Cara Angela
Não nos conhecemos, nem nos viremos a conhecer. Isso torna mais fácil este postal cibernético que aqui lhe envio, no dia em que comemora as 60 primaveras da vida.
Escrevo-lhe de um país onde o seu nome anda em todas as bocas, embora deva saber que, a maioria das vezes, é adjetivado de forma menos elegante. Um país que, sabia?, esteve sempre ao lado da luta dos alemães pela sua reunificação. Graças a Gorbachev e à teimosia dos povos das duas Alemanhas, esse sonho pôde concretizar-se. Pelo caminho, perdemos a excitação do "checkpoint Charlie", os beijos obscenos de Honecker e Brejnev, mas, felizmente, a Alemanha ultrapassou mais uma etapa importante da sua conturbada História. Saberá que, por muito tempo, também nós pagámos isso nas taxas de juro (já então!), mas você, Angela, pôde assim saltar alegremente o seu muro em ruínas, ao ponto de vir substituir, anos mais tarde, esse homem de bem e nosso amigo, que por aqui deixou muitas saudades, que se chama Helmut Kohl.
Como bem sabe, os últimos anos não têm sido fáceis por cá, mas eu não pretendo dizer, como Chico Buarque, que "a coisa aqui está preta". Mas, que está bem feia, está, é bom de ver. Claro que já não andamos como no tempo dos vossos Trabant, mas quero que saiba que hoje subsiste por aqui muita gente bem pior do que se vivia na sua pouco saudosa Alemanha de Leste. Por cá, há pessoas atulhadas de liberdade, mas muito pobres. Por isso se assiste aqui a uma imensa insatisfação quanto ao rigor extremo das receitas que, sob a sua tutela - não seja modesta, é assim mesmo! -, Portugal teve de sofrer nestes últimos tempos.
E não me venha com histórias de ajudas e generosidade, porque nós sabemos bem que, a haver quem tenha ganho muito dinheiro com os empréstimos que nos foram concedidos (e aos bancos e credores não se agradece, tenta-se pagar e boa tarde!), esse alguém é a Alemanha. Mas não, Angela, não tem nada que nos agradecer! Nós somos uns mãos largas e, na passada da crise, para nos alindarmos para o retrato do défice que nos exigiram, até aumentámos ainda mais a dívida que ainda temos que vos pagar e criámos (não gosto deste plural, mas está bem) batalhões de jovens desempregados que vão servir a Alemanha e outros países, sem que vocês tivessem dispendido um cêntimo com a sua formação académica. Diga lá se não somos amigos?! E nem partimos os vidros, como os gregos...
Por isso, Angela, neste seu dia de aniversário, gostava apenas de lhe dizer que ficaria muito agradado se, numa sua próxima deslocação a Portugal, você pudesse receber muitas flores e muito menos vaias no seu cortejo de Mercedes, Audi e BMW, pelas ruas de Lisboa. E isso, acredite, está totalmente na sua mão, na sua abertura à possibilidade da vida dos portugueses poder ser facilitada por um repensar europeu sobre o modo como a austeridade lhes (nos) tem sido imposta pela rapaziada que você controla, de Bruxelas a Frankfurt. Pense nisto, está bem?
E "Alles Gute zum Geburtstag", como julgo que aí se diz, nossa muito cara Angela.
Não nos conhecemos, nem nos viremos a conhecer. Isso torna mais fácil este postal cibernético que aqui lhe envio, no dia em que comemora as 60 primaveras da vida.
Escrevo-lhe de um país onde o seu nome anda em todas as bocas, embora deva saber que, a maioria das vezes, é adjetivado de forma menos elegante. Um país que, sabia?, esteve sempre ao lado da luta dos alemães pela sua reunificação. Graças a Gorbachev e à teimosia dos povos das duas Alemanhas, esse sonho pôde concretizar-se. Pelo caminho, perdemos a excitação do "checkpoint Charlie", os beijos obscenos de Honecker e Brejnev, mas, felizmente, a Alemanha ultrapassou mais uma etapa importante da sua conturbada História. Saberá que, por muito tempo, também nós pagámos isso nas taxas de juro (já então!), mas você, Angela, pôde assim saltar alegremente o seu muro em ruínas, ao ponto de vir substituir, anos mais tarde, esse homem de bem e nosso amigo, que por aqui deixou muitas saudades, que se chama Helmut Kohl.
