Sabem o que é a Gomes? A maioria dos leitores deste blogue não sabe, estou certo. Tal como acontece em todas as cidades, Vila Real tem um café de culto. Neste caso, a Pastelaria Gomes.
Porquê a Gomes? Porque sim. Distinguiu-se sempre da antiga Pompeia, do meu desaparecido amigo Neves, por ser mais cosmopolita; da Rosas, do sr. Rosas, por ser mais intimista e dispensar as bizarrias do Toninho; do Excelsior, por ser mais elitista, por esconder os bilhares e não ter dominó; do Clube, por não ser habitual por lá ver comerciantes de gado de samarra e cajado; do Imperial, do sr. Lima, por ali não ser hábito ver o patrão a bater nos clientes; da Brasileira, logo em frente, porque, c'os diabos!, nunca custou nada atravessar a rua.
A Gomes começou na "Gomes velha", onde ainda me recordo de ver, à porta, o sr. Gomes e onde hoje se vai pelo bolo-rei, pelas "cristas de galo", pelos "jesuítas" ou, sazonalmente, no S. Brás, pelas "ganchas" e pelos "pitos" de Santa Luzia, embora a concorrência doceira do Lapão seja cada vez mais feroz. Foi depois construído o novo edifício, que teve a imensa novidade de possuir um elevador... que nunca ninguém viu funcionar. E que tinha, no alto de um mastro, uma misteriosa lâmpada que se mantinha acesa enquanto a casa estivesse aberta à noite, sinal de que podiam ser servidos, se se apressassem, os "connaisseurs" que viessem do Porto, pela estrada velha, logo que chegados à "curva do espanto", em Arrabães, primeiro lugar de onde, no Marão, se vislumbravam as luzes da cidade.
Se a memória me não falha, a Gomes foi, em Vila Real, o primeiro café onde as mulheres podiam ir, com naturalidade, sozinhas. Dizia-se, nesses anos, que receber um convite para tomar chá na Gomes ("em cima", sempre "em cima") com a dona Irene Viana (mulher do dentista e meu professor de ginástica) era o passaporte para a entrada das senhoras na sociedade local. E, glória das glórias!, embora poucos se lembrem disso, a Gomes foi talvez o único lugar público do género onde, que me lembre, nunca entrou uma infernal televisão.
Se a memória me não falha, a Gomes foi, em Vila Real, o primeiro café onde as mulheres podiam ir, com naturalidade, sozinhas. Dizia-se, nesses anos, que receber um convite para tomar chá na Gomes ("em cima", sempre "em cima") com a dona Irene Viana (mulher do dentista e meu professor de ginástica) era o passaporte para a entrada das senhoras na sociedade local. E, glória das glórias!, embora poucos se lembrem disso, a Gomes foi talvez o único lugar público do género onde, que me lembre, nunca entrou uma infernal televisão.
Na Gomes sempre houve zonas geográficas mais ou menos consagradas, que não revelo para não identificar alguns dos seus regulares ocupantes. Entre eles, há os que afivelam sempre um ar "grave", de "polícia da Régua", que parece fazer parte da condição necessária para serem levados a sério. Outros falam para serem ouvidos nas mesas ao lado, num dispensável, por ineficaz, esforço de proselitismo. Os mais discretos, mas, nem por isso, os menos atentos, ficam-se pela mesa mais misteriosa de todo o café, com dois lugares, que está perto da porta interior, o único poiso onde se consegue ter uma conversa "tête-à-tête", sem risco de penduras.
A disposição física do espaço torna a Gomes uma espécie de plateia de um antigo teatro francês, com o "coté cour" e o "coté jardin" a ser dado pelas entradas - seja pela antiga máquina do fiambre (sede clássica de pouso do Zé Araújo), seja pelo antigo balcão dos "furinhos" dos chocolates, onde se colocavam jornais com suporte de madeira e onde, durante muito tempo, esteve o telefone preto. Essas duas entradas do proscénio (o Achilles explicaria isso, mas quem não for de Vila Real sabe lá quem era o Achilles) induzem uma visível timidez em certos visitantes ocasionais, atarantados pelo infalível escrutínio, seguido de cochicho. No verão, tirado o vetusto "estrado", a saída para a avenida muda o cenário, que se prolonga então pela esplanada. Obter por aí um café, em dias de enchente, é um privilégio que obriga a meter cunhas.
