Eusébio costumava contar que, quando chegou a Portugal, feito pé-de-obra colonial, tinha tanto respeito pelos seus colegas já consagrados que tratava o "capitão" Mário Coluna por "senhor Coluna". Pela consideração que a sua figura me merece, apetece-me hoje tratá-lo por senhor Eusébio.
ps - esta excelente foto de Nuno Ferrari, no momento em que Portugal começou a reduzir os três golos que a Coreia do Norte nos tinha imposto, durante o Mundial de 1966, passou a representar, para mim, a imagem da determinação e da garra que é necessário ter quando as coisas correm mal e é urgente "dar a volta" à vida.
ps - esta excelente foto de Nuno Ferrari, no momento em que Portugal começou a reduzir os três golos que a Coreia do Norte nos tinha imposto, durante o Mundial de 1966, passou a representar, para mim, a imagem da determinação e da garra que é necessário ter quando as coisas correm mal e é urgente "dar a volta" à vida.
13 comentários:
É muita pena que o Eusébio não tenha podido ficar na nossa companhia por muitos mais anos. Mas no meio deste sentimento geral de tristeza, uma coisa há de positivo: é que, no clima de tanta tensão, fricção e falta de entendimento em que o País está mergulhado, a morte de Eusébio provocou uma reacção unânime de mágoa e de sincera homenagem por parte de todos os sectores da vida portuguesa, incluindo a classe política, de um ao outro extremo.
Sem sombra de dúvida um homem consensual sem promover a conflitualidade, um senhor no exemplo de fair play...
Além de Conseguir um feito quase inédito fazer, como diz e bem, manter a recordação de divulgar o nosso País
com admiração gerando reconhecidamente sobre Si próprio sentimentos de ternura e respeito incondicionais.
Poder acompanhar a nossa seleção ao Brasil, teria sido das coisas que o Senhor Eusébio gostaria de ter feito. Mas a vida é assim, a morte não escolhe datas! Paz à sua alma.
O Estádio Nacional deveria passar a chamar-se Estádio Eusébio da Silva Ferreira. Nunca vi ninguém jogar futebol como ele. Lembro-me de seguir o jogo contra a Coreia do Norte na televisão e de ter verdadeiramente despertado para o futebol nesse dia. Tinha sete anos. Depois, foram quase dez anos de espanto e de alegria sempre que podia vê-lo jogar em forma e sem lesões. Só ele podia fazer a unanimidade entre todos os clubes, como hoje se viu. Ainda bem. JPGarcia
Os abutres políticos já estão em torno do corpo de Eusébio. Haja decência!
Estas coisas são muito geracionais. Grande parte da população "herdou" Eusébio dos seus pais e avós, sem que o tenha alguma vez visto jogar. E isto da bola é diferente da música que, cada vez que se ouve, é como se a carreira do artista começasse ali. No futebol, o interesse quase que se esgota no campo e as repetições das jogadas perdem a graça do momento e passam a ser meras imagens desprovidas de emoção. Com o passar de mais algum tempo, Eusébio passará a ser uma "mera" referência histórica do Benfica.
Eusébio era um homem.
As colagens pontuais muito o prejudicaram.
Afável, amante da vida e amigão.
Saudações.
Guilherme.
Acho bem que o Doutor Salazar tivesse promovido, na altura, Eusébio a património nacional, não autorizando a sua venda a clubes estrangeiros. Eusébio fez muito pelo futebol nacional e Portugal passou a ser considerado, nas competições internacionais nos anos 60, um adversário que metia respeito.
José Amador
A propósito de colagens.
Aer(i)oporto de Faro, ainda incipiente.
Anos sessenta.
Código, Rute.
Passa de verde para encarnado.
Pero que las hai las hai...
Cest toujours la meme chose avec..
Informação.
Silva.
Morreu o maior Embaixador de sempre de Portugal!...
antonio pa
Ouso transcrever aqui, como homenagem, este poema de Manuel Alegre:
Eusébio
Havia nele a máxima tensão / Como um clássico ordenava a própria força / Sabia a contenção e era explosão / Não era só instinto era ciência / Magia e teoria já só prática / Havia nele a arte e a inteligência / Do puro e sua matemática / Buscava o golo mais que golo - só palavra / Abstracção ponto no espaço teorema / Despido de supérfluo rematava / E então não era golo - era poema
Senhor Embaixador: inteiramente de acordo com as suas palavras evocativas de Eusébio.
Com ele partiu mais um daqueles que um dia V. Exa referiu como sendo "um dos nossos conhecido"
Tambem por isso fica uma magoa.
Mas, neste momento, e mesmo correndo porventura algum risco, não consigo silenciar uma certa repulsa pelo subliminar aproveitamento " patrioteiro" e de apelo a "união nacional" que a RTP e a Antena 1 fizeram a proposito do acontecimento.
A memoria de Eusébio devia merecer-lhes mais respeito.
Na noite de fim de ano de 1988 estava na Coreia do Sul. Numa loja aonde vendiam casacos de peles e sapatos perguntaram-me se era italiana, depois inglesa e depois francesa, pois respondia apenas que não era. Tive de dizer que era portuguesa, porque os palpites do dono da casa tinham acabado. Então foi a vez dele: que fosse ver o seu gabinete no primeiro andar. Era o Eusébio num cartaz ao centro da parede e não sei quantas fotografias mais a registarem momentos da carreia do GRANDE Eusébio. Nunca teria imaginado antes, nem que à noite no hotel se seguissem os comentarios "felizes" de muitas outras pessoas. Chegaram ao ponto de me oferecerem um bocado de seda, como lembrança da passagem de uma portuguesa que por estar sozinha naquele momento, naquele lugar recebia as honras que qualquer português teria tido. Nunca o esqueci. Tem sido ao longo dos anos um dos favores que guardo e testemunho sempre que calha falar do Eusébio. Tive a sorte de o ter visto jogar em campo, em Portugal e fora de Portugal. Como agradecer ao Eusébio? Os tempos eram outros, e, Ele era mesmo o nosso melhor embaixador...
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