Como bem sabe, os últimos anos não têm sido fáceis por cá, mas eu não pretendo dizer, como Chico Buarque, que "a coisa aqui está preta". Mas, que está bem feia, está, é bom de ver. Claro que já não andamos como no tempo dos vossos Trabant, mas quero que saiba que hoje subsiste por aqui muita gente bem pior do que se vivia na sua pouco saudosa Alemanha de Leste. Por cá, há pessoas atulhadas de liberdade, mas muito pobres. Por isso se assiste aqui a uma imensa insatisfação quanto ao rigor extremo das receitas que, sob a sua tutela - não seja modesta, é assim mesmo! -, Portugal teve de sofrer nestes últimos tempos.
E não me venha com histórias de ajudas e generosidade, porque nós sabemos bem que, a haver quem tenha ganho muito dinheiro com os empréstimos que nos foram concedidos (e aos bancos e credores não se agradece, tenta-se pagar e boa tarde!), esse alguém é a Alemanha. Mas não, Angela, não tem nada que nos agradecer! Nós somos uns mãos largas e, na passada da crise, para nos alindarmos para o retrato do défice que nos exigiram, até aumentámos ainda mais a dívida que ainda temos que vos pagar e criámos (não gosto deste plural, mas está bem) batalhões de jovens desempregados que vão servir a Alemanha e outros países, sem que vocês tivessem dispendido um cêntimo com a sua formação académica. Diga lá se não somos amigos?! E nem partimos os vidros, como os gregos...
Por isso, Angela, neste seu dia de aniversário, gostava apenas de lhe dizer que ficaria muito agradado se, numa sua próxima deslocação a Portugal, você pudesse receber muitas flores e muito menos vaias no seu cortejo de Mercedes, Audi e BMW, pelas ruas de Lisboa. E isso, acredite, está totalmente na sua mão, na sua abertura à possibilidade da vida dos portugueses poder ser facilitada por um repensar europeu sobre o modo como a austeridade lhes (nos) tem sido imposta pela rapaziada que você controla, de Bruxelas a Frankfurt. Pense nisto, está bem?
E "Alles Gute zum Geburtstag", como julgo que aí se diz, nossa muito cara Angela.
28 comentários:
Parabéns ! A si ....
À primeira vista parece que a Ângela tem uma estratégia económica bem pensada. Satisfaz os seus interesses e permite à Alemanha ter uma força ímpar.
Sucede que a Angela só está a ver a árvore. A curto prazo esta estratégia já está a dar muitos problemas, a médio/longo pode ser catastrófica.
A Alemanha pode ser grande demais para a Europa, mas ainda é pequena para o mundo.
Cumprimentos Sr. Embaixador.
Bem, vossos jovens vão servir à Alemanha, mas poucos na profissão que investiram. E hão de voltar, a fim de recompensar seus patrícios pelos investimentos dispendidos.
Socialistas tendem a esticar o drama da pobreza além do fado. Portugal sofre, mas segue razoável: educação, saúde e segurança sustentáveis, melhores até daquelas oferecidas a Ângela na ridícula RDA. Instituições fortes. Economia a postos.
Seus embaixadores é que, bem, deixa pra lá.
Ein prosit to Angela!
Excelente! Que humor fino! Delicioso Post, meu caro!
a)Rilvas
Às vezes interrogo-me como é que os inteligentes, falo dos muito, muito inteligentes, podem, por exemplo, cohabitar com as outras pessoas. Esforço-me para me pôr no lugar deles mas sei de antemão, muito modestamente, que não consigo...
