Por esta hora, e nesta precisa data, um grupo de quase duas dezenas de "implicados" no 25 de Abril reune-se numa almoçarada que tem como único objetivo saudar esse mesmo 25 de Abril. Só isso.
Viva o 25 de Abril!
notas pouco diárias de Francisco Seixas da Costa
Viva o 25 de Abril!
Já faltou menos para surgir por aí alguém a propor a Ordem da Liberdade para os fundadores do ELP e do MDLP. E também já faltou menos para lha darem.
Dois terços dos senadores do Partido Republicano americano não foram eleitos no dia 5 de fevereiro, isto é, na onda política Trump II. É de entre estes senadores, alguns dos quais são figuras referenciais dos seus Estados, que podem vir a surgir algumas surpresas.
Todos quantos acham que Mário Soares, se fosse vivo, se associaria a uma celebração do 25 de novembro fingem esquecer que o próprio Mário Soares, como primeiro-ministro ou presidente da República, nunca demonstrou o menor interesse em organizar ou participar numa evocação da data.
Tive o privilégio de fazer parte dessa magnífica equipa, chefiada por Nuno Santos, em grande parte desse percurso.
É uma bela história de profissionalismo e de liberdade opinativa.
Na 4ª feira, em "A Arte da Guerra", o podcast semanal que desde há quatro anos faço no Jornal Económico com o jornalista António Freitas de Sousa, estranhei o facto do TPI ainda não ter indiciado Netanyahu. Horas depois, o procurador deduziu a acusação. Poder é isto, aprendam...
A utilização pela Rússia de um novo míssil hipersónico só foi uma surpresa porque tinha sido criada a ideia de que o passo seguinte, depois dos meios convencionais usados, seria o nuclear tático. Ora era muito duvidoso que Moscovo se arriscasse a ir por aí, antes de testar Trump.
Em face da instrumentalização que a direita e a extrema-direita pretendem fazer na próxima segunda-feira na Assembleia da República, que distorce o significado histórico da data, o Partido Socialista há muito que deveria ter informado o Presidente da República e o Presidente da Assembleia da República de que iria manter apenas uma representação simbólica no plenário.
Acho de uma naïveté simplória os raciocínios que levam a sério a letra da doutrina nuclear russa. Como se a Rússia, no dia em que lhe der na gana bombardear alguém, vá consultar a "doutrina": "Ora deixa-me lá ver se, ao carregar no botão, não estou a infringir alguma alínea"...
Tal como vários dos seus contrapartes já fizeram, seria interessante que Luís Montenegro anunciasse que, se Benjamin Netanyahu puser um pé em Portugal, será imediatamente detido. E pode também pôr Putin no "pacote", para se sentir mais à vontade.
Quem por aqui tanto se tem congratulado com o cerco feito a Putin pelo Tribunal Penal Internacional estará, com certeza, ao lado desse mesmo tribunal na luta pelo cumprimento do mandado idêntico agora emitido para a detenção de Netanyahu. Ou não?
António José Seguro anuncia-se para Belém. Fá-lo no tempo certo, oferecendo ao espaço socialista um nome com uma seriedade indisputável, alguém que, depois da sua saída de cena da política partidária, soube usar a palavra com uma inteligente parcimónia.
Por que será que, neste dia que assinalam os dez anos sobre a noite em que José Sócrates foi preso à chegada ao aeroporto de Lisboa, hesitei em escrever sobre o assunto? Por que motivo, ao ensaiar o início de um simples post, dou por mim a escolher cuidadosamente as palavras, como se estivesse a pisar um terreno imensamente delicado?
Naquela noite de 2014, ao saber da prisão de José Sócrates, isso perturbou-me. E, no entanto, a minha relação com ele nunca havia sido íntima.
