Tiago Moreira de Sá é um académico de mérito, que há muito trabalha, com seriedade e muita qualidade, questões relacionadas com as relações externas de Portugal.
Publicou agora um pequeno mas muito interessante livro nas edições da Fundação Francisco Manuel dos Santos, dedicado à "Política externa portuguesa".
Começo por uma recomendação: comprem (é muito barato) e leiam este livro. Está bem escrito e faz uma súmula muito completa das principais dimensões da nossa ação externa. Os diplomatas, em especial os mais jovens, ganhariam muito em refletir sobre este trabalho.
Aqui e ali, tenho uma perspetiva diferenciada da que Tiago Moreira de Sá desenvolve no seu texto, relativamente à importância relativa de alguns vetores da nossa política externa. Também por essa razão, divirjo de alguns "conselhos" que deixa para o futuro. Mas, no essencial, que é muito, estamos de acordo.
5 comentários:
Senhor Embaixador,
Os diplomatas mais jovens não têm tempo para reflexões, mas ocupam-se mais na vaidade de ser e não valer...
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A diplomacia portuguesa necessita de uma lufada de ar fresco e a mão pesada dos velhos, compenetrados e competentes chefes de missão.
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Aqueles que eu conheci e ensinei os cantos da casa, foram de uma tristeza extrema...
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São estes, agora, os novos embaixadores de Portugal... Enquanto houver o sistema, nas Necessidades, “mete lá o meu rapaz” a diplomacia portuguesa não vai a lado nenhum...
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Enquanto não houver um juri independente e profissional que avalie as capacidades dos novos diplomatas, Portugal perde todos os comboios nas estações e apeadeiros.
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É necessário uma diplomacia inteligente, no estrangeiros, que arregace as mangas e saiba levantar o prestígio de Portugal.
Saudações de Banguecoque
Embaixador, não pondo em causa aquilo que o senhor diz e pelo que conheço de si sinto que é uma pessoa de grande cultura o que para mim é uma das condições para se ser um Diplomata, mas sendo eu da área das relações internacionais, há muito que se sabe que entrar para a Carreira Diplomática em Portugal é muito dificil. Diria mesmo que até á pouco tempo estava já reservada. Infelizmente não é só nesta profissão, infelizmente não é por acaso que milhares de Licenciados foram embora, enquanto pessoas que mal sabem dizer duas palavras por via de tanta coisa tem excelentes empregos em Portugal.
Caro José Martins. Já fiz parte do júri de acesso ao MNE e, posso garantir-lhe!, ninguém me meteu nenhuma "cunha" e entrou quem mostrou condições para ser diplomata, não podendo, naturalmente, excluir que tenhamos cometido algum erro.
Para o concurso deste ano, que teve quase dois mil inscritos, sou responsável, numa universidade privada, por um curso de preparação em que se inscreveram alguns dos candidatos. Alguns dos meus alunos já foram eliminados, outros continuam em prova. Não tivemos, até hoje, a menor razão para duvidar da fiabilidade dos resultados das várias provas e complexas efetuadas, nas quais, aliás, o nome do candidato não é conhecida e são, em absoluto, insuscetíveis de viciação. O essencial das provas, como acontece desde há muitos anos, assenta num júri "independente e profissional", constituído por professores qualificados de várias universidades. Os escassos diplomatas que integram o júri (e que até agora não tiveram a mínima intervenção na avaliação das provas) são profissionais altamente qualificados e as decisões são sempre tomadas por consenso com os académicos nomeados. Por mim, não tenho a menor dúvida sobre a isenção das escolhas que irão ser feitas. A imagem de "compadrio" que se espalhou na opinião pública é, a meu ver, perfeitamente injustificada. Sou, aliás, um bom exemplo: não conhecia rigorosamente ninguém no MNE quando concorri, fui admitido e, vá lá!, até não fiz uma má carreira... A carreira diplomática, à qual se acede através daquela que é hoje - a grande distância - mais exigente prova exigida em toda a função pública portuguesa, é, nos dias de hoje, uma carreira profissional altamente meritocrática. Há casos menos positivos? Claro que há! Mas essas exceções não mancham aquela que é uma imensa regra.
Francisco, para corroborar o que dizes lembro a quantidade de filhos de diplomatas que tem chumbado nos concursos de acesso.
Fernando Neves
Senhor Embaixador,
Pelo que me diz e acabo de ler o comentário do embaixador Fernando Neves algo está a mudar nas Necessidades.
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O nepotismo foi evidente por anos e anos e o apadrinhamento também! O tempo dos marqueses, dos condes e barões foi-se.
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Há muita coisa a concretizar, tais como ensinar aos novos diplomatas, antes de partirem para as missões o serviço de expediente, a técnica de arquivamento, comunicações, cumprirem os horários de entrada e saída das missões, cumprimentarem o pessoal quando entram, pela manhã na chancelaria.
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Ignorarem o Facebook e utilizar a internet só para o serviço do Estado.
Saudações de Banguecoque
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