Há uns anos, no Porto, ia num carro, com motorista, a falar ao telefone com alguém. A certo passo da conversa, referi o nome do meu interlocutor, que era bastante incomum. Acabada a chamada, o motorista comentou: "Ouvi o nome da pessoa com que estava a falar. Eu também tenho esse nome, que pouca gente tem". Concordei com a raridade do nome, comentei a coincidência e ele acrescentou: "A mim, quem me pôs o nome foi a badalhoca". 
Naquele instante, não soube como reagir. Estaria ele a querer ser desagradável para alguém, insultando-a dessa forma? O homem notou o meu silêncio e, para evitar dúvidas, esclareceu: "A Badalhoca, a Dona Lurdes, da tasca do presunto, lá em Ramalde. É amiga dos meus pais e foi a minha madrinha".
A Tasca da Badalhoca, nome que se colou à senhora que até agora era sua proprietária, sem que ela com isso se importasse minimamente, tem quase um século e é famosa por servir, além de muitas outras coisas, um presunto magnífico. Aquando da sua criação, as más condições de higiene dessa famosa tasca boavisteira terão justificado o nome por que popularmente a loja era conhecida. Na atualidade, é um local agradável, tal como a sua extensão na rua da Picaria. Ouvi também dizer que teria uma filial em Matosinhos, que ainda não conheço. 
Se estiver no Porto e quiser uma bela sanduiche de presunto, vá à Tasca da Badalhoca, na sua casa de origem, no bairro de Ramalde. Será uma homenagem à Dona Lurdes, tal como o "Jornal de Notícias" hoje faz, e muito bem, ao assinalar a morte da senhora na primeira página.

 
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