quarta-feira, julho 02, 2014

Paulo Portas

Há precisamente um ano, Paulo Portas ameaçou sair do governo. Sabedor de que o CDS não o acompanharia, o primeiro-ministro "não aceitou" a resignação e ofereceu-lhe uma "promoção" que surpreendeu muita gente, desde logo no PSD, onde o gesto pareceu um "benefício do infrator". Mas Passos Coelho sabia o que fazia. Paulo Portas assumiu as novas funções e, dentro delas, a de "coordenador" da negociação com a "troika". Fez então o "tour" das instituições desta, tendo constatado uma total inflexibilidade face às propostas que apresentou. Imagina-se o sorriso irónico interior de Maria Luís Albuquerque. Recolheu a penates, concentrou-se na diplomacia empresarial, emergiu em conferências de imprensa, mas, para o que aqui importa, ficou sem qualquer margem de manobra para renovar publicamente as suas anteriores reticências face aos exageros do ajustamento, que eram o seu "fond de commerce" partidário, a alegada diferença face ao PSD. A um ano de distância, fico com a sensação de que o CDS perdeu quase toda a sua autonomia, deixou de ver reconhecida no eleitorado uma especificidade política própria, de tal modo Paulo Portas e os seus ministros, salvo um esbracejar fiscal tímido na economia, ficaram com a sua atividade dependente da agenda política do primeiro-ministro. E do PSD. Por isso, ou muito me engano ou Paulo Portas e o CDS estão numa grande encruzilhada. E isso não é sem consequências para a liberdade futura da sua política futura de alianças, se bem me faço compreender.

18 comentários:

patricio branco disse...

para alem da palavra irrevogavel ter a partir de então mais uns significados, não só o absoluto, mas tambem um relativo e outro antónimo, sem duvida que o cds, hoje quase irreconhecivel, ficou na fragil condição de dependente do psd, perdendo autonomia, personalidade, o mesmo para paulo portas, com um papel saltitante entre vários temas e áreas governamentais, companheiro de albuquerque por estar ao lado por vezes, embaixador itinerante, outras vezes ministro da economia paralelo, outras vezes porta voz e eco do que disse o pm, etc.
gostaria de ver um cds igual ao de antes, um pp batendo se pelos principios e causas que tinha adoptado como seus, os pensionistas os reformados, os idosos, os feirantes ou pequenos comerciantes, sectores que agora não têm um partido especializado neles que os defenda, etc etc.
e tudo será mais dificil, mesmo hamletiano, nas proximas legislativas, ser ou não ser, etc etc

Anónimo disse...

Como se disse na altura aqui, trocaram um ministro da economia, que estava a incomodar os lóbis, por um “vendedor de cerveja”. E, parece, tudo foi combinado de forma irrevogável entre os dois, para montar a tal economia “liberal e altamente competitiva” que, estamos a ver, só servirá os tais… Exemplo: Douro e Casa do Douro!
antonio pa

Paulo Abreu e Lima disse...

Não sei, nem me interessa saber, se o CDS saiu mais enfraquecido ou não. Sei, ou calculo, que terá sido uma das decisões políticas mais difíceis da sua vida em nome do que o próprio achou ser mais importante para o seu país. Digo mais, Paulo Portas (por linhas tortas ou "irrevogáveis") acabou por dar um novo fôlego político a um governo já aí desgastado por outras irrevogáveis TSU's. Mais ainda: colocou o país à frente do seu próprio partido, malbaratando potenciais jogadas eleitorais de alianças e de Poder. Nem todos os líderes partidários podem dizer o mesmo. Por exemplo, no PS, «se bem me faço compreender».

Anónimo disse...

Desde o início que Paulo Portas hostilizou sistematicamente Álvaro Santos Pereira com comportamentos eticamente reprováveis, desde queixinhas ao PM a determinado tipo de notícias na imprensa sempre numa linha negativa.

A sua "irrevogável" demissão não pode ser esquecida, devido ás nefastas consequências económicas para o país.

Portas conseguiu eliminar um adversário que estava a fazer um trabalho difícil, mas sério para a recuperação económica de Portugal e foi, lamentavelmente promovido a VPM, onde teve que engolir muito do que não queria apenas. Os portugueses aperceberam-se que, de irrevogável a sua demissão nada tinha, apenas serviu para reforçar os seus apetites de vaidade política e pessoal.

O seu partido certamente que irá ter uma votação em consequência das suas atitudes e isso talvez contribua para o seu merecido repouso longe da política, dedicado talvez a escrever as suas memórias.

Anónimo disse...

Já passou um ano? Então está na altura de fazer outra "birra" irrevogável.

ricest disse...

Paulo...«em nome do que o próprio achou ser mais importante para o seu país»...como?…se estamos a falar do nosso "Hermafrodita de Mazarini”. Aliás da política foi mesmo só o que sempre lhe interessou. Transformou o CDS num partido uninominal assim, tudo o que decide para si, resolve o destino do partido. Sim há um ano PP derreteu, dissimuladamente, o resto do «pavio politico» que o pobre CDS ainda mantinha de reserva. Agora, que a longa noite os espreita, em vez de uma coligação, talvez sobre uma OPV a um PSD neo qualquer coisa e, quiçá, um novo espelho dourado para himself…

Anónimo disse...

