sábado, janeiro 11, 2014

"Cherchez la femme!"...

"Parecia que não partia um prato..." foi o comentário mais suave que ontem ouvi, num jantar maioritariamente feminino, a propósito das aventuras românticas a que é associado o presidente François Hollande. A ser verdade o que a imprensa rosa publica, logo seguida com hipócrita indignação pela avidez da restante comunicação social, Hollande não foge muito à tradição da grande maioria dos seus antecessores, que a História acabou por provar que mantiveram "affaires" extraconjugais, que aparentemente lhes atenuavam o peso das responsabilidades do Eliseu. Há uns anos, uma amiga ofereceu-me um curioso livro intitulado "Sexus politicus", que inventaria muitos deste pecadilhos.

Praticamente à exceção do general De Gaulle, a quem se não conhecem desvios à fidelidade a dona Yvonne, há em França relatos ou rumores sobre a quase generalidade dos seus presidentes, desde um que morreu no próprio palácio durante um desses encontros afetivos até outro, já mais recente, cuja rapidez no ato era resumida na célebre frase "dix minutes, douche comprise". 

O chefe do Estado francês sobre o qual há mais dados conhecidos neste domínio, talvez porque foi o primeiro que teve a desagradável experiência de ver a comunicação social quebrar a tradição de encobrimento público que até aí vigorava, foi François Mitterrand, cuja aura passou das políticas socialistas às aventuras amorosas. Ora sendo François Hollande um confesso seguidor de Mitterrand...

Alguma França puritana não vai achar graça ao facto do seu presidente poder estar envolvido num "affaire" desta natureza. Mas essa França já não gostava de Hollande. Posso estar enganado, mas fico com a sensação de que, numas próximas sondagens, François Hollande pode vir a beneficiar desta historieta, em termos de apreciação pública. Essa é a "graça" de um país como a França onde, tal como nos romances policiais, a resposta para muitas questões se encerra na expressão "cherchez la femme!"

23 comentários:

Defreitas disse...

Après tout , Senhor Embaixador, François Hollande é um "Presidente normal"! Ele sempre o disse! Estou de acordo com tudo o que escreveu sobre esta historia, que, parece, nem é recente. Mas é verdade, que aqueles que não o apreciam são os que vão mais gritar contra o "escândalo", esquecendo o presidente que atropelou o leiteiro ao voltar a casa (Elysée) às 4 horas da manhã e o tal "dos cinco minutos, douche incluída"!
Também pensei logo que esta "revelação" do homem "mole", que afinal não é assim tanto, é capaz de lhe trazer benefícios políticos. Vamos a ver amanhã durante a conferência de imprensa.

De qualquer maneira a "performance", se há uma, ficará, para o momento, ainda longe do Clinton e mais ainda do John Kennedy! E mesmo de Roosevelt!

Anónimo disse...

"Tiro-lhe o chapéu". Afinal há que manter as tradições... Isto depressa se esquece... até parecia mal se não acontecesse!

Anónimo disse...

As informações sobre os eventuais desvios da cama conjugal do nosso Presidente francês trazem um novo tema de conversa. Pessoalmente não tenho argumentos a favor nem contra, nem ânimo para debates desta natureza, e por isso vou experimentar a neutralidade.
Mas se é verdade o que dizem sobre as (in)fidelidades do Sr. Hollande, aquela afirmação durante a campanha nas "primaires" proferida por Martine Aubry cai por terra...
La "Couille molle" uma porra!
José Barros

Anónimo disse...

Acho que houve um Presidente francês, cuja residência particular era (e é) ao lado da Embaixada de Portugal em Paris, que foi apanhado pela polícia a conduzir um Peugeot às quatro da manhã na Etoile, nos finais dos anos 70...Nunca percebi se foi numa operação de rotina ou num acidente, nem quem era a "galante compagnie". Talvez alguém possa esclarecer este meu voyeurismo. Não consigo encontrar as revistas da época que trataram (discretamente, como se fazia na altura) deste assunto. Acho que nem as havia. Gostaria muito de melhorar a minha " Cultura geral". JPGarcia

Anónimo disse...

