quinta-feira, julho 03, 2014

O conselho e o Estado

Custa muito a compreender o sentido da reunião de hoje do Conselho de Estado. Recordo momentos graves da nossa vida política recente durante os quais o chefe de Estado não entendeu útil promover a reunião dos conselheiros, não obstante muitos terem então considerado que haveria fortes vantagens em que tivesse havido um debate aberto sobre a situação que se atravessava. Todos se lembrarão também da bizarra agenda da última reunião deste órgão, em total dessintonia com o momento político que então se vivia, o que levou a que as discussões se tivessem desviado do objetivo inicial. E já não é segredo para ninguém que muitos conselheiros continuam a não se reverem nas conclusões que, em seu nome, são extraídas no final das reuniões. 
 
O Presidente da República é dono e senhor das agendas do Conselho de Estado, que convoca quando muito bem entende. Porém, não se pode eximir a que haja juízos de valor sobre a oportunidade dessas convocatórias. E, por isso, também não se deve surpreender se houver quem considere que a reunião de hoje tem muito mais a ver com a necessidade do chefe de Estado "cumprir o calendário", por forma a poder vir a tentar demonstrar, porventura em benefício do prefácio do último dos seus "Roteiros", que fez tudo quanto estava ao seu alcance para promover "consensos" e que não terá sido por sua culpa que os mesmos não tiveram lugar. Com o devido respeito, o espaço nos livros de História não se ganha desta forma. 

11 comentários:

Isabel Seixas disse...

Existe também a possibilidade da estratégia do retardador para espaço de manobra...

Anónimo disse...

Nào me admirava nada que o PR resolvesse marcar eleições antecipadas, aproveitando o estado actual do PS e fazendo mais um jeito ao Governo. É claro que o PS apareceria formalmento todo atrás de Seguro mas, face ao que se passou nas últimas semanas, nenhum português acreditava nessa unidade de fachada. Provavelmente, a vitória do PS seria ainda menor do que nas Europeias, se vitoria houvesse. Como é que o PS chegou a este estado, depois do saque dos últimos três anos? Em condições normais, deveria ter pelo menos 50% dos votos, com uma participação maciça dos eleitores. Desperdício e incompetência não é?

opjj disse...

Impossível agradar a todos. Lá diz o ditado; cada cabeça sua sentença.
Uma coisa é certa, o Homem foi contestado por muitos que se achavam melhores, foi a votos e ganhou várias maiorias.
Fui consultar dados e constatei que o periodo em que as contas públicas foram melhores foi no seu consulado apesar da dívida estar a 54%. A indústria cresceu 30%, a agricultura cresceu 10%.
Guterres recebeu um país solvente e deixou-o ir abaixo.
Curiosidade, Cavaco Silva não conseguiu implementar propinas. Foi muito contestado. Guterres fê-lo sem oposição.
Dados são dados.
O Homem está cercado, não pode fazer diferente.
Cumps.

jmc disse...

Já existe um consenso nacional acerca da sua prestação como titular do cargo.

Anónimo disse...

Que "ganda" Post, Oh Seixas!
"Dacordo"!
FSC a sair e bem da casca!
Abç.

Anónimo disse...

O homem está doente, mas como é teimoso não se demite.

patricio branco disse...

um presidente tortuoso, estranha pessoa a decidir, verdade que a posição nos livros de historia não se ganha desta forma e o conselho de estado é pena servir, mesmo que contra a vontade de vários dos seus membros, para cobertura de objectivos e atitudes pessoais, o pais, os cidadãos são esses os seus fins

Cunha Ribeiro disse...

Concordo com tudo Sr Embaixador. Aliás o que diz é amplamente corroborado pelas intervenções patéticas que teve no tempo de Sócrates, onde só o preocupou aquilo a que os portugueses menos importância atribuíram, como foi o caso do famigerado Estatuto dos Açores... Lembram-se? E mais, Dias Loureiro só não reúne hoje com os conselheiros de Estado porque Cavaco não manda sozinho...

Carlos Fonseca disse...

"(...) a reunião de hoje tem muito mais a ver com a necessidade do chefe de Estado "cumprir o calendário", por forma a poder vir a tentar demonstrar, porventura em benefício do prefácio do último dos seus "Roteiros" (...)

Em cheio, no alvo.

Não deve haver político em Portugal com o capote mais seco, de tanto ser sacudido, do que este homem, que pretende convencer-nos que não é político.

Assim como tentou fazer passar a mensagem de que a sua ida à Figueira da Foz, há 30 anos, aconteceu apenas porque precisava de fazer a rodagem do carro novo.

E por aqui me fico, porque se começo a pegar nas pontas do inquilino de Belém, não chega o espaço.

Anónimo disse...

Nenhum destes comentadores, excepto talvez um, nem o embaixador, votou no presidente e todos querem que ele faça o que eles gostariam que fizesse.
Eu votei nele e não o critico por tentar o que todo o português não engajado na política quer: entendam-se!
Ao anónimo das 6,27 não lhe passa pela cabeça uma hipótese: os portugueses sabem em que estado estava o país há três anos e não acreditam em histórias da carochinha tipo: e então, só então, apareceu o lobo mau, um neo liberal do caraças, que por gostar de dar cabo de tudo aumentou os impostos, baixou as reformas e deu cabo da saúde. É uma história que não pega, né?
João Vieira

Anónimo disse...

Muito bem escrito, o que é evidente para todos.
Curioso o comentário do Opjj. Ainda há quem acredite.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...