domingo, novembro 25, 2012

Por Eça

Foto de Hermano Sanches Ruivo

Dou comigo a imaginar o que pensaria José Maria Eça de Queiroz da homenagem que hoje, dia do seu aniversário, lhe prestámos aqui em Paris, afixando uma placa na primeira das três moradas que teve na capital francesa, cidade onde viria a morrer, em 16 de agosto de 1900, com 54 anos, como Cônsul-geral de Portugal. 

Conhecendo o verbo do meu "colega", nem quero pensar o modo como "fuzilaria" esta iniciativa e como ironizaria essa ideia da afixação destes marcos comemorativos. Correndo embora o risco virtual dessa sua quase inevitável diatribe crítica, lá estivemos, cerca de uma trintena de pessoas, nessa homenagem simples à figura maior que honra a memória portuguesa nesta cidade. 

De Lisboa, deslocou-se expressamente para o ato Fernando Guedes, presidente do Círculo Eça de Queiroz. Tivémos também o gosto da presença de Hermano Sanches Ruivo, um eleito de origem portuguesa, que ocupa lugar de destaque na municipalidade da capital. Mas, igualmente, tradutoras de Eça, professores portugueses e diversas outras pessoas aceitaram o nosso convite e testemunharam a inauguração formal da placa. A qual, a partir de hoje, passa a figurar numa casa onde, por uma feliz (embora nada surpreendente) coincidência, a "concierge" é da nacionalidade de Eça, e se juntou à comemoração, bem como ao pequeno encontro que, com todos, organizámos depois na Embaixada.

16 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns pela/s iniciativa/s.
É a marca do Eça, e não só...
JR

Anónimo disse...

Muito bem a parte final

Anónimo disse...

Meu caro amigo, mas eu não tenho história, sou como o principado de Andorra...

a) Eça de Queiroz

Anónimo disse...

O Eça poderia ironizar, com a sua caneta mordaz como ele sabia fazer quando olhava de forma critica e justa a sociedade do seu tempo.
Mas o que ele não poderia era culpar alguém hoje pelo que a sua obra ficou a ser para Portugal.
Nem culpar a concierge da "sua" casa de Paris, e os portuguese de França, e os vindouros, que nunca mais poderão regressar, de quererem saber que em Portugal houve um Eça, que também passou por aqui, e que também não regressou.
Poderá ser reconfortante.
José Barros  

Anónimo disse...

Caro Amigo,
Felicito-o vivamente pela iniciativa e sinto orgulho por poder ver o nome de Eça de Queiroz numa placa colocada num prédio em Paris. Um dia poderemos falar como o acaso impediu que a sua ossada fosse parar à vala comum de um cemitério de Lisboa, pois estava num jazigo, que não era da família, colocado em hasta pública, devido a abandono...
Já agora, como tantos dos seus leitores e amigos têm sugerido, talvez esteja na altura de começar a escrever umas crónicas da vida diplomática, imbuidas do estilo queiroziano. Teriam sucesso, pode crer!
José Honorato Ferreira

Francisco Seixas da Costa disse...

Ontem, recebi do meu amigo Luís Santos Ferro, um queirosiano de primeira estirpe, o seguinte mail:

"Lembremos pois, amanhã, a alma gentil de Zé Maria!
Tento imaginar o fresco da vossa manhã em frente ao 5, Rue Crevaux. Ali, 132 anos antes, António Nobre entrava na "Avenida Eça", " com uma meia-luz muito doce" à procura... mas o Concierge informou que "Monsieur le Consul était parti"! Assim conta a Alberto de Oliveira (carta de 25.XI.1890). O encontro seguiu-se, mas já na Rue de Berri.
Também no Grémio, onde a data é «dia santo», haverá janta comemorativa: ementa do Alencar / B.Pato, com falas do Gulh. O.Martins .
Em Tormes, nos frios da 'serra bendita', foi a data escolhida para apresentar a moderna edição de "EQ entre os seus" (Ed Caminho) -- Casa tb onde a saudosa filha Maria, a "querida menina", escreveu essas belas páginas evocadoras e insubstituíveis."

Foi graças à lembrança de Luís Santos Ferro que, desde há já cerca de dois anos, eu tive oportunidade de restaurar a memória de Eça que está no espaço da casa onde viveu, na avenue de Roule, em Neuilly.

Anónimo disse...

... é que eu não esperava. Obrigado, colega.

a) José Maria

patricio branco disse...

já agora, placas assinalando moradas de outros poortugueses em paris, se ainda as não têm, antonio nobre, mario de sá carneiro, amadeo sousa cardoso,aquilino ribeiro, eventualmente outros.

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Patrício Branco: o ótimo é inimigo do bom. E, apesar de tudo, e não desmerecendo os restantes, Eça é Eça! Goste-se ou não - e eu assumo isto - há alguma "hierarquia" nestas coisas. E também quero deixar coisas para os meus sucessores fazerem...

Anónimo disse...

Esta não é de Eça, é minha: também se podiam pôr placas nas barracas dos portugueses que viveram em champigny mas houve sacanas que as destruiram!
José Barros.    

Helena Sacadura Cabral disse...

Ai! Este Eça de Queiroz comentador exemplifica bem que "quem sai aos seus não degenera"!

Helena Sacadura Cabral disse...

Ó Senhor Embaixador quanta subtileza na sua resposta a Patrício Branco.
Este blogue é, de facto, um espaço que o próprio Eça não desmereceria, decerto, de espreitar!

Helena Sacadura Cabral disse...

Ó Meu querido Zé Honorato se abrires uma petição pública, assino já.
Seria, e estou a falar a sério, uma preciosa contribuição para a percepção de uma carreira. que para muitos, ainda está envolta numa certa áurea de mistério.

patricio branco disse...

algo fantastico seria sensibilizar a editora gallimard para publicar 2volumes na bibliotheque pleiade com obras escolhidas de eça, já não digo obras completas. até agora creio que só conseguimos 1 volume na colecção doutro autor.

quanto às outras placas assinalando, claro que irão com o tempo, seria tambem bonito.

Anónimo disse...

Estas placas espalhadas um pouco por toda a cidade vao-nos fazendo reencontrar homens e mulheres mais ou menos conhecidos.
Por vezes divirto-me a imagina-los a chegarem a casa carregados com os sacos das compras, ou a correr encharcados porque se esqueceram de levar um guarda-chuva quando saíram ou ainda enervados porque a porta se fechou e ficaram na rua sem chaves...

Esta placa que irei certamente ver pelo menos uma vez por ano, nao nao irei em romaria até la, mas ver a minha gastroentologista a Dra Tawil, trar-me-á à memoria um escriba, um blogue e um grupo de ciber-amigos...e Eça claro :-)

Julia Macias-Valet disse...

Estas placas espalhadas um pouco por toda a cidade vao-nos fazendo reencontrar homens e mulheres mais ou menos conhecidos.
Por vezes divirto-me a imagina-los a chegarem a casa carregados com os sacos das compras, ou a correr encharcados porque se esqueceram de levar um guarda-chuva quando saíram ou ainda enervados porque a porta se fechou e ficaram na rua sem chaves...

Esta placa que irei certamente ver pelo menos uma vez por ano, nao nao irei em romaria até la, mas ver a minha gastroentologista a Dra Tawil (também no n°5), trar-me-á à memoria um escriba, um blogue e um grupo de ciber-amigos...e Eça claro :-)

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...