Se fosse casado as coisas seriam bem mais simples: seria apenas algo à cóté. Vivendo maritalmente é natural que Valérie saia de cena de vez. A ruptura com Ségoléne foi anunciada publicamente intimando-o num comunicado a sair de casa. Tudo tem o seu tempo e tudo vai fazendo o seu caminho. E Sarko, preparando, triunfante, o seu regresso.

Anónimo disse...

Veremos como as feministas e o lobby da traída vão gerir este caso bem bicudo.

Anónimo disse...

Irreverente, tonta, atrevida - está em forma a 'velha senhora':

quisera alguém a minha opinião
(espera quem de mim hesitação?):
hollande por gostar de mais mulher
subiu imenso na consid'ração
que lhe dispenso - e então se me quiser!…

São disse...

Mas que têm as pessoas a ver com a vida privada de quem quer que seja, desde que isso não interfira com as suas obrigações e deveres?

Porém, considero demasiado morrer (ou não morrer) em pleno palácio presidencial durante um encontro desse cariz.

Há limites, acho eu.

Um bom serão.

Anónimo disse...

Mais um argumento a favor do regime monárquico, Senhor Embaixador: quem se importava com as amantes de Luís XIV, as bailarinas de can-can de Eduardo VII, a nossa condessa de Edla, enfim? A Monarquia reconhece a fraqueza humana e protege-a do escândalo (excepto quando lhe aparece uma Diana, leitora de Barbara Cartland aspirante a pop star, manipulada pelo torpe socialista Blair para ser, horror!, "a princesa do Povo" - mas jeitos e manias especiais os ingleses sempre cultivaram, desde o saudoso Rei Henrique VIII). A vulnerabilidade do regime republicano vê-se precisamente nestes momentos e queria lembrar ainda a triste figura que foi o falecimento do Presidente Félix Faure…

a) Henrique de Menezes Vasconcellos (Vinhais)

Anónimo disse...

O que têm que ver é uma boa pergunta. Só que em França há uma hipocrisia tácita instituída em que os costumes são liberais, tudo se sabe e tudo é consentido. Os comentários têm é de ser feitos à boca pequena e em privado. A vida privada dos políticos é também um tema frutífero para debates em público sobre as regras deontológicas do jornalismo. Mas toda a gente conhece a vida de toda a gente e há um círculo de poder que reina, oriundo principalmente da ENA, que mantėm uma relação perversa com os jornalistas sob a forma de vasos comunicantes. Strauss-Khan há muito que era conhecido e tolerado, Miterrand também, Chirac idem. No fundo, estes pequeninos escândalos introduzem apenas uma nota de picante que vêm dar uma dimensão humana aos políticos franceses e mostrar que não são diferentes de todos nós. Nós, franceses.

Anónimo disse...

É bem bonita!... e as outras também eram... será que um presidente tem melhor escolha?...
antonio pa

Anónimo disse...

Nos idos do sec xx alguem disse que a Mário Soares só faltava ter um caso... Nesse verão lá apareceu o referido na praia do Vau, em todas as revistas, deliciosamente provocado por uma beldade. Pronto já havia caso.
Coisas de certas políticas...
Eu estou na Amoreira, Estoril.

Silva.


J. Artur disse...

Já toda a gente sabia, antes de ser eleito,que o Senhor em questão não era de bons costumes, mas mesmo assim conseguiu ser eleito. Ora isto só prova, que na Europa não existe o habito de vasculhar a vida particular dos candidatos a cargos públicos.
Mas em França, país da "Liberte, Egalite e Fraternite, há muito que assim é. Deixo para cada um, a sua vida privada, desde que não ponha em causa o bem comum. O próprio que ponha a sua mão na consciência e veja se procede bem ou mal.