Imagino, contudo, o quanto deve ser dificil para aqueles cérebros inteligentes, coitados, estarem condenados a cohabitar com gentalha inculta, desagradecida e tão pobre, a quem aqueles ricos muito ricos e muito inteligentes têm de distribuir reformas tão cedo, subsídios de desemprego, remédios aos doentes, e às vezes, até, sopas quentes...
Era melhor pôr aquela gente fina à parte, mais à parte do que nos palacetes onde os puseram cujas janelas e portas não deixam vislumbrar pobreza mas as televisões...
Ah malvadas televisões e rádios que às vezes mostram coisas que não deviam mostrar!
Então não é a D.ª Angela uma mulher boa e inteligente? E não tem ela muita gente, em Portugal também, em perfeita sintonia com as suas politicas?
Não gosto nada de textos irónicos, Sr. Embaixador, não gosto nada!
José Barros.
Sr. Embaixador este post está em contradição com o anterior, “nós e o mundo”.
Aliás nós somos bem mais inteligentes que os alemães: eles fartam-se de trabalhar para ganhar muito dinheiro e nós, fazemos umas “reuniõeszecas” (apesar de maçadoras), e vamos lá buscar boa parte do que eles ganham! – 25 ponto (gosto de os ouvir substituir a virgula pelo ponto) 3 MM!
Viva a D. Angela!
antonio pa
Em Portugal voltou-se a pedinchar, para um futuro que não está estruturado quanto à realidade actual. Não há quem invista num projecto desestruturado apenas por caridade.
Desculpem-me mas é porque sou não-politizado.
O comentador sabe quanto dinheiro foi injectado na RFA para vincar a diferença RFA~RDA? Sabe quantas centenas de milhar de pessoas passavam,diáriamente,por Charlie Point? Conhece os resultados do Trabant no campeonato Europeu de Rallys? Porque não enumera?
Este é mais um texto que, aos poucos me vai desligando deste seu blog.
Adoro humor, o que detesto é a demagogia. Foi Merkel com certeza que iniciou esta crise internacional, apostou durante anos a fio em elefantes brancos (estádios, auto-estradas, aeroportos) endividou o país e pior, escondeu essa dívida em empresas públicas, PPPs, SWAPs e outros.
No país de Merkel há funcionários públicos que têm motorista? Há países da Europa em que ministros, secretários de estado, diplomatas, etc andam de transportes públicos. Mas claro, por cá a receita é fácil, a Alemanha paga!
Já agora, não escreve nada sobre o especialista em tortura? Um bilhete de aniversário? Ou, talvez, em mais uma apresentação do livro um comentário mais azedo?
Peço-lhe que não leve a mal o meu comentário, e até que não o publique, é apenas uma tentativa pessoal de não me afastar deste seu espaço tão interessante. A minha catarse.
Como resposta aos Carlos Santos e anónimos que aqui vêm cuspir:
Parabéns à capacidade e elegância com que o Senhor faz ladrar os cães.
a) Eurico Dias
Nota: não é pseudónimo nem heterónimo, é nome.
Ângela aprendeu com Helmut a arte de adormecer os "amigos" indispensáveis para assentar a politica de dominação que esteve sempre presente no espírito alemão. E quando digo "sempre" pode-se recuar até 1870 e Sedan.
A Europa, e particularmente a França, nunca deviam ter aceitado a reunificação das duas Alemanhas.
Os Franceses lúcidos, ( e os Russos), sempre pensaram que duas Alemanhas era melhor que uma. A Alemanha, desde que ela recupera o poder que lhe confere os seus 85 milhões de habitantes, sonha de imediato à dominação de toda a Europa. Basta perguntar aos Franceses que sempre viveram nos bordos do Reno para obter a resposta lapidar: Os alemães são sempre dez milhões demais! O que não puderam obter pela força do canhão – e a força de dissuasão nuclear francesa não o permitirá jamais –, obtiveram o mesmo resultado pela força da sua economia.
