domingo, dezembro 28, 2014

O tialecto

Tenho umas amigas e uns amigos que vivem encafuados no "politicamente correto" do léxico social LL (Lapa-Linha), para o qual alguém descobriu há uns anos a fabulosa designação de "tialecto". Encanito vivamente com esses vícios de casta e passo o tempo a trocar-lhes as voltas. E faço isso, muitas vezes, de propósito. Deteto-lhes no olhar o desapontamento (será a pena?) por eu teimar em não os acompanhar nessa maneira "bem", isto é, não "possidónia" (eles nunca dizem "pirosa") de dizer as coisas. Outros devem pensar lá para com eles: um embaixador a falar assim... foi no que deu aquela coisa do 25 de abril! (ou "o sinistro vinte e cinco do quatro", como referia sempre um amigo desaparecido, a quem a data nunca entusiasmara).

Nesse mundo, não se diz "prendas" mas sempre "presentes", foge-se ao satânico "vermelho" (que "finamente" se pronuncia "vermâlho", tal como "joâlho" ou "espâlho", mas talvez abram uma justificada exceção para "Coelho") e diz-se "encarnado", uma "mala" ou uma "bolsa" de mão é sempre e só uma "carteira", nunca se vai a uma "tourada" mas frequentam-se "corridas (de touros)", jamais uma bola é batida num "campo de ténis" mas sempre num "court", nada se pendura numa "cruzeta" mas tudo num "cabide", não se vai ao "quarto de banho" mas à "casa de banho", não se comemora um "aniversário" mas os "anos", como não se vai a um "funeral" mas a um "enterro", não se habita uma "vivenda" ou mesmo uma "moradia" mas sempre uma "casa", não se tem um cisco no "olho" mas sim na "vista", uma "piquena" (nunca, jamais!, uma "pequena") não põe batom nos "lábios" mas sempre na "boca", nada é "negro" mas apenas "preto", não se anda de "automóvel" mas de "carro", ninguém se despede com um "tchau" mas com um "adeus", não se põe "pomada" nos sapatos mas "graxa", não se diz "a minha mãe" mas sempre e só "a mãe", não se ouve música na "rádio" mas sim na "telefonia", vai-se à "discoteca" mas à "boîte" só às escondidas, ninguém se "aleija" só se "magoa", não se veste um "robe" mas um "roupão", para lavar as mãos é foleiro falar em "sabonete" mas não em "sabão", nunca se referem os "cortinados" mas só as "cortinas", uma cor nunca é "lilás" ou "violeta" mas simplesmente "roxo" e só um "brega" pronuncia "sanita" em lugar de (e apenas quando necessário) "retrete". 

"Tá ver?! É fácil!", explicam elas, com aquela rouquidão que, por um mistério traqueio-social (há quem diga que pode ser efeito dos gelados do Santini), algumas "piquenas bem" adquirem, logo a seguir a Paço d'Arcos - a doutrina divide-se, mas eu defendo, há anos, que é no Alto da Barra que começa a verdadeira fronteira, que se reproduz até uma linha muito irregular, que vai da Malveira da Serra ao Vassoureiro.

Quem se descair e deixar cair, num chá na Garrett do Estoril, um desses impronunciáveis termos, e assim não cumprir esta espécie de "acordo ortográfico social", passa a ser olhado como alguém fora da tribo, sujeito a uma exclusão fria do grupo. Como quem, como eu, teima sempre em dar às "piquenas" dois beijinhos. Na Bélgica e na Polónia dou mesmo três...

(Nota: a bibliografia recomendada para este tema, diz quem sabe, são as obras completas de Margarida Rebelo Pinto, que a Gallimard, por pura "caturreira", ainda não colocou na "Pléiade")

36 comentários:

Anónimo disse...

O rico só diz isso pra gente lhe achar mais graça!...

a) Pituxa de Menezes Vasconcellos ( Vinhais)

iseixas disse...

De facto há tantas e diversificadas carências de protagonismo que devem dar uma trabalheira para dissimular...

Talvez umas lufadas de ar fresco em Montalegre e ou Boticas para enriquecer o léxico e aligeirar o sotaque...

Anónimo disse...

Acho delicioso este elenco de vocábulos interditos. E é bom que pessoas como o nosso Embaixador nos possam transmitir o fruto do seu convívio com essa tribo social que não se enxerga.

