sábado, fevereiro 14, 2009

Crise?

Como há dias dizia por aqui um comentador televisivo, estará com certeza bem melhor na vida quem perdeu "tudo" numa operação com o especulador Madoff do que um desempregado da Renault.

Ao olhar para os números do leilão das peças de arte da colecção de Pierre Berger e de Yves Saint Laurent, que daí a dias aí vem (o lucro das vendas pode ir até 400 milhões de euros), e cujo catálogo custa uns meros 200 euros, vê-se melhor como há vários mundos neste mundo e que, enquanto alguns estão já definitivamente no zero, para outros a crise será sempre e apenas uma questão de um zero a mais ou a menos.

Este leilão de um verdadeiro museu privado, que o último "Nouvel Observateur" nos descreve e a que muito poucos tiveram acesso - com Picasso, Degas, Klimt, Goya, Gauguin, Ingres, Manet, Seurat, Cézanne e tudo o mais que se possa imaginar) -, terá como compradores garantidos novos nababos russos, casaques e outros mais, que já rondam Paris em jactos privados, à procura das vantagens da globalização do mercado da arte. Daqui a semanas, estas preciosidades espalhar-se-ão por vários países, como que democratizando o seu usufruto (provavelmente, continuando em domínios privados), até que o futuro lhes aplique a velha filosofia redestributiva dos três D das oportunidades no mercado de obras de arte: "death, divorce, debts".

4 comentários:

Anónimo disse...

Um leilão destes numa crise como esta é, mais do que espantoso, pornográfico... Raio de crise.

Anónimo disse...

Parabéns por esta excelente ideia.
Uma das maiores dificuldades que encontrei quando cheguei a França foi a falta de contacto entre a administração Portuguesa em França e a nossa comunidade.

Desejo-lhe muita sorte,e prometo ser mais um leitor assiduo dos seus textos

Anónimo disse...

parece que temos várias crises, a depender da casta,...

Rui M Santos disse...

Na crise e na abundância.....quem paga são sempre os mesmos !
Como diria um amigo meu : " pobre que corre é ladrão, rico que corre é esportista !"
Abração

Rui M Santos

25 de novembro