sábado, outubro 13, 2018

Paris, em meia dúzia de notas (1)


O museu d’Orsay tinha aberto há muito pouco tempo. Estávamos na segunda metade dos anos 80. Eu andava numa breve passagem por Paris e tinha grande curiosidade em perceber como é que naquela antiga estação de caminhos de ferro tinham sido acomodados os impressionistas que já não cabiam na l’Orangerie, o espaço das Tulherias, hoje com um destino híbrido. 

De repente, vi dois cavalheiros (conhecidos, mas apenas de vista) de braço dado. Eram figuras portuguesas. Um deles, que se movimentava já com alguma dificuldade, era Azeredo Perdigão, o homem a quem o nosso país deve a Gulbenkian - para mim uma das personalidades portuguesas mais marcantes do século XX. O outro, que o orientava pelo novo museu, era um homem fascinante: José Augusto França. Historiador de arte, mas não só: memorialista, ficcionista, homem dos sete instrumentos culturais, que tive o privilégio de conhecer e que, infelizmente, nos dias de hoje, passa, aqui em França, onde reside, por um período muito difícil de saúde.

Lembrei-me de ambos, ontem, com admiração e respeito, quando voltei (volto lá, de dois em dois anos, para “lavar os olhos”) ao Museu d’Orsay, desta vez para ver algum Picasso, parte do qual nunca esteve no seu museu do Marais (agora renovado, e que também vale muito a pena visitar).

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Francisco,

Devo muito a esses dois homens. Ao Dr. Perdigão, o equipamento hospitalar que me salvou a vida, e o Museu Gulbenkian e a temporada de música da Fundação que me despertaram para as Artes, entre muitas outras coisas.

Ao José-Augusto França, o convite para os meus primeiros escritos, na Colóquio-Artes, que então dirigia, também entre muitas outras coisas.

Um abraço

JPGarcia

dor em baixa disse...

Estive no Quai d'Orsay em 1984, creio que tinha aberto há relativamente pouco tempo. Gravou-se-me mais van Gogh.
Há tempos tive a surpresa e o prazer de visitar em Tomar um museu que reúne a coleção (uma parte, talvez, ainda assim notável)de José Augusto França. Muito lastimo o seu atual estado de saúde.

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