Maria GP

patricio branco disse...

ou seja, o vocabulário ou lexico, a pronuncia e os timbres de voz também são distinções sociais, é um facto, creio mesmo que há umas décadas era ainda mais acentuada essa distinção,
ou fronteira entre falares, do tipo a menina não vai? a jó disse que não faltava, etc
um muito interessante livro vendo isso mas sob uma perspectiva mais afectiva e genuina, o romance il lessico famigliare da italiana natalia ginsburg.

ignatz disse...

o tio ficou péssimo com as tias.
http://portugalparanormal.com/index.php/topic,2355.0.html

Anónimo disse...

Não é só neste país que isto acontece. Quem conhece bem as "upper classes" em França e Inglaterra também verifica o mesmo. Há um jargão específico e ninguém se rala.

ARD disse...

Só que, anónimo das 11:14, aqui não se trata de "upset classes", as quais estã para a fauna descrita como uma flute de champagne está para uma malga de verde tinto.
Por isso, julgo, o autor fala da Garrett do Estoril (Estoril que, aliás, está para Cascais como Ermezinde está para Biarritz) e do Vassoureiro.
O linguarejar caricaturado é uma tentativa de código de reconhecimento, como os dos cães que cheiram o rabo um dos outros e que são, geralmente, os rafeiros recolhidos na rua por velhinhas bondosas da Protectora.

margarida disse...

Delícia..., e especialmente exemplar que tenha amigos em quadrantes tão díspares, como o que tinha brotoeja com o 25/4...
Estes textos são soberanos. Continue p.f. 'malgré' o chiste atoleimado que possa surgir aqui ou ali. Humores...
E ainda existe o Vassoureiro?! Ena! Aos anos que não vou para essas paragens...
:)

Francisco Seixas da Costa disse...

Cara Margarida. Bons olhos a leiam! O Vassoureiro era uma referência antiga. Às tantas, eu devia falar da Quinta Patiño... Bom ano!

Anónimo disse...

Posso começar com um KKKKKKKKKKK?

É assim mesmo, como descreve, esse tipo de tribo pedante, arrogante e preconceituosa, achando-se sempre a melhor. Conheço-os de longe e de longe os "farejo", o que me permite desviar para não bater de frente com a falta de espontaneidade, o cinismo e a falsidade. Muitos esquecem esse estado "bem" e num estalar de dedos também se lhes estala o verniz quando provocados. No dizer popular "perdem as estribeiras". Desnudam-se e nesse deixar cair o véu, ou a máscara, dão-se conta - ou deveriam dar-se - de que ser-se elegante não é não dizer "sanita" mas sim evitar ser-se a "eme" que por ela escorre, mesmo dando-lhe o nome de retrete.
Embaixador, o Senhor esteve bem, aliás, como quase sempre está, com a espontaneidade, naturalidade e autenticidade (serão sinónimos?) que o tornam um homem tão elegante.

Um feliz 2015!

Anónimo disse...

"Porreiro pá", inesqucível!....

Anónimo disse...

Excepção para Coelho? No way
Fernando Neves

Joaquim de Freitas disse...

Tem sorte o Senhor Embaixador, porque afinal o seu nome faz parte do melhor que há para piquenos e piquenas: Francisco !
Quanto à Margarida, sem Ana, .... não pode ter uma "casa" no Restelo!

Consultando a lista, compreendi melhor porque é que alguns me dizem que "sou uma boa prenda" !

Apesar de ter roupa griffe, (não a comprei às ciganas na feira de Carcavelos), não vestir nem jeans nem calças de ganga ( que gosto pindérico!) , de guiar um carro como o do Sarkozy ( que ele era pindérico), e que , quando vou a Badajoz (onde não vou de todo) não digo que tive em Londres!

E não acho de todo giríssimo de falecer nem mesmo de morrer, porque não gosto de enterros nem de funerais, porque lá não há tefonia nem télévisão! E já não se pode ir à retrete! Porque mesmo lá nos tiram o retrato!

Gostei muito do "link" do ignatz! Que piqueno giríssimo!


Os meus votos de Bom Ano Novo, e que venha depressa, porque este está a acabar muito mal, da Ásia à Itália.

