Os tempos são definitivamente outros. Em Portugal, nos anos 60 do século passado, as rádios deixavam de emitir às 3 da tarde de 5ª feira Santa e só voltavam a emitir no Sábado de manhã, depois da Aleluia, assinalada pelos sinos das igrejas, de manhã. Lembram-se os desse tempo?
Este post serve apenas para mostrar como meio século mudou imenso o comportamento dos portugueses face às datas religiosas.
Este post serve apenas para mostrar como meio século mudou imenso o comportamento dos portugueses face às datas religiosas.
6 comentários:
Nesse tempo ainda devia existir a licença de isqueiro... :)))
Jorge Ferreira
Infelizmente, existem tradições que se vão com os ventos. Existem valores e efeitos que não mais são seguidos. Os jovens não dão mais valor à tão belas tradições, a tão belos princípios. Muitos, inclusive, esquecem qual é o sentido da Páscoa e do Natal. Não sou religiosa, mas valorizo demais essas duas épocas do ano. Vejo que não é só no Brasil, que este fenômeno está acontecendo...Realmente, os tempos são outros...
Nasci em 68, e lembro-me durante toda a infância da semana santa, nada de música, excepto de câmara, os programas de televisão resumiam-se a música de câmara..., não podíamos fazer barulho, gritar, até correr era considerado manifestação de alegria! Os dias levavam o dobro do tempo a passar, não podíamos ir brincar para a casa dos amigos...tínhamos medo das cerimonias religiosas, das procissões com o caixão de Cristo... Enfim outros tempos...
gfaria
Belíssima fotografia!
Quanto à Páscoa, uma das coisas que me ficou na memória, desses tempos, foi o "beijo na cruz". Na Beira-Alta, aquele meu avô (materno) e uma tia, com um nome inolvidável - Urbana - recebiam o Padre, que vinha com um séquito e nos dava a beijar a cruz (e de caminho comia/comiam umas fatias de pão-de-ló). Meu pai, eu e irmãos afastavamos, com firmeza a dita cruz e cabia a minha mãe e irmã o "dever" de a beijar (para além, naturalmente, dos avô e titi).
Já no Douro (as Páscoas eram alternadas, como o Natal),o meu avô paterno, que fugia da cruz como gato de água, nunca autorizou o padre a "entrar-lhe por ali a dentro", para grande desgosto de minha avó, profundamente crente. Ali nem "de-ló", nem "de-lá". Comia-se o cabrito e "era uma lança em África", como ele dizia. Cumprimentava, com um ligeiro levantar do chapéu, o Padre, à distância.
Para mim, a Páscoa era, sobretudo, onde a passávamos, ou seja, com maior ou menor pendor religioso. Bera-Alta, ou Douro.
P.Rufino
P. Rufino
De refinada que estou com a leitura diária deste blog, dei comigo às primeiras linhas do seu comentário, a identificar a sua escrita mesmo antes de ver a assintura do autor dela.
Também eu tenho um lado beirão que se contrapõe ao lado alentejano, acentuando, pasme-se, os defeitos que em mim mais prezo. Falta de modéstia portanto!
O que me conta da Beira, vivi-o eu, em duplicado, porque lá para os lados de Beja -os maternos - como para os de Vila Viçosa - os conjugais - o ritual era semelhante.
De tudo isso ficou-me, até aos dezanove anos, uma plácida indiferença pela época, que apenas tomava algum colorido quando materializada no cabrito e nas "encharcadas". O resto era folia com os irmãos e os primos e risos à sucapa quando o padre, de batina, passava abençoando-nos...
Outros tempos se seguiram, nem sempre bem aventurados, mas todos eles marcados por um batismo tardio, aos vinte anos, em que a Páscoa passou a ter outro significado. E veja, meu caro P Rufino, como a vida nos prega algumas partidas: ao fim de tantos anos, e depois de ver tanta "descrença" à minha volta, eu continuo ligada por elos invisíveis à opção feita quando a Lei ainda me considerava menor.
Na sabedoria popular, costuma dizer-se que "nada acontece por acaso". Foi o meu caso, que não por mero acaso, continuo a professar a mesma fé!
A nostalgia dos bons velhos tempos!
Também relembro a infância ainda pura,as palmas, o jejum, a aleluia e o repicar dos sinos,
Como a Fé era reconfortante.
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