A disposição física do espaço torna a Gomes uma espécie de plateia de um antigo teatro francês, com o "coté cour" e o "coté jardin" a ser dado pelas entradas - seja pela antiga máquina do fiambre (sede clássica de pouso do Zé Araújo), seja pelo antigo balcão dos "furinhos" dos chocolates, onde se colocavam jornais com suporte de madeira e onde, durante muito tempo, esteve o telefone preto. Essas duas entradas do proscénio (o Achilles explicaria isso, mas quem não for de Vila Real sabe lá quem era o Achilles) induzem uma visível timidez em certos visitantes ocasionais, atarantados pelo infalível escrutínio, seguido de cochicho. No verão, tirado o vetusto "estrado", a saída para a avenida muda o cenário, que se prolonga então pela esplanada. Obter por aí um café, em dias de enchente, é um privilégio que obriga a meter cunhas.
Foi pela Gomes que eu comecei a parar, ainda nos tempos de liceu, com mesa marcada "em cima", ao canto esquerdo de quem entra, com o brandy L34 a acompanhar o café, erro que sinto, para sempre, na memória do meu fígado. Por aí passei muitas horas a discutir coisas fúteis da vida e, cada vez mais, da política. Para as caves da Gomes fui cooptado, ritual de iniciação a que atribuí grande importância, para a visualização de alguns filmes heterodoxos, trazidos da estranja por ousados viajantes locais, sobre cujo conteúdo a moral deste blogue me não deixa elaborar. Foi na Gomes que, com alguns outros, fui, em 1969, interpelado pelo comandante da GNR, por comentários entendidos como "subversivos", que, sem consequências de maior, nos conduziram ao Governo civil.
A Gomes, honra lhe seja!, foi sempre um espaço plural, nunca foi grandes políticas sectárias, por lá pararam, serenamente, todas as tendências, da Situação ou da Oposição - e eu estive, ao longo dos tempos, em ambas, e não necessariamente por esta ordem. Em várias décadas, nunca deixei de "ir à Gomes", nas minhas estadas aperiódicas por Vila Real. E por lá passo, com gosto, em férias, sempre que posso, para rever amigos e conhecidos. E, claro, para comer um covilhete ou uma fatia de bola de carne.
A Gomes, honra lhe seja!, foi sempre um espaço plural, nunca foi grandes políticas sectárias, por lá pararam, serenamente, todas as tendências, da Situação ou da Oposição - e eu estive, ao longo dos tempos, em ambas, e não necessariamente por esta ordem. Em várias décadas, nunca deixei de "ir à Gomes", nas minhas estadas aperiódicas por Vila Real. E por lá passo, com gosto, em férias, sempre que posso, para rever amigos e conhecidos. E, claro, para comer um covilhete ou uma fatia de bola de carne.
A Gomes dos dias de hoje está diferente da dos velhos tempos. Às vezes, vejo-a um pouco desleixada, o pessoal, embora simpático, tem um ar um tanto errático e demasiado "casual" para o meu gosto - eu venho dos tempos clássicos do João, do "Sapo", do Gonçalo, do Fernando ou do José. Mudaram agora de traje, depois de uns balandraus que usaram, pretendidamente de côr laranja, muitas vezes já a justificarem uma visita aos sucessores do Alarcão (se não é vila-realense, passe para o parágrafo seguinte). Prova de uma mudança radical da Gomes é o facto de, julgo que pela primeira vez na sua história, "A Voz de Trás-os-Montes", no ano passado, não trazer um anúncio natalício que já havia ficado histórico na cidade: ao canto de um grande espaço em branco, havia uma nota que dizia: "se a Pastelaria Gomes necessitasse de publicidade, utilizaria este espaço"*. As instituições - e a Gomes é uma instituição - fazem-se de simbolismos. E estes devem respeitar-se, sem o que a identidade se esvai. Atenção, ó gente da Gomes!
