terça-feira, fevereiro 26, 2019

Equidade

Há dias, participei num exercício de âmbito académico que envolveu pessoas com diferentes responsabilidades empresariais, numa escola universitária de topo no setor. No centro da discussão estava a questão da participação das mulheres em lugares de responsabilidade nas empresas, o “estado” de Portugal nesse contexto e as razões que, entre nós, podem motivar as dificuldades de acelerar uma maior equidade a esse nível. 

A certa altura, o CEO de uma grande empresa deu conta da reação que teve, não há tanto tempo quanto isso, ao ter designado uma mulher para sua chefe de gabinete. Por incrível que pareça, uma atitude de espanto foi expressa por várias pessoas, bem dentro deste século XXI. 

Quando ocupei funções governativas, e já lá vão quase duas décadas, dois dos quatro chefes de gabinete que tive foram mulheres. As presenças femininas no meu gabinete eram tantas que, num determinado período, constatou-se que, além de mim e de dois motoristas, o resto do pessoal, das técnicas ao pessoal administrativo, era todo feminino. Julgo que nenhum membro do governo, em democracia, bateu este “record”. Ao ponto de uma dessas amigas se queixar, um dia: “Fazem falta homens nas nossas salas de trabalho...”

4 comentários:

Anónimo disse...

Só ainda não se vêm mulheres nas obras, nas minas ou na estiva, mas pela equidade das coisas, qualquer dia também se vêm. É assim que deve ser.

Anónimo disse...

Pois eu se bem me lembro no meu gabinete só o CG é que éramos homens
Aliás esta ideia de as mulhereres ganharem menos que os é coisa que que, que eu saiba, não existe no Estado e acho incompreensível
F. Neves

Luís Lavoura disse...

o resto do pessoal, das técnicas ao pessoal administrativo, era todo feminino

Em profissões em que se passa o dia dentro de casa, a mexer em papel e/ou a falar, isso é normal.

Já em profissões em que se passa a maior parte do tempo fora de casa, e a lidar com coisas materiais, é quase tudo homens.

Na construção civil ou na estivagem, é quase tudo homens.

Anónimo disse...

É normal que se vejam mais mulheres (e cada vez mais) em cargos e profissões de topo. As mulheres têm melhor aproveitamento escolar. E ninguém estuda para servente de pedreiro. Não sei porque não há mulheres na construção civil, não é um problema físico, há muitas mulheres em trabalhos que exigem força física - a tradicional “lida da casa” por exemplo, não é tão fácil como parece. Talvez as mulheres não estejam na construção civil porque aturar pedreiros não é trabalho, é tortura.

O outro lado do vento

Na passada semana, publiquei na "Visão", a convite da revista, um artigo com o título em epígrafe.  Agora que já saiu um novo núme...