Tínhamos estado juntos nos dois governos de António Guterres. Partilhámos muitas reuniões de secretários de Estado, vi com naturalidade a sua chegada a ministro. Era uma estrela ascendente dentro do executivo, tinha claramente a confiança de Guterres, assisti a excelentes prestações suas em conselhos de ministros. Aqui entre nós, tinha um estilo de expressão às vezes um tanto irritante, algo auto-convencido, mas a qualidade da sua ação como que absolvia esses vícios de forma. Em todas as poucas interações diretas que, nesse tempo de governo, tive com ele, foi sempre de uma extrema gentileza e atenção. Éramos amigos? Tínhamos uma relação super-cordial, o que, nesses meios políticos, se pode identificar à amizade.
Quando saí do governo e regressei à minha carreira profissional, deixámos de nos ver. Só nos reencontrámos no Brasil, em 2005, já ele era primeiro-ministro. Nesse intervalo de cinco anos, Sócrates tinha feito o percurso que o levou a S. Bento. Constatei que era muito eficaz na defesa dos dossiês de Estado, senti-o atento àquilo que o embaixador de Portugal, que eu então era por ali, lhe assinalava como prioritário. Estabeleceu uma relação pessoal imediata com Lula, de que a ação da embaixada bastante beneficiou. Lembro-me da sua obstinação em trazer a Embraer para Portugal e o empenho que colocou na concretização desse objetivo.
Um dia, sem que alguma vez entre nós disso tivéssemos falado, fui transferido de Brasília para Paris, o meu último posto diplomático. Notei, desde a minha chegada. a forte simpatia que Sarkozy dedicava a Sócrates. Passava, entre os dois, uma corrente de energia, como pude constatar em reuniões em "petit comité", durante as suas visitas de trabalho a Paris.
Por esses tempos, em 2009 e 2010, José Sócrates fez-me vários e honrosos convites, que consegui recusar. Já no Brasil, no início do seu primeiro governo, me transmitira um desafio. Persisti sempre na minha carreira e não estou arrependido.
Depois, veio a crise. Sócrates caiu, em eleições. Alguém me preveniu que ele tencionava ir viver para Paris, pelo que não fiquei surpreendido quando um dia me telefonou. Embora o seu afirmado objetivo fosse proporcionar um melhor tempo académico a um filho, disse-me que tinha intenção de aproveitar o tempo em Paris para estudar "filosofia política". Perguntou-me se eu sabia de algum curso que ele pudesse seguir. Disse-lhe: "Só se eu procurar no Google!". E, brincando: "O teu governo tirou-me a conselheira cultural, que era a única pessoa na embaixada que sabia dessas coisas..." Apresentei-lhe um amigo pessoal, o professor luso-francês Pierre Léglise-Costa, pensando que talvez ele o pudesse informar. No dia seguinte a esse encontro, parti para Portugal, para um mês de férias. Dias depois do meu regresso, Sócrates telefonou-me: "Entrei em Sciences-Po". Felicitei-o e senti-o feliz.
No ano e meio que se seguiu, encontrámo-nos, por Paris, uma meia dúzia de vezes, duas delas com um Mário Soares de passagem e que por ele manifestava um grande apreço. José Sócrates, por qualquer razão, nunca aceitou os vários convites que lhe formulei para ir a eventos na embaixada, onde eu teria tido muito gosto em acolhê-lo. Nem pôde ir à minha festa de despedida, mas telefonou depois a dar-me um abraço.
Depois do meu regresso a Portugal, em 2013, estivemos juntos no lançamento de um seu livro, em Vila Real. Creio que foi a última vez que nos cruzámos. Mas, claro, tenho sabido de José Sócrates e acompanhado as suas atribulações, tal como acontece com os leitores deste texto, o qual, afinal, não foi assim tão dificil de escrever.
O afastamento de um dos nomes indicados por Trump para o seu governo é um revés importante, para a imagem de alguém que se pré-anunciava como um hiper-presidente, com as mãos completamente livres. A ver vamos se Trump não se "vinga", nomeando um "hardliner" ainda mais radical.