A França, embalada pelo discurso dos Americanos que, com o pretexto da segurança geral, e tendo na realidade a Rússia no visor, pressionou a França para aceitar uma só Alemanha. Para mais, o Grande Mercado era também preferido pela finança e as grandes oligarquias industriais americanas... e francesas...e alemãs! Tout va très bien Madame la Marquise !
Esta é a tal história do bólido lançado a grande velocidade numa estrada a sentido único, na qual outro bólido idêntico avança no outro sentido. Aquele que lança o carro sobre a berma da estrada, perde o jogo. Sabemos o que acontece se nenhum dos dois condutores não dá a guinada para o lado...
Neste jogo, onde dois indivíduos se encontram face a face, têm a escolha de cooperar ou não. O mais avantajoso é que seja o outro que coopera (e ele só). A decisão de não cooperação recíproca é menos favorável (colisão) para cada um dos condutores que se um dos dois coopera. O que vai cooperar, com receio da colisão, será a galinha molhada! Tem medo! E o outro passará a grande velocidade! Como de costume!
A imagem da "galinha molhada" será a França que a vai aceitar. Ela dará a "guinada" para a berma da estrada para evitar a colisão! Os dois são os únicos, na Europa, que têm a mesma alavanca politica – o Euro –, mas é a Alemanha que tem a mão em cima!
Quando o Senhor Embaixador fala em nome do "pintainho" português que estaria melhor se houvesse uma melhor cooperação da Alemanha, tem razão. Cooperação alemã quer dizer:
. Aceitar mais inflação (para aliviar as nossas contas: recordo que quando comprei a minha primeira casa cá em França, não tive dificuldade maior para reembolsar o empréstimo - estávamos com o Senhor Raymond Barre nas finanças e a inflação era de 14%! E os salários eram automaticamente adaptados!).
. Aceitar que o BCE empreste incondicionalmente e autorize as transferências entre países. Mas uma moeda fraca constitui um custo para Ângela, encarece as importações sem melhorar as exportações.
. A inflação, coroe o poder de compra do "mealheiro", sobretudo num pais que envelhece rapidamente e que conta sobre as economias para pagar os reformados!
. As transferências e os empréstimos incondicionais do BCE, parecem inaceitáveis do ponto de vista moral e políticos aos Alemães.
Uma "cooperação" da "galinha molhada" francesa" e dos "pintainhos" significa aceitar a salvação do Euro às condições alemãs: austeridade (desemprego e precariedade dos empregos) competitividade (salários do Bangladesh), reformas brutais (fim do estado social).
Tudo isto significando crescimento nulo, desemprego maciço, moeda inacessível, inflação nula.
Uma "cooperação" da "galinha molhada" francesa" e dos "pintainhos" significa aceitar a salvação do Euro às condições alemãs: austeridade (desemprego e precariedade dos empregos) competitividade (salários do Bangladesh), reformas brutais (fim do estado social).
Tudo isto significando crescimento nulo, desemprego maciço, moeda inacessível, inflação nula.
Mas para a Alemanha, a curto prazo, é o paraíso: zona euro significa protecção da economia alemã, e dos capitais investidos na mesma zona, grande mercado europeu onde os alemães são os únicos competitivos, sobretudo nos produtos de alto de gama, impossibilidade para os outros países de desvalorizar e fazer concorrência aos produtos alemães, de restaurar as sua margens, etc.
E como muito bem disse: a possibilidade de recrutar empregados qualificados a preço "competitivo" dos países periféricos o que resolve por um momento o problema demográfico.
Houve um Francês que cometeu o crime de considerar que a França perderia mais que a Alemanha se se desmantelasse o Euro : N. Sarkozy. O tal que só 33% dos franceses hoje apreciam! O condutor do bólido que deu a guinada para a berma da estrada! A galinha molhada da Europa. O mesmo que não avaliou o custo desta guinada para a França: isto é, de subestimar o custo de ceder às exigências da "amiga" Merckel. Um Húngaro que, como todos os indivíduos oriundos do centro da Europa tem o máximo respeito da Alemanha.