Paulo Abreu - e - Lima é dos comentadores, embora esporádicos, mais hilariantes deste Blogue.
Que "divertido" comentário! Acreditar no que o bom do Paulo Abreu e Lima diz sobre o seu CDS é o mesmo que acreditar em Ovnis a aterrar por cá para salvar a pobre Pátria, tão maltratada pelos irrevogáveis deste Governo. Ainda estou a segurar a barriga de riso!
a) Alfredo K.

Anónimo disse...

Se a trapalhada no PS continuar, ou, muito me engano,ou, Pedro Passos Coelho não vai precisar mais de aliados!

Anónimo disse...

Faço minhas as palavras Paulo Abreu e Lima. Felizmente, existe muita gente que pensa como nós. A razão da existência de um partido político está na sustentação de uma ideologia voltada para as necessidades de um povo, neste caso, em assumida bancarrota, e não em "partidarites": Viva Portugal!!

Nota: “Memofante” é o que aconselho aos meus compatriotas que esqueceram as reformas e o desempenho do ministro Vítor Gaspar em relação à Economia e a Álvaro Santos Pereira. Quando Paulo Portas assumiu o novo cargo tinha como intuito principal proteger esse Ministério e, para isso, era necessário ter como ministro alguém em quem acreditasse e, que fosse da sua máxima confiança. Só, nessas condições, poderia salvar Portugal de mais um resgate e, por sua vez, aceitar o cargo de Vice-Primeiro-Ministro.

Anónimo disse...

Até "compreendo" o porquê das afirmações do sr. Paulo Abreu e lima, mas, o anónimo das 22.02 não estará a delirar?

Anónimo disse...

Pois é a Tutela continua a trabalhar desta forma: http://observador.pt/2014/06/24/revolucao-vista-nos-suplementos-dos-diplomatas/
No dia em que deixarmos de ter meios de vez, pode ser que a falta de corporativismo de muitos colegas seus "de profissão", pelo menos, comece a existir, Cumprimentos

Anónimo disse...

Creio efectivamente que o anónimo das 22:02 está a ver a situação de uma maneira irrealista.

Portas atacou desde o início Álvaro Santos Pereira, porque queria fazer show-off em Portugal e no estrangeiro e dizer que era o responsável pela recuperação económica do país.

Como todos sabemos isso não é minimamente verdadeiro. O que Portas fez para a recuperação da economia portuguesa foi o brutal aumento dos juros da dívida de Portugal na sequência da sua "irrevogável" demissão.

Isabel Mouzinho disse...

Hesitei em intervir, mas tenho por hábito dizer o que penso.
E quando o faço, faço-o sem me esconder por trás de um anonimato qualquer que, perdoar-me-ão, me parece sempre uma certa forma de cobardia.
Dito isto, eu também concordo com cada palavra de Paulo Abreu e Lima, e até com as vírgulas e as aspas.
É que com tanto que há de criticável na política portuguesa, não deixo de estranhar uma tendência para a maledicência quando se trata de Paulo Portas e para o facto de qualquer comentário que lhe seja favorável suscitar de imediato inúmero ódios e acesas paixões, que a mim me parecem quase inveja e aquela coisa, tão portuguesa, de não tolerar quem se destaca.
Paulo Portas terá certamente muitos defeitos (não temos todos?), mas eu admiro-lhe a inteligência, a vontade e a coragem. E não me importava nada que houvesse muitos políticos como ele. É que, se calhar, não estaríamos como estamos hoje.
Por mim, tenho vontade de lhe agradecer o que tem feito por nós. E pergunto-me, muitas vezes, o que que fariam no lugar dele os que o criticam e não se calam com o "irrevogavelmente". Mas prefiro não o saber...

Paulo Abreu e Lima disse...

Excelentíssimo Senhor Embaixador, permita-me, por obséquio, que aproveite este seu espaço para tecer dois ou três comentários aos que se me dirigiram:

Acho alguma piada a quem acusa Paulo Portas de, com a sua atitude, ser o único responsável pelo pontual aumento das taxas de juros nos mercados das dívidas soberanas, quando toda a oposição fez de tudo para que tal sucedesse. No próprio PS houve quem tenha dito "se não pagarmos, os alemães até tremem". A determinada altura, para bastas franjas do PS, o lema foi "quanto pior melhor"! E é exactamente isto que critico: colocar os interesses partidários à frente dos nacionais. Ninguém aqui ovaciona a carta de PP, mas nunca esquecer que antes desta houve outra. A do Vítor Gaspar que, além de orientações muito concretas e avisos futuros, acusava membros do governo (Paulo Portas) de inviabilizar a última avaliação da troika.

Isabel, por este rol de comentários, não há anónimos, apenas "esquecimentos" de conveniência.

Grato, Senhor Embaixador, os meus cumprimentos.

Anónimo disse...

isto o pessoal gosta de reagir...

Anónimo disse...

Sr. Embaixador, se me permite:

Cara Isabel Mouzinho,

"Que Paulo Portas se destaca, que terá certamente muitos defeitos, que lhe agradeça", parece-me muito bem, é a sua opinião.

Mas, afinal o que fez PP, a não ser agarrar-se ao poder, com muita força e cada vez menos competencias?
Não, isto não é coragem!

É coragem que cresce com a ocasião

Anónimo disse...

Que Trio: Lima, Isabel e Portas! Fantástico tanto patriotismo!
Ricardo N. Pereira
Parede

Anónimo disse...

Os comentários da Isabel Mouzinho e do Paulo Abreu e Lima são cá de uma isenção!

a)Maria Irrevogável

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