sábado, dezembro 13, 2014

Férin

É uma das mais antigas livrarias do país. Chama-se Férin e está situada na rua Nova do Almada.

A Férin não é uma livraria igual às outras. As mesas onde os livros são pousados não seguem, na sua arrumação, aquela lógica mercantil que as livrarias "standard", colonizadas por algumas editoras, ultimamente nos impõem. Ela faz parte daquelas já escassas livrarias onde ainda há livreiros, pessoas que sabem o que estão a vender, que nos ajudam a procurar aquilo de que necessitamos. Tenho sempre gosto em por lá passar, raramente não descubro por ali algo diferente, uma edição de autor, uma publicação de origem pouco comum. A isto, sim, chama-se uma livraria!

Tenho notado que, pelo menos nos últimos anos, a Férin tem vindo a promover, na sua cave, bastantes apresentações de livros e interessantes debates, promovidos por José Ribeiro e Castro. Essa é também uma tarefa que prestigia a livraria e a coloca nos roteiros da cultura.

Mas a razão principal porque hoje falo da Férin deve-se ao facto de nela se poder encontrar, nos dias de hoje, talvez a maior diversidade e quantidade de livros em francês que é possível descobrir em espaços livreiros de Lisboa. Para os amantes da língua e cultura francesa, este é um inestimável "serviço público", que merece ser fortemente saudado. Esta tarde, prometi a mim mesmo que vou passar a visitar a Férin com bastante maior frequência.

Essa regularidade, contudo, nunca se comparará com a obsessiva insistência com que o Artur Corvelo, autor do injustiçado "Esmaltes e Jóias", visitava a sua montra, para verificar se a sua obra colhia a atenção do compradores. Assim, pelo menos, nos conta Eça de Queiroz, em "A Capital".

2 comentários:

Anónimo disse...

Uma pequena correcção: "não raramente, descubro por ali algo diferente" em vez de "raramente não descubro por ali algo diferente" parece-me mais correcto para o que quer dizer!

Helena Sacadura Cabral disse...

Francisco
Tem toda a razão. O meu Pai era visita assídua, como aliás o foram os seus filhos.
A língua francesa tem ali um verdadeiro tesouro. Um olhar atento sobre quem a visita com regularidade, dirá muito sobre a influência da França sobre algumas das nossas gerações!

Agostinho Jardim Gonçalves

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