É revelador de uma imensa falta de maturidade democrática a discussão que está a ter lugar sobre se devem ou não realizar-se jogos de futebol em dia de eleições. Como se alguém deixasse de ir votar por haver um jogo ou outro...
No Reino Unido, todas as eleições têm lugar às quintas-feiras, toda a gente anda na sua vida normal nesse dia e não é por isso que há mais abstenção.
Mesmo o "dia de reflexão" é um atestado de menoridade aos eleitores, que mereceria ser ponderado numa próxima revisão da lei eleitoral. Não faz sentido que se não possa manter a promoção das candidaturas até ao ato eleitoral. Os cidadãos não precisam de ser "protegidos" dos agentes políticos pelo Estado.
E, um destes dias, temos de falar na divulgação das sondagens...
8 comentários:
Não faz sentido que se não possa manter a promoção das candidaturas até ao ato eleitoral.
Tem que se impôr uma barreira algures. Pode-se fazer campanha eleitoral no próprio dia das eleições? Não. É uma limitação. O dia anterior às eleições é apenas uma extensão dessa limitação. Não acho mal.
No Reino Unido, todas as eleições têm lugar às quintas-feiras
Eu não conheço as peculiaridades do Reino Unido, mas faço notar que em Portugal a transição das pessoas dos campos para as cidades ocorreu muito mais recentemente do que no Reino Unido e há muitíssimas pessoas que, por variadíssimas razões, mantêm o seu recenseamento no seu local de origem. Se as eleições fossem num dia de semana muitas pessoas não poderiam viajar à sua terra de origem para votar.
Como se alguém deixasse de ir votar por haver um jogo ou outro...
É claro que deixa. Os adeptos mais ferrenhos, os membros das claques, têm que viajar para assistir aos jogos e apoiar a equipa da sua paixão. Se a viagem fôr para longe, isso pode dificultar o voto.
Enquanto o voto não for obrigatório o acto eleitoral vai registar níveis crescentes de abstenção. As pessoas estão fartas de eleições e de políticos, apesar de humanos, e como tal possam errar, mas incólumes a casos de alegada corrupção. Não há confiança na classe política.
Haja um jogo de futebol longe e impeditivo pela distancia física de aceder à mesa de voto e vamos ver qual o dever cívico" que prevalece e que é cumprido , o de adepto e de companhia do clube do coração que esclarece a imprevisibilidade e ganha ou perde objetivamente em duas horas, ou o do voto nas pessoas que querem manter ou mudar os destinos da terra mesmo até promovendo o apoio financeiro ao mais que tudo desportivo da terra, mas..., que os antecessores geraram desconfianças que ... Em mim por exemplo revitalizam a vontade de votar este ano na mudança, mas conheço conterrâneos que sem dúvida, na dúvida, optam pelo glorioso Desportivo...
Claro que os partidos têm razão, a meu ver e face ao supra refletido...Ó senhor Embaixador não subestime os poderes do futebol, veja o investimento dos Media nos temas de debate, não será na saúde dos portugueses, se assim fosse os senhores enfermeiros a classe profissional que tanto investe na formação e formação continua para manter a qualidade em saúde, mesmo preterindo a sua e chegando a síndromes de exaustão e desespero de causa com todos os custos que isso acarreta para os utentes e para os próprios profissionais, já teriam dado vários programas de pros e contras em todas as televisões...
Eu diria que o Benfica ir jogar à Madeira e o Porto vir jogar a Lisboa impedirá o voto de muitos milhares que se deslocarão de sua casa ao estádio. A que horas há aviões, a que horas há transportes?
A Democracia é para acarinhar e não para meter na prateleira das coisas corriqueiras com que contamos no dia a dia, e que podemos fazer a um 5ª-feira. Até por se ver como nos últimos anos, também por conta da Europa prescrita por Gama/Seixas, a força da democracia perdeu muito em termos substanciais.
Quanto a sondagens, não devia ser permitida a sua divulgação. Faz parte do dispositivo de entorse da opinião e da consciência dos eleitores, convidados a votar de modo útil para os partidos, em função do que lhes vão dizendo, mas não os deixando pensar livremente e sem peias de um resultado que lhes dizem útil.
Vejam lá como as coisas são: em Portugal, inventam-se leis para levar as pessoas a não fugirem de ir votar e, na Catalunha, milhões batem-se pelo direito a... votar.
Está coberto de razão, Senhor Embaixador. Uma ideia completamente disparatada, sem qualquer justificação aceitável e que não seja um insulto e um atestado de menoridade dirigido ao eleitorado.
Luís Quartin Graça
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