Anónimo disse...

a verdadeira upper classe não se esforça para usar esta ou aquelas palavras: usa-as com naturalidade. Se o embaixador conhece pessoas, como todos nós conhecemos, que se esforçam para usar um dialecto diferente do que aprenderam em novos, para não dizer em pequenos, é porque conhece pessoas vindas de Vila Real ou outro ponto que julgam que é "chique", e não ridículo, imitar a pronúncia e os termos usados noutro ponto do país ou noutro ambiente social. Por exemplo um Lisboeta no Alentejo a falar à alentejana= absurdo e ridículo.
O embaixador junta-se a Vital Moreira que há anos faz uma campanha enorme para obrigar os lisboetas a falarem à Coimbra porque para ele em Coimbra é que se fala bom português. Caramba: e a liberdade de cada um falar como lhe convém ou apetece sem ser gozado? As tais pirosas ou possidónias não tem direitos? Fica-se com medo de falar com gente de tão reta pronúncia e unificadoras!!
João Vieira

Francisco Seixas da Costa disse...

Ó João Veira! Não tente complicar o que é simples! Só porque este é um retrato (aliás, benévolo e apenas irónico) não encomendado pelos retratados. Boas Festas. Com muitas prendas, perdão, presentes.

RH disse...

Realmente, o típico acordista encarrega-se sempre de denegrir o que defende. Porquê o uso do "c" em "tialecto", se ele desaparece em "dialecto"? Talvez porque ninguém associaria um "tialeto" a uma espécie de "dialeCto"... Não é? E, aparentemente, FSC não consegue distinguir o nome de um mês (25 de abril) do nome de um acontecimento (o 25 de Abril). Pode sempre refugiar-se na falta de rigor do texto do acordo... Estará sempre a falar contra si.

Francisco Seixas da Costa disse...

De facto, RH, não foi por acaso que escrevi o que escrevi. O texto foi desenhado à medida das pessoas a quem foi dedicado. Claro que percebeu. Quanto ao 25 de abril, não é a minúscula ditada pela grafia em vigor lhe tira a grandeza.

Carlos de Jesus disse...

Descubro, tal como monsieur Jourdain, que afinal também falo “tialecto” sem saber…
Para quem vive no estrangeiro há quase meio século é deveras estranho, mas a verdade é que sempre digo ‘encarnado’ e não ‘vermelho’ (aliás, sempre estranhei, nas minhas visitas a Portugal, depois do 25 de Abril, de toda a gente evitar dizer encarnado, a não ser que seja em relação ao Benfica).
Sempre digo ‘casa de banho’, ‘casa’, ‘cabide’, ‘festejar os anos’, ‘enterro’, ‘carro’, ‘preto’, ‘graxa’, etc. etc. etc.
O que não pronuncio é ‘joâlho’, ‘espâlho’, ‘vermâlho’. Isso soa-me a tripeiros…
Por conseguinte deduzo que o léxico do ‘tialecto’ não é senão um regresso ao falar da minha infância alfacinha, isto é ao que se praticava no tempo do ‘Estado Novo’. Isto não me consola muito. Mesmo nada…

Anónimo disse...

Existe também um linguajar pretensioso dos parisienses do XVIème e um conjunto de ademanes e códigos sociais e de linguagem de quem maneja o mesmo sociolecto. Quando Portugal é chamado à colação tudo se torna mais pequenino. Convivi bem com as tias, que nunca levei muito a sério, até há pouco tempo. Campo de Ourique era até bem há pouco tempo um bairro vivível e interclassista com alguns intelectuais e artistas de permeio, estilo Luis de Sttau Monteiro, Fernando Assis Pacheco, Gil Teixeira Lopes. Com a aterragem súbita da turma das tias Campo de Ourique, centro de conspiração republicana e socialista reconhecido pelas autoridades, deixou de ser frequentável. Quais pragas, as novas tias invadem os novos cafés que abrem em Campo de Ourique e falam em voz alta q.b. para se apropriarem dos espaços, quais ciganas que ocupam o passeio com a roupa negra da Versace acabadinha de chegar. Campo de Ourique que quase poderia ser o paraíso na terra sem a aterragem das tias deixou de ser suportável e por isso mudei-me no início do ano para a horrível Bruxelas.

Anónimo disse...

ó senhores!!! quem não tem que fazer, faz colheres!!! deixem falar quem fala assim ou assado. se as tias se sentem menos possidonias ou menos pindéricas com os seus linguajares, que sejam felizes! que se lhes estale o verniz, pois para mim já tinha estaladao antes! E OS TIOS??? igualmente! preocupados com os lencinhos ao pescoço e as marcas das motos que exibem depois dos 50 quando já perderam o cabelo e a potência, escolhendo meninas para exibir ao invés de mulheres para viver... que sejam felizes, todos, nas suas faltas de genuinidade e vontade de viver camuflados em sotaques giros e botas de couro! que sejam felizes!!! e nós, comuns utilizadores do português, português, lingua corrente e genuína, impregnada de essências e sentidos, vivamos felizes também!!! fale quem quer, como quer!