Hoje, dia de Natal, a Gomes estará fechada, creio eu (com a crise, sabe-se lá!). Mas há um lugar que, com toda a certeza, não "fecha" e à volta do qual a cidade gira. Esse lugar é a esquina da Gomes, um marco geográfico, charneira entre a avenida Carvalho Araújo e o largo do (regressado) Pelourinho. Por lá nos encostávamos, na adolescência, para ver sair o "pequename" da missa da Sé, logo em frente. Nos invernos, a esquina é sede de ventanias sem par, onde confluem grupos que atiram uns aos outros um indizível "Méixiôres!" (que do vila-realez apressado se transcreve como a saudação "Meus senhores!", enviada de um grupo de passeantes a outros), nesta época natalícia logo seguido do clássico "Continuação!", expressão que se utiliza até aos Reis. Por lá se passeiam, nos dias 25 de dezembro, com sol ou sem ele, as camisolas-de-losangos e os cachecóis que "saíram" nas prendas da véspera, vestindo amigos e conhecidos, mais ou menos "graves", que, do percurso do liceu ao "cabo-da-vila" (desistam aqui os não-vilarealenses), calcorreiam, devagar, a memória sedimentada desde a infância. Como aqui agora fiz, "preso", este ano, a Paris.
Em tempo: o anúncio regressou a "A Voz de Trás-os-Montes". Ainda bem! Um vila-realense amigo mandou-me esta imagem do antigo anúncio. Veja-se a evolução semântica de "reclame" para "publicidade"
Em tempo: o anúncio regressou a "A Voz de Trás-os-Montes". Ainda bem! Um vila-realense amigo mandou-me esta imagem do antigo anúncio. Veja-se a evolução semântica de "reclame" para "publicidade"
34 comentários:
Mas que texto tão bonito. O candeeiro, no telhado, ainda lá está. Julgo que não acende.
Bom Natal.
Vítor Nogueira
Gostei imenso deste post, dada a qualidade da narração e do registo das vivências que traduz.
Curiosa a importância que uma pastelaria assume na vitalidade social da cidade.
Viva sr Embaixador,
Ontem (24) era um rodopio à volta da Gomes.Havia fila p comprar o bolo rei.
1 abraço e um Santo dia de Natal.
Arm.
Interessante crónica citadina enriquecida com memórias pessoais de gentes e lugares.
Ao ver a fotografia, pensei por momentos que a pastelaria nacional em lisboa tinha mudado de nome, tal a parecença da esquina e edificio.
Uma boa leitura nesta manhã de natal. E dá vontade de conhecer a gomes e vila real onde só estive uma vez há muitos anos.
O elitismo em Portugal é um "case study" de grande interesse social para se conhecer este país.
Este texto de amor a Vila Real e de (algum) desencanto com a actual Gomes (quase) me faz lamentar não ter nascido em Vila Real.
Mas lamento mesmo não ter estado mais vezes nessa cidade, onde não vou há mais de dez anos, apesar de passar com relativa frequência no IP4 a caminho de Bragança.
Bom Natal para todos.
Carlos Fonseca
O SenhorEmbaixador não nos avisou que tinham saído 9 páginas sobre si há uma semana, na revista que acompanha o JN. Sem fotografias pode ter-se o texto: http://www.dn.pt/revistas/nm/interior.aspx?content_id=2190316
Foi uma visita relâmpago que há dias, alguns anos depois da anterior, trouxe Vila Real até mim.
À medida que a cidade se aproximava, descendo pela A24 – IP4, comecei a pensar na Gomes e a saborear na memória, o aroma e paladar dos covilhetes quentinhos a chegarem da cozinha.
Estava fechada! Era o dia de folga, disseram. Foi um desconsolo que a alternativa do que foi a Gomes velha, agora totalmente renovada, substituiu à altura. Os covilhetes ainda têm quase o mesmo paladar, agora com um nostálgico e intenso gosto de saudade.
Impressionante, o rigor do desfile descritivo da Gomes que este post descreve. Parabéns. Um punhado de imagens não fariam melhor do que estas 1189 palavras.
Aqui está tudo milimetricamente arrumado, e até as omissões trazem os nomes e as caras dos cidadãos estampadas nas entrelinhas.
A esquina da Gomes, o lado de fora, era algo que se ignorava primeiro, se ambicionava depois, e que só mais tarde se frequentava, à medida que alguns finalistas abandonavam a “bila” para se dirigirem a cidades universitárias, deixando os lugares vagos para serem ocupados pelos que íamos crescendo na juventude e ha hierarquia liceal.