O Brasil vive um momento de verdade. Se o "complot" criminoso para impedir o regresso democrático ao poder de Lula vier a confirmar-se, com implicação provada de militares, vai ser precisa grande sabedoria para reconstruir a confiança entre estes e o poder civil.
A Ucrânia terá usado, na noite de 19 para 20 de novembro, 12 mísseis britânicos Storm Shadow, para uma única operação, apenas no "oblast" de Kursk, que ocupa. Cada míssil custa dois milhões de euros: assim, €24 milhões. É uma guerra muito cara. E um belo negócio. Resta saber o preço da paz.
O mundo de Trump tem diversos mistérios. Um deles é a racionalidade subjacente à indigitação para o governo de várias figuras com "telhados de vidro" bem conhecidos. Trump sabia que isso viria à tona. Por que arriscou? Para testar cedo a lealdade da sua base no Congresso?
Já agora: à atenção do PS, que parece andar estranhamente distraído quanto à gravidade disto.
Pode ver, depois do minuto 20, neste link.
É para mim incompreensível que continue a ser dado destaque aos bitaites políticos dos cônjuges - mulheres ou homens - de figuras eleitas. Essas pessoas não têm qualquer mandato democrático, sem prejuízo do pleno direito a terem as suas opiniões, mas só para uso privado.
Confesso que estou muito curioso sobre o que dirá a imprensa francesa nos próximos dias.
Rodrigo de Sousa e Castro, subscritor do Documento dos Nove, foi um dos "vencedores" do 25 de novembro, tal como Vasco Lourenço, presidente da "Associação 25 de Abril", organização que não vai estar presente na cerimónia que a Assembleia da República vai fazer no próximo dia 25.
Com a indiscutível autoridade que a sua posição em 1975 lhe concede, escreveu no Twitter esta síntese brilhante, que vale a pena ler :
"O VI governo, que vigorou antes (desde setembro de 1975) e após o 25 de novembro até ao I governo constitucional (julho de 1976), tinha elementos do PS, PPD/PSD e PCP e ainda militares e independentes.
A Constituinte manteve-se exactamente na mesma, antes e depois do 25N.
O Conselho da Revolução assistiu à saída do Otelo do Conselho da Revolução e do COPCON, e do Fabião do Estado Maior do Exército, mas basicamente manteve a mesma composição
As regiões militares continuaram comandadas pelo Pires Veloso, Vasco Lourenço, Pezarat Correia e Franco Charais. Ramalho Eanes foi escolhido pelo "Grupo dos Nove" para Chefe do Estado-Maior do Exército;
Os órgãos judiciais permaneceram intocáveis.
A mudança efectiva de Poder tinha-se verificado no Pronunciamento de Tancos, em Setembro de 1975, com o fim do V governo provisório e o afastamento de Vasco Gonçalves e de membros do Conselho da Revolução "próximos" do PCP.
O Presidente da República, general Costa Gomes, permaneceu no cargo de 1974 a 1976.
Não há, a 25 de novembro, nem mudança de Poder nem de Regime. Houve sim, após o 25 de novembro, um saneamento extensivo dos OCS com uma espécie de caça aos jornalistas e comentadores comunistas e, claro, tinha havida um recontro entre forças militares após a insubordinação dos páras de Tancos. que o grupo dos Nove, e o seus apoiantes militares, aproveitou para mudar comandos de alguns regimentos do Exército.
Todos, incluindo os palermas e ignorantes, têm direito a comemorar o "seu" 25 de Novembro. Foi para isso que se fez o 25 de Abril."
Pode ver aqui.
Trata-se de um livro belíssimo editado pelos CTT, em cujos balcões se pode comprar. Traz receitas de gente sabedora. Se não tem ideia do que há-de oferecer no Natal a quem gosta de cozinhar, dê-lhe "O Arroz..."!