LC disse...

"Quanto ao 25 de abril, não é a minúscula ditada pela grafia em vigor lhe tira a grandeza." - Está incorrecto. Com o AO90 continuaria a escrever-se Abril com maiúscula quando se trata da efeméride "25 de Abril", ainda que se determine a escrita com minúscula quando é uma simples data. Vd., por exemplo, a Infopedia (http://bit.ly/1BekNko), mas o texto do próprio AO90 é claro nesse ponto (Base XIX, 2.º, e)), apesar de ser obscuro, omisso e incoerente noutros.

Anónimo disse...

Está em cena "Uma Noite No Museu-3"

A rever urgentemente !

Anónimo disse...

A minha mamã não achou graça.
a) Jaime Graça

Célia disse...

...mas que pé de vento mais descabido só por causa de um texto escrito com humor e picardia.Que leva alguns comentadores a usar uma linguagem tão esdrúxula, a abarrotar de exclamações, palavras em letras garrafais...como quem está prestes a cortar os pulsos! Mas que se passa connosco? Deuses...parecemos uns palha de aço. Calma e busquemos a ataraxia.

Anónimo disse...

Parece que o Ricardo Araujo Pereira gostou deste texto e até o aproveitou no último Governo Sombra (por volta dos minutos 05/06)

Anónimo disse...

Tal e qual, Senhor Embaixador. Para esclarecer uma confusão ali em cima do João Vieira, que julgo que é muito comum: Os parvenus de ontem são a “verdadeira upper class” de hoje. Numa determinada altura, por uma ou outra razão, foi-lhes concedido poder e foram ganhando patine. End of story. Uns são naturalmente possidónios, sem esforço algum, porque herdaram tal qualidade, outros estão a caminho. Há coisas mais rápidas do que outras. Aquela rouquidão deve demorar três ou quatro gerações a ganhar, fora alguma habilidade invulgar. Eu acho que é uma coisa fascinante e se fosse noutro pais já havia meia dúzia de teses universitárias de fonética sobre o assunto.
A sátira aos maneirismos da classe alta, velha ou nova, é coisa antiga, mas por cá, fora um ou outro, como o Tolentino, quem ridicularizava a nossa nobreza eram os estrangeiros. Não haver por cá mais, é culpa do nosso atraso e de alguma reverência atávica pela aristocracia. Tínhamos mesmo, há anos, uma espécie de almanaque da “verdadeira upper class”, que era lida com fervor quase religioso, o Independente. Estávamos no refluxo da revolução e era a altura certa para estabelecer uma distinção clara entre os novos-ricos e a coisa verdadeira. Lendo agora edições antigas, dá-me vontade de rir. Não é que não haja o mesmo noutros países, acontece apenas que, em geral, os nossos republicanos ou são demasiado tímidos, ou não têm verve suficiente para “castigar” estes usos e costumes.

E o Vital faz há anos uma campanha enorme para obrigar os lisboetas a falar como em Coimbra? Não só uma campanha, como enorme? Caramba, que hiperbólico. Qualquer um imagina outdoors no Marquês de Pombal, com a carantonha do Vital a apontar um dedo ameaçador aos lisboetas e a dizer: falem como se fala em Coimbra.

Adelino

Anónimo disse...

devo pois esclarecer Adelino: Não há confusão absolutamente nenhuma: em Portugal sempre houve mobilidade social e, claro, os parvenues de ontem estão em adicional à classe alta de hoje, com mais ou menos sucesso porque pertencer a uma qualquer classe, a que todos pertencemos, não depende fundamentalmente da vontade própria mas do reconhecimento dos pares. Em Portugal e em qualquer parte do mundo porque é igual aqui e no Paris dez qualquer coisa. A questão é porém outra: só aos parvenues, como lhes chama, ou os insatisfeitos com a sua própria posição social é que se preocupam com a coisa. Que interesse é que isso tem?
Quanto à campanha do Vital : sim é enorme, para a importância que a coisa tem que não é nenhuma e o enorme é evidentemente um exagero intencional ou literário, como lhe quiser chamar.
Concordo pois com o seu post também ele sem interesse nenhum como o meu e o do embaixador
João Vieira

Anónimo disse...