Anónimo disse...

Irreverente, tonta, atrevida, está em plena forma a 'velha senhora' (na sua forma, quero eu dizer):

quisesse alguém a minha opinião
parece bem que a dê como outros dão:
hollande por gostar de mais mulher
subiu imenso na consid'ração
que lhe dispenso - e então se me quiser!…

Anónimo disse...

Afinal a tradição não é irrevogável...e ainda bem que existe Deus, para ver !

Alexandre

Isabel Seixas disse...

Até porque amor intenso é breve
só assim prevalece o deslumbramento
não espera que o cansaço o leve,
parte para outro a qualquer momento...

A não ser, o amor de tempo, já fraterno
e senil, cristalizando no vasto passado
dietético em prazeres de carne,
terno
já é, é vicio sem apelação,um fado...

Bem há compromissos de família em jogo
justificações morais, de permeio ser feliz
comunhão de adquiridos mantém-se o engodo
que diferença nos faz a paixão assim se diz...

Quem muda, Deus ajuda sem arrependimento...
diversificar convém, dá um novo alento.

Defreitas disse...

De Isabel Seixas 06:01 : "diversificar convém, dà um novo alento".

Nos tempos da cavalaria dizia-se:
"Changement de monture réjouit le cavalier !

Isabel Seixas disse...

Caro Defreitas não conhecia a expressão, mas tem imensa piada.

Anónimo disse...

Admiro e invejo o talento dos meus colegas e minhas colegas comentadores(as) em versejar a propósito de muitas coisas aqui tratadas. Mas às vezes talvez seja melhor socorrer-nos do que já antes de nós fizeram os nossos maiores, por exemplo, Luís de Camões, que terá compreendido e justificado o comportamento conjugal de François Hollande neste soneto, cujos dois últimos tercetos eu cometi o sacrilégio de adaptar às circunstâncias:

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo de esperança:
Do mal ficam as mágoas da lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.

Hollande em Segolène viu tanto
Com quem fazer a sua vida qu'ria.
Mas, de súbito, foi-se o encanto

E era agora em Valérie que o via
Até que, para grão geral espanto,
Tudo mudava:Julie aparecia!

Anónimo disse...

Senhor Embaixador, deixe-se de fingir que e ingénuo, que eu o topo a légua! Então nao se esta mesmo a ver que esta encenação de vaudeville serviu para o social-traidor Hollande tentar distrair as massas populares da infame política de submissão ao capital que vai anunciar em conferencia de imprensa amanha? Ora, do mesmo modo que ate na Quadratura do Circulo so se falou outro dia no Eusébio, do mesmo modo a atenção das classes trabalhadoras francesas e dos franceses honrados em geral ( os desonrados riem as gargalhadas! ) vai-se concentrar agora no triângulo Francois - Julie - Valerie. Artimanhas do capitalismo, que de tudo se serve e a tudo serve. A luta continua!

a) Marcolino da Mata, revolucionário radical

Defreitas disse...

Há só um problema , Caro comentador anonimo das 12:19! : François Hollande, Ségolène e Valérie nunca foram conjugues. Foram só, digamos, "associados" !

Anónimo disse...

Pergunta ingénua - Por que será que o Presidente Soares "veio a terreiro" defender o Presidente francês...?

Anónimo disse...

Leio alguns comentários de gente com elevadas funções sobre a deriva sentimental de Hollande e fico a pensar sobre como é possível fazer-se comentários despudorados em público e ao mesmo tempo estar em funções de representação. Ganho simpatia profunda por Valérie, pela sua classe, mesmo que reconheça ser difícil a um macho não sucumbir a uma fêmea. Ao ver as fotos de Closer deparo-me a pensar que as escapadelas de Hollande, em moto, incógnito, têm qualquer coisa de picaresco e romanesco. E de clandestino, o que deve dar o picante suficiente para que a relação seja mesmo EXTRA e dificilmente substituível. Mas isto sou eu a falar.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...