Ontem, no final do jantar numa tertúlia, uma amiga anunciou: "Vou ouvir poesia para o Cais do Sodré!". Tive um sobressalto, por um instante. O Cais do Sodré é hoje uma coisa radicalmente diferente da imagem que ainda me ocorre à imaginação quando alguém me fala em "Cais do Sodré". Por muitos e (talvez menos) bons anos, era um local pouco frequentável, exceto por marinheiros e "rufias", com um grau de insegurança muito elevado em certas ruas. No que me toca, as exceções eram por ali três: o "British Bar", o "Porto de Abrigo" (um clássico, que há muito se foi e tinha um arroz de pato "de truz") e o cacau da Ribeira. Nos anos 80, com o "Jamaica" a mudar, o bairro começou a "abrir" mas, verdadeiramente, só na última década é que se deu a grande e agradável mudança que hoje por ali se vive, com espaços muito simpáticos, ajudando a esta nova Lisboa onde cada vez mais apetece viver. Deve-se, com certeza, à idade o facto de eu manter ainda este mesmo reflexo quando se fala do Cais do Sodré (seria a mesma coisa se me falassem do Intendente.) No fundo, ouvir dizer a alguém, principalmente a uma senhora, que ia "ouvir poesia" para o Cais do Sodré provocou em mim a mesma reação que os habitantes do "Pátio das Cantigas" tiveram quando o "Evaristo" lhes anunciou que ia "de águas para o Cartaxo"... Mas também quem é que ainda se lembra disso?
7 comentários:
Francisco
Por falar do Cais Sodré, sugiro-lhe, se não conhece já, um jantar no IBO.
Julgo que a Maria Virgínia - a quem mando um abraço - também gostará!
O Cais do Sodré está óptimo! Naquelas que eram as ruas das Put...hoje estão inúmeros bares, esplanadas, restaurantes, etc, muito agradáveis, simpáticos, cheios de gente, durante o dia e - sobretudo - à noite, e com umas tantas discotecas à volta. Aquilo é hoje um espaço excelente. Que vale a pena visitar. Ir até lá. já lá estive à tarde e depois á noite e vale a pena! Recomenda-se. Ainda bem que as autoridades municipais acabaram por permitir aquela transformação.
Cara Helena. Já fui ao Ibo, por mais de uma vez. Mas, mais recentemente, perderam-se em matéria de preços e deixaram de ter uma relação preço/qualidade razoável. E já conhece a "Casa de Pasto"? Se não, está desde já convidada! Por outra via combinaríamos a data, porque, senão, arriscamo-nos a uma "enchente" de leitores...
Sr. Embaixador,
Toda a razão relativamente ao IBO. Perderam-se nos preços e nos clientes. Quiseram ficar ricos de um dia para o outro.
Não se lembraram de classificar o património?... Falta de ideias...
E as Vieiras, Senhor Embaixador.
Não era só o Pato.
Conheci os meus pais no Porto de Abrigo, acabados de voltar do Ultramar.
Melhor começo seria impossível.
Francisco
O prazer será todo meu. E a inveja ficará para os leitores.
Que maldade a minha... mas isto já deve ser resultado da época que atravessamos!
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