Como diria o outro – já fui tão feliz à esquina da Gomes!...
Um abraço e boa recuperação
... comes o pão que o teu pai te dá, passas o dia na roça da ESQUINA ainda dizes que vida vai má?... havia da guita ser mais pequenina... (letra de musica rock anos 80 do grupo Troco)
Este precioso "script" foi escrito para um filme "d'auteur"! Não faltam cheiros, cores, contra-luzes, movimentos de câmara, personagens a sair e a entrar, rostos vividos e outros a ansiar viver, calças à boca de sino e saias a voar, sorrisos, tímidos e de escárnio, o bailado dos empregados em uniforme, espuma de cerveja misturada com a do café, chás e bolinhos com malinhas de mão "assorties" aos sapatos das jovens tímidas de tanto assédio mal dissimulado, fins de noite em busca clandestina da origem do mundo, prazeres contidos, e depois, a esquina! Ah! as esquinas dos cafés onde se contavam as conquistas inventadas tirando baforadas de SG tudo isto sob vapores de L34... que grande exito, este magnifico filme!
Pois irei até lá para a semana.
Nnca fui a Vila Real. Nesta provecta idade sou uma má conhecedora de Trá-os-Montes.
Sei que vou lá comprar o bolo escangalhado, quem sabe na Gomes.
Bom ano e tudo de bom...
:))
Esqueceste-te daquele que só conseguia argumentar rodando uma caneta em cima da mesa de vidro. Tirar-lhe a caneta era a hipótese que eu tinha de contestar a sua argumentação esquerdista...
Caríssimo Zé: nesses tempos "heróicos" (já lá vão mais de quatro décadas!) um argumentário esquerdista e radical opunha-se ao da figura institucional do "secretário" do Governo Civil. Éramos uns grandes "maduros" (não "Roxos")! A luta política - entre a Oposição que eu também era e a Situção que tu oficiosamente representavas - também se fazia então sobre o vidro daquelas mesas redondas, nessa "primavera" marcelista que estava a dar as "últimas" do grande bluff que foi. Olhando para trás, sem nostalgias nem saudades, foi um tempo com muita graça, naquele eterno palco da Gomes dita "nova". Um bom Natal para ti ou, como se diz na "bila", "continuação".
"Quíco"...foi um prazer "reviver o passado na Gomes" ... Conta a lenda que uma noite fria á porta da Gomes o Governador Civil da altura, que ia a entrar disse: - meus "xiores", está um frio tipicamente transmontano, ao que alguém respondeu:- está mazé um frio ....coiso.
Ainda estou a ouvir os sinos do S.Brás a tocar durante as aulas no liceu...
Um abraço
Caro Zé: não é lenda, não. A história passou-se com o coronel Augusto Sequeira, governador civil, que ia acompanhado do ministro do Interior, o bragançano Trigo de Negreiros. À aproximação da porta do café mais próxima da avenida, o coronel, homem de Vassal, perto de Valpaços, partilhou com o ministro o gozo desse saudável frio seco que só existe na esquina da Gomes: "Está um frio tipicamente transmontano". Um fulano assamarrado, que estava a "guardar" a esquina, e que não fazia a mínima ideia de quem eram os finaços, terá dito: "Tá mas é um frio f...". Rezam as crónicas que um cívico foi chamado pelo ultrajado governador, com recolha por algum tempo à esquadra da Dom Jerónimo do Amaral - o mesmo lugar onde tu e eu um dia fomos levados por uma altercação com um sinaleiro em frente ao Rafael (não te lembras?). Forte abraço
Colorida evocação dessa instituição imperecível, a Gomes, com o seu "palco das vaidades", a mesinha de dois, as tertúlias políticas, os empregados (faltou o Plácido, que depois geriu a Brasileira), o Foquita, o incidente Sequeira, a esquina em que tanta juventude se perdeu e o candeeiro do telhado, cuja função só agora entendi. Não esqueceste o elevador fantasma nem o anúncio branco da Gomes na "Voz de Trás", como o jornal era alcunhado por anticlericais e católicos com humor. Nem sequer faltou, na onda evocadora, a figura severa do Achilles, que clandestinamente coleccionava as alcunhas dos vilarrealenses, deixando arquivadas para cima de seiscentas - incluindo, presumivelmente, a minha e a tua.