E parabéns a si também Sr.Eurico Dias.
O que o Senhor Calos Santos, aparentemente, não quer ver, é que os velhos demónios que se chamam Grande Finança Internacional e as Oligarquias Industriais, que detêm o verdadeiro poder no mundo, estão de novo a dominar a cena europeia. Foram eles que criaram as condições que levaram às duas catástrofes que assolaram a Europa e causaram milhões de mortos e destruições sem conta.
A Europa só pode evitar a repetição de tais cataclismos que se existem os equilíbrios necessários entre as nações e os povos que a constituem.
Ora a politica económica que o TSCG implementou na Europa (tratado da estabilidade, coordenação da governança) que permitem à Alemanha de impor de maneira aparentemente "democrática" uma politica de deflação salarial, que, é perfeitamente suicidária para todos os outros países, excepto para a...Alemanha, levará fatalmente a tensões extremamente graves.
Não é impunemente que se condenam à miséria milhões de homens e mulheres deste continente, fenómeno tanto mais inaceitável que nunca se produziu tanta riqueza nestes países. Não esquecer que foram estas mesmas condições miseráveis que levaram o povo alemão a seguir leaders políticos que sacrificaram toda a nação alemã para impor uma grandeza impossível. A grandeza alemã, hoje, faz-se, actualmente, sobre o sacrifício de milhões de pessoas , quaisquer que tenham sido os erros de gestão económica cometidos pelos paises mais fracos, por vezes mesmo com a ajuda da potência financeira alemã em investimentos não produtivos que convieram bem, entretanto, aos alemães.
A Alemanha tem sido a instigadora da deriva tecnocrática mais autoritária da Europa, fundada na governança através de regras, das quais a Comissão europeia é a guardiã.
Não é por acaso se nenhum governo não se aventurou a submeter o projecto do TSCG a referendo. Todos tiveram medo do debate e da resposta negativa que este teria recebido dos povos.
E se nenhum governo não exigiu a renegociação, não foi porque este tratado estavesse conforme aos seus interesses, mas simplesmente porque não existia nenhuma alavanca na negociação.
Só a França teria podido recusar este tratado, mas a França de Sarkozy, a galinha molhada da Europa, não ousou. O objectivo da unificação da Europa perdeu-se nos labirintos de Bruxelas, onde os "lobbies" reinam.
A Europa dos "mercadores" falhou, quando cada vez mais de Europeus são cada vez mais pobres.
Há relentos de colaboração que fazem pensar no passado trágico da Europa. Este tratado interina os dogmas errados da Alemanha sobre a crise europeia. Já é tempo de acordar!
Sr. Embaixador,
Não posso deixar de lamentar o comentário do senhor, não pseudónimo, Eurico Dias.
Talvez por saber que existe gente que perfere cuspir na cara dos outros, em vez de discutir ideias, lhe pedi que não publicasse o meu comentário.
Já agora, este episódio recordou-me um episódio da minha juventude. Por volta dos meus 18 anos atravessava a Av. da Liberdade em Lisboa com os meus irmãos mais novos, em época de eleições. Passou uma caravana do PCP que, ao ver que trazia um saco do PSD, do qual nunca fui militante aliás, me cuspiu em cima. Nesse dia percebi o que significa a democracia e a diferença de opinião para algumas pessoas. Tive pena deles, como tenho sempre de atitudes primárias.
Senhor Francisco.
Sera o que o senhor esta dizendo sobre Angela? Fiquei como muitas vezes a ver navios.
com o carinho de sempre monica
Senhor Embaixador: parabens pela carta .