Boa tarde,
sou uma simples cidadã da dita classe média e uso a maioria das palavras que são atribuídas às «tiazocas da linha». Uso-as mas sem pronúncia ridícula que lhe é atribuída. Sou uma «saloia», comparada com essas tias(os), ando sempre com a mesma farpela, tenho um utilitário, moro num T2 num dormitório, tenho um telemóvel dos mais básicos, mas não vivo de aparências, não estou falida, trabalho, sou honesta, não devo nada a ninguém e ninguém me «anda a olhar para o rasto».
No entanto uso essas palavras no meu dia a dia. «So what?»

Francisco Seixas da Costa disse...

Vamos a ver se nos entendemos:
1. Eu também uso algumas das expressões que citei como "socialmente corretas". Uso essas como uso outras que esse meio acha inadequadas. A mim, isso é-me completamente indiferente. Por isso, não critico quem foi educado no uso dessas expressões. Tenho muitos amigos e amigas (como, no texto, comecei por dizer) que falam dessa forma, com a maior naturalidade. Passa pela cabeça de alguém que deixassem de o fazer"
2. O que eu critico - e acho uma parvoíce - é que haja pessoas que são socialmente descriminadas apenas porque não usam os códigos linguísticos "certos". Critico isso tanto quanto me parece uma saloíce sem limites que alguém procure adotar esse léxico apenas com objetivo de se promover socialmente.
3. Finalmente, fico espantado (mas, provavelmente, não deveria ficar) por surgirem pessoas abespinhadas com a minha ironia. Será que este país já perdeu a capacidade de rir de si próprio?

Anónimo disse...

E o que dizer do uso de estrangeirismos e jargão profissional? Não é, também, uma forma de alguém se por em bicos de pés?

Anónimo disse...

João Vieira, a confusão a que me referi é a do seu "naturalmente upper class". É que sendo assim, nem sei o que faz aí a mobilidade social. Sempre houve, claro, mas muito lenta, apenas acelerando nas últimas décadas. O que permite que exista ainda uma casta reconhecida como naturalmente upper class e que a mesma aceite esse pesado fardo, em nome da tradição. Não só cá, como bem diz. A sociedade holandesa, por exemplo, é um caso especial, em contrário.
Claro que isto é um sinal de distinção de casta, seja consciente, seja inconsciente, e dizer o contrário é nem sequer conhecer o país em que vivemos. De resto, nada disto tem a ver com a honestidade ou bondade das pessoas e eu também uso muitas expressões dessas.
Quanto ao chamado falar de Coimbra, o que alguns tomam por “padrão”, não tem nada a ver com o vocabulário, nem com outros tiques destes, mas sim com a pronúncia da língua. De resto, há também zonas delimitadas de Coimbra onde se fala assim, incluindo a rouquidão da voz. Coimbra, nisto, não tem lições nenhumas a receber de Cascais ou da Lapa.
Mas, se nada disto tem para si importância nenhuma, nem lhe interessa nada (a sério?), não suponha que é assim para os outros. Serve, pelo menos, para brincar, o que é muito, mas muito, importante. Gerações mais velhas do que a minha talvez tivessem razões para tratar isto a um outro nível, mais sério. Mas ainda existem bolsas em que a discriminação, com base nesses códigos, se faz sentir.

Adelino

(gabo-lhe a paciência para aturar estas piquenas picardias entre os seus leitores, senhor Embaixador)

Francisco Seixas da Costa disse...

Ao Anónimo das 20.12. Se a "piada" é para o autor do blogue, não está com sorte: se continuar a ler por aqui, encontrará isso em cada esquina do texto. É uma forma de "preguiça", fruto de vício velho, de que não me liberto, nem faço tenção de vir a libertar-me.

Anónimo disse...

Sinto que esta malta toda anda em abstenção sexual...
Vá lá ... soltem a libido, incendeiem a franga, e olhem-se ao espelho.
2015 beijos bem distribuidos...

joaquim Barreira Gonçalves disse...

A inclusão da designação Coelho foi de mau gosto Senhor Embaixador.
Bom ANO PARA O SENHOR E SUA ESPOSA

Armando Pires disse...

O quanto eu ri com o texto, mas e acima de tudo com o teor dos comentários.

Como o Adelino, também eu lhe gabo a paciência, meu caro embaixador.

Adelino
"(gabo-lhe a paciência para aturar estas piquenas picardias entre os seus leitores, senhor Embaixador)"

Francisco Seixas da Costa disse...

Chícara, não chávena; presente, não prenda, mulher, não esposa, três horas, não quinze horas; telefonia, não rádio; casa, não prédio; casacão, não sobretudo; pastilha, não pílula

João Miguel Tavares no "Público"