradamente elevado! Claro que o número potencial de votantes é muito superior ao de inscritos o que ameniza ainda mais a percentagem dos votantes.
Ouvi dizer que o voto electrónico seria a “única solução” para resolver o problema. Pessoalmente parece-me muito mais complicado e ouso colocar a seguinte questão: Estão ou não os portugueses no estrangeiro votados ao abandono? Seria na resposta a esta questão que poderíamos encontrar um princípio de resposta a este desinteresse dos portugueses pelas políticas direccionadas para a emigração.
Portugal “ofereceu” de bandeja centenas de milhar de portugueses prontinhos a produzirem noutras economias. E a produzirem em todos os sentidos do termo. Até participam para o equilíbrio do défice demográfico da mesma forma como Portugal está a contar com os imigrantes no seu território para continuar a povoá-lo...
Nestas condições, e se não houver politicas que as transformem, até acho que pagar deputados para o estrangeiro é mais um desperdício de dinheiro e que o governo deveria ser + coerente.
Esta é uma questão grave que tem de ser bem estudada e discutida, tantas as implicações que acarreta.
É que Portugal continua a ser fornecedor de emigrantes. Pelas últimas notícias que tive, a proporção apontava par qualquer coisa como para cada quinze que entram, correspondem 100 de saída. E o mais grave é que, agora, a nossa emigração é qualitativamente diferente da que, antes, engordava a economia com as suas remessas. Hoje, estamos a deixar fugir a nossa massa cinzenta. O que nos afecta gravemente!
E não estarão estes portugueses integrados já na comunidade política dos seus países de acolhimento? Porquê então querer forçá-los a uma integração fictícia na comunidade política do seu país de origem? Comunidade nacional e comunidade política não têm forçosamente que coincidir, a cidadania não é monolítica... Não são menos portugueses por se terem inserido plenamente nas cidadanias dos países onde vivem e trabalham!
a) Subversivo
Alcipe lembrou-me uma conversa tida, há dias, em casa do meu querido amigo Nicolau Breyner, onde se discutia a diferença entre cidadania e nacionalidade.
Não sou jurista, mas de facto, "sinto" que há diferença entre os dois conceitos.
É que o jus soli ou o jus sanguini, nem sempre me fazem sentir cidadã dum país. O que me faz cidadã é saber que é ali que eu me sinto integrada, que é ali que está a minha casa, que é ali que me sinto viva.
Estarei errada?
Caríssimo Embaixador,
Para além de outros factores, no que concerne ao Brasil, a realidade foi bem diferente e mais grave.
A votação dos emigrantes no Brasil, nos quais eu me incluo, caíu drasticamente dado que os boletins de votos não chegaram às mãos dos eleitores.
Melhor dizendo: Uns receberam outros não!
No meu caso pessoal, que sempre votei, inclusive no tempo da ditadura, desta vez e pela primeira vez, ainda estou à espera que chegue o meu boletim de voto, tal como outros milhares de eleitores...
Portanto, a abstenção atribuída aos eleitores do Resto do Mundo é falsa, pois uma parte considerável foi impedidos de votar!
Atribue-se esta circunstância ao facto de os Correios brasileiros passarem ou passam ainda por um período de greves, mas diariamente sempre recebi toda a restante correspondência, só o boletim de voto é que nunca chegou às minhas mãos!...
Assim sendo, como é possível uns terem votado e outros não?
Até parece que estamos perante um caso de POLÍCIA!
Notícias postas a circular, ontem, revelaram que os votos do Brasil e da Venezuela não chegaram a entrar na sala de escrutínio e foram antecipadamente jogados no lixo!...
Neste contexto, urge questionar se estas eleições, no que concerne aos eleitores do Resto do Mundo, foram democráticas, sérias e transparentes?
Por outro lado, a "brilhante, inteligente e competente" reestruturação consular, levada a cabo pelo Governo, também teve o seu contributo negativo e decisivo nos resultados apurados!
Quer se queira quer não!
Façam as análises que fizerem, mas esta foi a crua, dura e escandalosa realidade dos factos, cujas permissas são bem diferentes das que foram enunciadas e expendidas ao longo das notícias divulgadas.
A CNE - Comissão Nacional de Eleições, que deve ou deveria ter conhecimento dos factos, já deveria ter tomado uma atitude diferente da que tomou.
Razão pela qual parece estar-se a gerar um movimento em ordem a que a votação do Resto do Mundo seja anulada e repetida.
Em matéria de eleições e votações não pode nem deve haver a menor dúvida e, muito menos, suspeição, mas parece que os factos apontam para aí...
Forte abraço.
Paulo M. A. Martins
Fortaleza (CE) - Brasil
Justamente, Alcipe.
Por isso mesmo, nalguns países existe a regra de que após um período de continuada permanencia no estrangeiro (10 anos), perde-se o direito de voto, dado se considerar igualmente perdido o contacto com a realidade do país.
Duro, eu sei. Não é para nós.
M. Alverca
Eu votei... quer dizer enviei o meu voto, só não sei se chegou ao destino. Uma das formas de eu saber, rastreando pela web, seria enviar o sobrescrito via Sedex, mas convenhamos, cinquenta e tal reais (20 euros) é obra... dá para comprar um quilo de bacalhau e com mais uns trocados também uma garrafita do Dão, já que os prazeres da boca ainda são a melhor forma de matar saudades. Por outro lado... sei que votar é um dever cívico, mas também é verdade que no xadrez político actual quase que já se sabe quem vence as eleições no exterior principalmente no círculo Fora da Europa o que é deveras desmotivante para quem estava habituado a uma certa "luta" (só estou no Brasil há 7 anos) e sendo assim enviei apenas registado... se chegou a Lisboa é que não sei.
Com tanta tecnologia que abunda por aí não haverá forma segura de votar via internet? Afinal fazem-se transferências de dinheiro, por exemplo, e parece-me que seguramente...
Falta de vontade política é o que é. Para além de "abagunçarem" (espero que exista) as coisas (nas Europeias, é presencial, nas legislativas é por correspondência) não se entendem:uns (PS) querem as legislativas em presença e já outros (PSD) não querem, porque há eleitores muito distantes dos consulados. Ora batatas para as "cabeças"!
Não concordo com a opinião de Alcipe, de "jeito nenhum". Por desejar ser parte integrante na vida do meu país, seja ela política ou até futebolística (ainda ontem vibrei com os Tugas), é que não me considero verdadeiramente um emigrante... prefiro dizer que estou de férias ou a trabalho. Como curiosidade digo até que agora leio mais sobre Portugal do que quanto residia na minha Beira, aliás a primeira coisa que faço pela manhã quando me sento à frente da "máquina" é atravessar o oceano.
Saudações transatlânticas
Neves, AJ
(um lusitano por São Paulo)
Esqueci-me de "algo" muito importante, aliás o mais importante na vida de um homem, e que de certo modo justifica também a necessidade que sinto em dar o meu contributo na política do meu país(que na prática pode não resolver nada, mas um homem também tem que alimentar o espírito e sentir-se bem com a consciência). É certo que com os meus 53 anos ainda devo votar pensando na minha pessoa no momento actual, mas o que também é verdade é que devo tentar escolher a melhor das políticas para os mais novos e até para os mais velhos. Para estes porque um dia, se a "máquina" se aguentar, até poderei vir a usufruir dos benefícios de uma boa política social (porque não calçar as pantufas no meu país?) e para os mais novos pela simples razão que tenho um rebento (já bem crescido) que é bem portuguesa e vive em Portugal... esta a mais válida das razões para votar!
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