A Associação 25 de Abril (de que sou associado) decidiu não participar na sessão que a Assembleia da República decidiu organizar no dia 25 deste mês. Acho uma decisão muito sensata. Está de parabéns por ela Vasco Lourenço. Viva o 25 de Abril, sempre!
Percebo bem que não se goste de Trump. É uma imensa ameaça mundial à prevalência de um mundo gerido por regras - e não por quem tem força. Dito isto, estou muito curioso para ver quais são os órgãos de informação que têm a lata de não lhe atribuir o título de "homem do ano".
Nada percebo de algoritmos, mas, ao contrário do que ouço dizer, ainda não me dei conta de que o Twitter esteja pior e a "propagar ódio".
Façam como eu: não autorizem comentários diretos nos vossos posts, obriguem quem deseja comentar a difundir simultaneamente aquilo que antes escrevemos e que o façam apenas para os seus seguidores, bloqueiem os chatos e os " tóxicos" e logo verão como a vida se torna bela por ali.
(Imagino que isto possa ser "chinês" para os leitores que não frequentam o Twitter.)
Com a chegada de Trump e do seu "nightmare team", eles andam contentinhos da silva: os maluquinhos das teorias da conspiracão, os negacionistas climáticos, os anti-vacinas. À coca estão putinistas, estadofóbicos e furiosos anti-ocidente, todos à espera que Trump os ajude. Isto pode ter graça!
Curioso, não é? "In 2024, Kamala Harris did worse among Black voters than Joe Biden did in 2020. She did worse among female voters. She did much worse among Latino voters. She did much worse among young voters".
Bernardo Pires de Lima é uma das pessoas que, em Portugal, pensa melhor a Europa e o mundo, tendo publicado, há pouco tempo, o excelente "O Ano Zero da Nova Europa", que António Costa apresentou no CCB. Os seus escritos e a clareza das suas intervenções televisivas provam, à saciedade, a sua fina qualidade de analista. Estou certo que vai ser um excelente apoio para António Costa.
Conheci o Bernardo quando, vai para 12 anos, regressei definitivamente a Portugal. Ainda chegámos a gizar em conjunto a criação de uma empresa de consultoria estratégica, mas a vida pressionou-nos para outros rumos de trabalho. O Bernardo publicou entretanto vários livros, sobre os quais escrevi e que cheguei a apresentar. Estivemos juntos em diversas iniciativas públicas, tentando desfazer o novelo das complexidades internacionais. Ficámos amigos.
Um forte abraço, caro Bernardo, com votos de muito sucesso nesta nova etapa. Ver-nos-emos por aí.
Kennedy na equipa de Trump! Ouviram-no durante a campanha? Tudo isto pode vir a ser dramático, mas lá que vai ter piada de observar, lá isso vai!
Mudou - claramente - o discurso do presidente da República sobre o escândalo do INEM. Agora, vai passar-se à fase seguinte, isto é, veremos a capacidade (ou não) de Luís Montenegro de resistir à pressão para tirar "consequências políticas", sabendo nós o que isso quer dizer.
A vida não está fácil para o governo britânico. A administração Trump deve ir tratá-lo com uma imensa frieza - vá lá!, em resposta à hostilidade com que os trabalhistas destrataram Trump. Assim, com a "special relationship" em crise, estender a mão à Europa pode ser a solução.
Quem está chocado com algumas escolhas para o novo governo de Trump deve refletir no facto de que, ao contrário de 2016, esses 75 milhões de americanos sabiam muito bem quem estavam a escolher e dão-lhe um evidente benefício da dúvida. Trump só vai responder perante os resultados das suas políticas no plano interno.
O esforço para conseguir a inelegibilidade de Marine le Pen em 2027, por moscambilhas do seu partido com dinheiros do Parlamento Europeu, vai inevitavelmente ser visto como uma perseguição política, levando a uma vitimização que só a favorecerá. Isto é tão óbvio!
Por esta hora, e nesta precisa data, um grupo de quase duas dezenas de "implicados" no 25 de Abril reune-se numa almoçarada que te...