terça-feira, outubro 06, 2009

Amália

O meu colega embaixador Manuel Maria Carrilho vai apresentar, para o ano, no âmbito da UNESCO, a candidatura do Fado a "património imaterial da humanidade". Trata-se de uma excelente iniciativa e acaba por ser uma justa coincidência com os dez anos que passam, hoje mesmo, sobre a morte de Amália Rodrigues - a qual, não por acaso, é a única mulher cujo túmulo integra o nosso Panteão Nacional.

A França é porventura o país do mundo onde o nome de Amália se mantém, com mais força, identificado à imagem de Portugal, muito graças ao culto e à acção de personalidades francesas que aqui se esforçam por manter bem viva a sua memória - de que o caso mais notável é Jean-Jacques Lafaye -, bem como ao insubstituível lugar que ela continua a ter na afectividade dos nossos compatriotas e dos seus descendentes.

Eu próprio, dou por mim, quando passo pelo "Olympia", a recordar o modo como, em Portugal, íamos sabendo do êxito das passagens de Amália por esse lugar mítico da música francesa. O lugar onde ela começou um dia por cantar isto.

2 comentários:

Fábio Ferreira Durço disse...

Meu Caro Amigo,
Em julho desse ano, na última viagem a Portugal, trouxe ao Brasil vários CDs e DVDs da Amália; belíssimo. Lamento imenso que essa material não esteja disponível, facilmente, desse lado do Atlântico. Precisamos incentivar a divulgação da música portuguesa.
Por conta do ano da França no Brasil, nossas livrarias (mega store) possuem ampla seção dedicada a música e ao cinema francês.
Um cordial abraço.
Fábio ferreira Durço

ié-ié disse...

Com a devida vénia, aqui deixo um desabafo de Rui Pato, viola de José Afonso, quanto a esta candidatura:

Está em fase de conclusão a candidatura do FADO a "património da humanidade". É de toda a justiça que esta tradição musical tão ligada ao povo deste país tenha esta distinção. Muito se deve ao Prof. Vieira Nery, à Prf. Salwa Castelo Branco (ambos distintos professores de Etnomusicologia) e ao esforço de muitas outras entidades, nomeadamente a Câmara Municipal de Lisboa.

Esta candidatura vai obrigar a que se recolham todas as gravações (em fita, em discos de 78rpm, discos analógicos, CD, etc) espalhadas por todo o mundo , que se digitalizem, que seja constituido um arquivo musical, e que se façam trabalhos de investigação sobre o fado e sobre a guitarra portuguesa.

Todavia, assalta-me uma mágoa: é que julgo que toda a tradição do fado estilo coimbrão, será omitida... A isso se deve, não só o tradicional centralismo lisboeta, mas, muito principalmente, a apatia, a falta de iniciativa e de força política da cidade de Coimbra, do seu município e, até da sua Universidade.

Se assim fôr, é uma tremenda injustiça para o fado de Menano, Betencourt, Luis Goes, Zeca Afonso e tantos outros, sendo que os primeiros gravaram fados no estranjeiro logo que surgiram as primeiras gravações.

Para não falar na injustiça que é feita à guitarra portuguesa na variante coimbrã, que desde Artur Paredes, Carlos Paredes, António Portugal, Jorge Tuna, Pinho Brojo, Octávio Sérgio, Francisco Martins e tantos outros, transformaram a guitarra num instrumento digno das salas de concerto!

Rui Pato

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