Merkel foi eleita pelos alemães para defender os interesses deles, e eles não se têm queixado. Tomáramos nós que quem elegemos tivesse cumprido as suas promessas eleitorais, como Merkel está a fazer com os eleitores do seu país. Os nossos governantes não foram eleitos para se porem de cócoras perante a Alemanha, como estão a fazer, só recebendo o desprezo de Berlim.
Uma vergonha.
Ao anónimo das 00:08, de ontem, direi que todos os povos pretendem que os seus dirigentes defendam os interesses dos seus países respectivos. Assim foi com Hitler, que recuperou para o seu povo o orgulho nacional, sobre os cadáveres de milhões de europeus e dos seus próprios compatriotas, assim foi com George Bush, que defendeu os interesses americanos ( petróleo) destruindo o Iraque, graças a mentiras horríveis e à força bruta, assim foi com Estaline que submeteu os povos vizinhos para assegurar os seus interesses na Europa.
E será assim cada vez que um povo terá à sua cabeça dirigentes políticos que aproveitem a oportunidade que lhe confere a sua demografia e a sua potência militar e económica para impor os seus interesses aos outros, em detrimento da simples justiça e dos valores da democracia, incluindo mesmo o objectivo primordial que é a paz social e a paz "tout court" .
A Alemanha utiliza a grande maquinaria tecnocrata de Bruxelas para impor as regras que convêm a ela só . Que ela encontrou nos países mesmo elites prontas a defender e aplicar estas regras, não haja duvida nisso; mas estas elites beneficiam sempre das vantagens inerentes à sua posição, as mesmas que cobrem e protegem os interesses daqueles que saberão um dia recompensá-los com todas as benesses imagináveis .
É a luta de classes no seu melhor mas...."un peu datée quand même".
Temos de arranjar outras formas de actuação, repensando tudo para os tempos actuais, sem nos referirmos a Hitler ou Staline porque esse foi um outro tempo que acabou [felizmente].
Ao anonimo das 13:28:
Luta de classes? Vous datez, Cher Monsieur!
Quando 85 indivíduos são tão ricos como a metade da população mundial? Mais ricos que os ricos, os "mega ricos" que representam 0,01% da população são ainda mais ricos que os 1% mais ricos!
Warren Buffet (que pesa 58 mil milhões de $) disse-o em 2006 – antes da crise – que os ricos estavam a ganhar a "luta de classes"! Acabou de confirmar em 2011: " they won"! Ganharam!
A globalização há muito que acabou com a luta de classes, graças aos escravos asiáticos.
O totalitarismo democrático e a ditadura financeira combinando a brutalidade militar e o estrangulamento financeiro planetário, a revolução social está excluída, e a luta de classes também.
Todas as revoluções beneficiaram do apoio vindo do estrangeiro (excepto a portuguesa!). Hoje é impossível, porque já não existem nações soberanas. Luta de classes, escreve o senhor! A classe trabalhadora foi substituída em baixo da escala social, pelos desempregados e precários. Ora o que é que os desempregados querem? UM EMPREGO.
Claro que resta a possibilidade de fazer pagar os ricos, que até não precisam de tanto dinheiro!
Mas haverá sempre um Tom Perkins para gritar que seria um escândalo, comparando essa decisão eventual como uma injustiça comparável ao Holocausto dos Judeus durante a guerra. Ele ousou, sim senhor!
Ainda para o anónimo das 13:28:
Notei que sublinhou os nomes de Hitler e Estaline, no seu comentário, mas omitiu o de GW Bush que fazia parte da trilogia "daqueles que foram até à violência extrema para defender os interesses dos seus países".
Esta omissão não reduz em nada a culpabilidade do pais mais poderoso do mundo na destruição duma nação soberana e do seu povo. E que continua, infelizmente , a sofrer das consequências da invasão militar de que foi vítima.
"Temos de arranjar outras formas de actuação, repensando tudo para os tempos actuais,", escreve no seu comentàrio.
Frequentemente, deixamo-nos persuadir que o mundo é o mundo ocidental, ou mais exactamente aquele que segue fielmente o Tio Sam, Mas este mundo é um mundo em declínio, o seu futuro fica para trás. Um outro mundo emerge e ninguém nos diz como.
