segunda-feira, dezembro 01, 2014

O mistério da RTP

Com as trapalhadas supervenientes, dos vistos "gold" ao caso Sócrates, já quase esquecemos a desgraça do sistema informático da Justiça ou a incompetência sem par no início do ano letivo. 

Quando vivi no Brasil, num jantar, no auge de um escândalo qualquer, ouvi um político, entre o irónico e o sério, dizer mais ou menos o seguinte: "Temos de aguentar a pressão dos mídia uns dias mais. É que, pela estatística, deve estar por aí a surgir um outro caso que logo fará esquecer este..." E Portugal é uma "colónia" brasileira nesta matéria.

Mas uma coisa é ter de sofrer as eventualidades, outra é ser delas fautora. E, nesse aspeto, este governo não para de surpreender. É o que acontece com a crise na RTP, onde se espera que não venham a ser assacadas culpas à oposição (há ainda uma hipótese: dizerem que tudo é fruto da saída de Sócrates de comentador). Com uma inabilidade quase inédita no tratamento da RTP (e fazer pior que outros governos, de diferente orientação, é entrar para o Guiness!) este executivo fez "gato e sapato" da RTP, nomeou, desnomeou, teve e deixou de ter estratégias para a RTP 2, para a RTP i, criou conselhos, legislou sobre serviço público. O habitual na escola "agora é que é!" Lá dentro, na RTP mas também na RDP, vive-se um ambiente angustiado, de imensa incerteza, de grande desânimo e preocupação.

A propósito dos contratos do futebol - e seguramente mobilizado pelos concorrentes da televisão estatal, a quem é forçoso "ouvir", em época pré-eleitoral... -, está hoje estabelecida uma enorme confusão entre uma administração nomeada pelo governo e um conselho estratégico pelo governo nomeado. Se são tudo "valores entendidos", como antes se dizia, porque não se coordenam? Ou, como na anedota se recomendava: organizem-se! 

8 comentários:

opjj disse...

Pelo que diz acho que a RTP e a TAP já deveriam estar privatizadas há muito.Quem paga os passivos são os contribuintes. Qd uns privilegiados impunemente dão 5 milhões de prejuízos por dia, estão sacando ao povo.Se, se privatiaar a TAP ?? a massa não paga o passiva. Sobra nada.
Sendo V.Exª uma pessoa muito experiente, impressiona-me como fala com desdém da reforma da ministra da justiça. O que conta
1 mês de atrazo numa reforma desta envergadura? Verdade, verdade, As vozes calaram-se.
Cumps.

HY disse...

Opij, se o critério é apenas financeiro, que tal propor a privatização das forças armadas, da polícia ( que bom seria um LPD à moda dos anos 30 em LA), das prisões, dos tribunais, todos os hospitais, quem sabe do governo e da presidência da república? Só dão prejuízo...

patricio branco disse...

(há ainda uma hipótese: dizerem que tudo é fruto da saída de Sócrates de comentador), bom aparte

Anónimo disse...

Concordo totalmente com OPJD que disse uma lapalissada: uma reforma importantíssima como a que está feita na justiça reduz-se a uma porcaria de uma falha técnica de computadores? Haja "mais rigor", como usa dizer Vital Moreira

EGR disse...

Senhor Embaixador : ainda hoje ouvi aquele "modernaço" ministro Maduro fazer umas extraordinárias declarações sobre o tema.
Estes brincam descaradamente com a nossa intelegiencia.2

Anónimo disse...

Não se preocupe "opjj", a RTP vai recuperar muito rapidamente, e não tarda começa a dar lucros!
Ainda não reparou que está a ultrapassar as privadas no tratamento investigatório do caso José Sócrates? Até já conseguiu a distinção de receber uma carta dele!
Basta ver o Telejornal de hoje e "saborear" o entusiasmo com que Rodrigues dos Santos tratou o assunto.
Por isso, repito, não se preocupe, a RTP está bem entregue!

Anónimo disse...

Parece que, para suceder ao Hermano José Saraiva como historiador, A RTP convidou o Fernando Rosas, convicto jacobino e ex-BE. De facto a RTP anda a navegar e a tentar agradar a gregos e troianos. Até foi buscar o Sócrates para comentador político apenas para rivalizar com MRS...
José Amador

Anónimo disse...

Sr. José Amador: na sua profissão, se tiver de escolher pessoas, por que critérios é que se rege? Lembro-me de um amigo em que nos tempos do PREC e post-PREC, numa empresa não lhe permitiram entrar porque não era do PC; numa outra também lho não permitiram porque não era do PS; e noutra ainda sob controle do PSD, aconteceu-lhe o mesmo porque era independente.E não deram a entender, disseram mesmo. Por essas e por outras olha-os à distância

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...