Um grande abraço e votos de feliz ano novo!
Zé B
Caríssimo Zé B: muito obrigado pela tua visita "À esquina da Gomes". Julgo que vou surpreender a tua memória com uma pequena história, que te dedico, logo às noite.
E o Chico Cereja? E o Pincha? E o Honório? E o Digníssimo? E o Bertelo? E o Viromundo? E o Manuel Pataquinhas? Que era a Gomes sem eles?
Padre Henrique
atenção vilarealenses estam-se a esquecer de um grande carismático de todos os tempos da gomes o professor alex, mas há mais por exemplo a mila,a bichoqueira ,o pinto,o trindade,o fernando caruca,o famoso pincha ou chicli com o seu boné de turismo,sem esquecer as famosas marianas , a esquina da gomes era o melhor sitio para ver passar o famoso regadinho que o diga o dr. zézé
atenção vilarealenses estam-se a esquecer de um grande carismático de todos os tempos da gomes o professor alex, mas há mais por exemplo a mila,a bichoqueira ,o pinto,o trindade,o fernando caruca,o famoso pincha ou chicli com o seu boné de turismo,sem esquecer as famosas marianas , a esquina da gomes era o melhor sitio para ver passar o famoso regadinho que o diga o dr. zézé
a pastelaria gomes era o cartão de visita da nossa vila real nos tempos saudosos das corridas,lembro-me ainda das ruas cheias de camones e a pastelaria gomes e a churrasqueira do freitas cheia de ingleses,as varandas do hotel tocaio cheias de pessoal vindos de todo lado,que saudades.
a primeira vez que entrei na gomes foi depois do 25 de abril porque ate ai pensava eu que a pastelaria gomes era só para os ricos da cidade, então eu e um amigo entramos numa de gozar o empregado, tinhamos entre 15 a 16 anos de idade e pedimos ao empregado que na altura era o sr. alexandre (o trai trai)2 refrescos de leamba,e ele não se mostrou preocupado com o pedido e trouxe-nos 2 bagaços mas altamente bem servidos em copo de balão,no fim pagamos e ele disse-nos assim meus meninos eu não precisei dum 25 de abril para ser malandro a universidade da vida e da gomes ensinaram-me muito,por isso escusais de pedir mais refrescos de leamba que eu não vos sirvo,o mais engraçado da estória foi que nós não bebemos o bagaço mas tivemos que o pagar.como diria o saudoso fernando pessa e esta hem?
Não foi o Zé mas sim irmão ( Joe) que relembrou a história da lenda... De qq maneira vou gostar de ler historias da Bila, e coisas bizarras como o Toninho da Rosas que tinha um camaleão na montra...
Magnifico texto sobre aquele local de culto que dá pelo nome de Gomes, esquina da Gomes, Porta da Gomes,etc. Também por lá consumi muitas horas da minha vida. Se não estava em casa estava na Gomes. Não posso passar sem deixar mais um episódio. Por vezes eu e uns que tais, abancavamos numa das mesas redondas do presépio, em dia em que o João (vermelhinho) estava de serviço pois só ele sabia da questão, e pediamos um chá frio com torradas. Lá vinha o João com sorriso de quem está a alinhar numa marosca e coloca o bule com as chavenas e as torradas. Até aqui tudo normal não fora o caso de o bule vir com um vinho braco fresquinho. Ai se os vizinhos(as) descobrissem. Era o fim da picada e o desgraçado do João podia ficar em maus lençois. Aquela sociedade não tolerava que putos do liceu setassem naquelas mesas com uma garrafa de vinho à frente. Era um escandalo.
