terça-feira, setembro 22, 2015

Poesia no Cais

Ontem, no final do jantar numa tertúlia, uma amiga anunciou: "Vou ouvir poesia para o Cais do Sodré!". Tive um sobressalto, por um instante. O Cais do Sodré é hoje uma coisa radicalmente diferente da imagem que ainda me ocorre à imaginação quando alguém me fala em "Cais do Sodré". Por muitos e (talvez menos) bons anos, era um local pouco frequentável, exceto por marinheiros e "rufias", com um grau de insegurança muito elevado em certas ruas. No que me toca, as exceções eram por ali três: o "British Bar", o "Porto de Abrigo" (um clássico, que há muito se foi e tinha um arroz de pato "de truz") e o cacau da Ribeira. Nos anos 80, com o "Jamaica" a mudar, o bairro começou a "abrir" mas, verdadeiramente, só na última década é que se deu a grande e agradável mudança que hoje por ali se vive, com espaços muito simpáticos, ajudando a esta nova Lisboa onde cada vez mais apetece viver. Deve-se, com certeza, à idade o facto de eu manter ainda este mesmo reflexo quando se fala do Cais do Sodré (seria a mesma coisa se me falassem do Intendente.) No fundo, ouvir dizer a alguém, principalmente a uma senhora, que ia "ouvir poesia" para o Cais do Sodré provocou em mim a mesma reação que os habitantes do "Pátio das Cantigas" tiveram quando o "Evaristo" lhes anunciou que ia "de águas para o Cartaxo"... Mas também quem é que ainda se lembra disso?

7 comentários:

Helena Sacadura Cabral disse...

Francisco
Por falar do Cais Sodré, sugiro-lhe, se não conhece já, um jantar no IBO.
Julgo que a Maria Virgínia - a quem mando um abraço - também gostará!

Anónimo disse...

O Cais do Sodré está óptimo! Naquelas que eram as ruas das Put...hoje estão inúmeros bares, esplanadas, restaurantes, etc, muito agradáveis, simpáticos, cheios de gente, durante o dia e - sobretudo - à noite, e com umas tantas discotecas à volta. Aquilo é hoje um espaço excelente. Que vale a pena visitar. Ir até lá. já lá estive à tarde e depois á noite e vale a pena! Recomenda-se. Ainda bem que as autoridades municipais acabaram por permitir aquela transformação.

Francisco Seixas da Costa disse...

Cara Helena. Já fui ao Ibo, por mais de uma vez. Mas, mais recentemente, perderam-se em matéria de preços e deixaram de ter uma relação preço/qualidade razoável. E já conhece a "Casa de Pasto"? Se não, está desde já convidada! Por outra via combinaríamos a data, porque, senão, arriscamo-nos a uma "enchente" de leitores...

Anónimo disse...

Sr. Embaixador,

Toda a razão relativamente ao IBO. Perderam-se nos preços e nos clientes. Quiseram ficar ricos de um dia para o outro.

Anónimo disse...

Não se lembraram de classificar o património?... Falta de ideias...

Anónimo disse...

E as Vieiras, Senhor Embaixador.
Não era só o Pato.
Conheci os meus pais no Porto de Abrigo, acabados de voltar do Ultramar.
Melhor começo seria impossível.

Helena Sacadura Cabral disse...

Francisco
O prazer será todo meu. E a inveja ficará para os leitores.
Que maldade a minha... mas isto já deve ser resultado da época que atravessamos!

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...