Aquelas e aqueles que criam que o novo mundo saído das duas ultimas guerras podia resolver os problemas do planeta, são os mesmos que aquelas e aqueles que criam que bastava a democracia ser implementada num pais, para nos encaminharmos para os amanhãs que cantam.
A crença cega , que anima os povos, e as "democracias" desde há duzentos anos, em todo o poder do sistema representativo e na confiança nos seus representantes, não somente não resolvem os problemas do nosso tempo, mas arrastam-nos numa espiral regressiva no plano social e mesmo ético. E talvez mesmo ecológico.
Ao ouvir os discursos dos políticos, por vezes mesmo bem "alinhados", a magia do "discurso oficial" conserva ainda uma boa parte da sua força... o bom povo, como no tempo da servidão e da dominação da Igreja, toma como" pão benzido" as orações e promessas, dos seus "bons mestres", daqueles que fazem profissão de lhes trazer felicidade e prosperidade... A prova ? Ele, o bom povo, continua a votar por eles. Claro, com mau humor, por vezes, e resmungando. Mas a magia das palavras, eficazmente secundada pelo poder dos media, acaba por apagar o mau "estar" e evita assim as crises de consciência.
Talvez a galinha molhada secasse se o Reino Unido saisse de Bruxelas,afinal o povo britanico votou no Mercado Comum e nunca nesta UE.
De resto, nem entendo como uma pessoa como a Frau Merkel que foi politica conformista na RDA, com idade de ter juizo - o nosso Barroso foi maoista mas era estudante - possa estar ao leme de um pais com tanto poder na Europa.
Seria bom que uma futura Russia, sem o ex KGB, tambem ajudasse a recompor esta Lebensraum financeira. Afinal quem anda a dividir para reinar , destruir, vender e comprar ?
Pedro Isaias
@ Defreitas.
Temos de perceber que desde a queda do muro de Berlim o mundo mudou. Os ideais ou mesmo as ideologias implementadas no post 1945 ficaram esgotadas ou melhor... não há meios finaceiros para as manter, seja no leste como no ocidente. Tivemos a sorte de viver um tempo de uma utopia enebriadora mas foi uma utopia. Temos de nos adaptar às realidades actuais ou então... façamos uma revolução global para começar tudo de novo, mas sem copiar o que já feito anteriormente até porque parece que não resultou face ao que se vive agora. Temos de ter coragem para aceitarmos um corte epistemológico com o passado.
Se o caro anónimo das 17:34, tiver a amabilidade de me explicar quais são "as realidades actuais às quais nos devemos adaptar", talvez eu faça o esforço necessário.
Mas não esquecer, que não foi o capitalismo, nem o comunismo que tornaram possível os progressos e as patologias (guerras mundiais, concentração sem precedente das riquezas, destruição do planeta) da era moderna. Foi o carvão, seguido do petróleo e do gás.
A falência incontornável duma sociedade construída sobre o crescimento e a sua destruição dos organismos vivos da Terra são os fundamentos esmagadores da nossa existência. A partir daí, não são mencionados praticamente em nenhum sítio. Eles constituem o grande tabu do XXI século.
Ainda para o anónimo das 17.34:
O que quer dizer, que se não mudamos de sistema económico estamos tramados!
@ Defreitas.
Temos até de mudar de estilo de vida para não vivermos escravizados com a ideia de ganhar sempre mais dinheiro e com maior rapidez.
Felizmente há muito a ter de ser repensado até porque chegámos a um beco sem saída. A possível saída do beco é que já não lhe posso dizer como irá acontecer mas quanto mais tempo demorar pior será.
@Defreitas
Ele é o materialismo desenfreado e sem pejo que provoca o que nos tem sido dado a conhecer nestas últimas semanas em Portugal principalmente num banco que até possuia um bom renome internacional.
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