Um abraço e as melhoras
Celso
Fiquei super contente por ver uma crónica sobre um espaço onde guardo parte d aminha infãncia e adolescência. Sou filho do Senhor António Botelho, que foi durante mais de 20 anos gerente desta mitica casa. Foi talvez a maior figura que alguma vez passou pela Gomes, o seu profissionalismo, a sua simpatia e a sua amabilidade são ainda hoje recordadas por imensas pessoas. Para além dos funcionários aqui citados vou deixar aqui mais alguns nomes que me recordo: Manuel Reis, José Manuel,Anibal,Zé Armando, Senhora Olimpia, Graça(mulher do fernando sousa, existia nessa altura um senhor que erqa capitão que sofria de cataratas que entrava junto com a sua filha e tinham sempre uma garrafa de águas das pedras no frigorifico que ficava junto da arca dos gelados e que durava uma semana, por lá conheci imensa gente, por lá assisti a imensos episódios que me recordo amiudadas vezes, eu próprio juntamente com os meus irmãos estávamos desde miuds aptos a servir clientes, tanto no balcão do salão como no balcão da cervejaria, foram bons anos e de grandes recordações.
Ir à Gomes em Vila Real é para mim o mesmo que ir ao Majestic no Porto.
Um café, como o outro, contam parte da história destas cidades.
Vou aqui transcrever um texto de um quadro existente na Gomes, que ajuda a ilustra e a melhor compreender o muito que já foi dito:
"O café vem assim a ser, ao mesmo tempo e em todos os dias do ano, sucessivamente ou à uma, tribunal de costumes, aula de desporto, assembleia política, tertúlia académica, antro conspiratório.
Em resumo:
Feira das vaidades.
As vaidades compram-se e vendem-se, em Vila Real à mesa do café."
A.M.Pires Cabral
o bertelo, o toninho rosas... falta o cara de reco, o zé areiaS ...
revisitei hoje o blog. Sr. Embaixador, qdo nos brinda com outro texto, sobre a Gomes , as Corridas, os covilhetes ou outros sabores...
Francisco, trato-te assim pois és mais novo que eu 2 anos e ambos somos da Bila. Sem qualquer espécie de lamechices adorei ler este post tão, mas tão simples como autentico filme! Pois é! eu morava na casa pegada à "Casa Diogo Cão" , do outro lado da Avenida e um pouco mais abaixo. Na dita casa do aventureiro tinha meu Avô o seu escritório, onde redigia e dirigia o jornal "O VILAREALENSE". Tantos dos seus escritos foram por mim tipografados... ! Mas a GÓMES! muito galão e torradas lá enfardei sempre numa daquelas mesas de vidro que creio ainda lá estão! Na "Velha" GÓMES, meu Avô me levava para comer o doce que quisesse - tradicionalmente eu preferia (na altura) umas fatias (tipo pão-de-ló) cobertas com uma pasta de açúcar e que eram molhadinhas... e depois ... um covilhete acabado de sair da fornada! Na cave da Nova, também com um galão e uma torrada, ia ao Domingo à tarde ver os programas para miúdos de TV (sim, Francisco, havia TV lá em baixo) e que terminavam invariavelmente com os palhaços a tocar "la campanera" ! O Achiles, íntimo do meu Avô, via-o constantemente ou em casa, ou no escritório do meu Avô ou na Brasileira, onde todos os dias pelas 5 da tarde se "reunia" com o Tenente Pureza... Bom! este espaço não é meu e isto está a ficar longo. Desculpa ! Abraço.
Carlos de Matos
E agora o que é que eu faço? Meto-me já no carro e rumo a Vila Real para matar este desejo súbito de comer um covilhete ou um napoleão ou uma crista de galo ou todos e mais alguns? Na Gomes, evidentemente...
Espetáculo de texto. A realidade de anos passados, contudo ainda restam algumas pequenas coisas de antigamente. No verão, dias de esplanada, continua ser necessário meter a "cunha" para ter o café na mesa.
De inverno, resta a Gomes aberta para que "estrangeirados" se possam deliciar com os pasteis de Vila Real (só quem conhecer o Lapão, os da "casa" é que conseguem lá chegar).
Excelente :)
Defeito meu, a cada noite de Natal entre a Casa dos Taboadas e a minha, finda a festa, dou uma volta de carro pela cidade vazia. Há anos que a equina da Gomes está deserta. Já não há "esquinados" como antigamente. Talvez tenha sida a minha a última geração a dizer "continuação". Um abraço amigo, Francisco.
Mário Montes? Pedro Bianchi ? E tantos pronto...
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