Era o tempo das negociações para a entrada de Portugal nas Comunidades Europeias, essa primeira década dos anos 80 em que, com muito esforço e dedicação, vários sectores da sociedade portuguesa foram chamados a dar o seu testemunho sobre as práticas em vigor no nosso país, a fim de as procurar tornar compatíveis com as que eram seguidas nessa Europa a que pretendíamos aderir.
A vida europeia tem regras, padrões e medidas que, parecendo bizarrias a muitos, têm como objectivo garantir uma presença no mercado comum comunitário dos produtos originários dos vários países, em moldes susceptíveis de garantirem uma livre e equilibrada concorrência.
Nesse dia, eram os nossos produtores de leite que explicavam qual o tipo de vasilhame que era usado em Portugal. O técnico que tinha ido a Bruxelas falava um francês razoável, porém com algumas falhas que, não sendo trágicas, eram, pelo menos, cómicas. Uma delas teve graça. Ao referir-se ao tipos de garrafas utilizadas em Portugal para a venda de leite, terá dito mais ou menos isto: "Au Portugal, nous avons des bouteilles de litre, de demi-litre et de chambre de litre".
O espanto dos auditores de língua francesa terá sido muito, ao serem confrontados com esta criativa forma de se referir ao quarto de litro...
A vida europeia tem regras, padrões e medidas que, parecendo bizarrias a muitos, têm como objectivo garantir uma presença no mercado comum comunitário dos produtos originários dos vários países, em moldes susceptíveis de garantirem uma livre e equilibrada concorrência.
Nesse dia, eram os nossos produtores de leite que explicavam qual o tipo de vasilhame que era usado em Portugal. O técnico que tinha ido a Bruxelas falava um francês razoável, porém com algumas falhas que, não sendo trágicas, eram, pelo menos, cómicas. Uma delas teve graça. Ao referir-se ao tipos de garrafas utilizadas em Portugal para a venda de leite, terá dito mais ou menos isto: "Au Portugal, nous avons des bouteilles de litre, de demi-litre et de chambre de litre".
O espanto dos auditores de língua francesa terá sido muito, ao serem confrontados com esta criativa forma de se referir ao quarto de litro...
13 comentários:
verídica, numa reunião patronal em que o trabalhador presente, sentindo-se
a fazer figura de corpo presente, exclamou indignado:
"-- What's my paper in the middle of this?"
e de qual seria o seu papel no meio de tudo aquilo não lhe souberam responder, que ninguém explicou ao estrangeiros a origem de tal construção verbal
:-)
A nossa capacidade inventiva está sempre a surpreender-me! Genial essa “solução” de momento. Esta pequena história é uma peça de humor impagável!
E já agora, como seria “o quarto de hora”?
P.Rufino
Esta nunca (quase) se vai passar com os franceses porque não atinam uma quando falam outra lingua (raramente conseguem aprender alguma coisa).
para não falar do mais conhecido e clássico "chambre d'eau de pierre", o nosso icónico quarto de água das pedras.
Só semelhante ao pedido de "Eau du Chateau" para misturar com o whisky...
...ao que ele terá respondido:
"Je me suis dans les encres ..."
Terá sido assim ?
Mas essa do "CHAMBRE DE LITRE" fica, certamente, nos anais.
Sou testemunha de uma ameaça feita por um amigo meu num bar de Glasgow a um escocês que o deixou atarantado: "You are here you are eating..." O homem nem reagiu.
I. Meireles
Genial também essa sugestão de “Eau du Chateau”, de H.S.C (gosto em reencontra-la por aqui!).
Pergunto-me: E se for “Chambre de L´Heure!”? Tínhamos sarilho pela certa! “É tanto à hora...Agora imaginem um surdo: “tanto, por um quarto de hora?” Complicado!
Mas aquela do “my paper” também é de tomar nota. Bem apanhada!
Há uns anos atrás, numa aldeola encantadora, ali perto de Seia, onde temos casa, lá para os lados da Estrela, um amigo (fluente em inglês) foi “abordado” por uns estrangeiros que segundo parece iam a caminho do “cucuruto” da Serra, para a Pousada do Pastor, nas Penhas Douradas. E, em claro desespero de causa, “atreveram-se” a perguntar àquele “indivídio com aspecto tosco”, como lá chegar, dali onde se encontravam. O “marau” responde-lhes em fluente inglês (ainda “que com uma pitada de sotaque Beirão”, como me referiu - um português “cantado”, digamos”). Espanto total dos “estrangeiros”um para a outra: traduzindo –“”aqui até os pastores falam, ou entendem o inglês!” (o meu amigo estava de cajado na mão e com um “ar de quem cuida e apascentava ovelhas”). Segundo parece, teriam estado em Ulgeiriça e dali iam para o cume da Serra. E toparam-no, ao cruzarem, por acaso, aquela aldeia. E rimo-nos, a bom rir, mais tarde, com um bom tinto a “confortar-nos”.
P.Rufino
Cardeal Cerejeira em Paris.
Ma "famme" au Portugal est trés grande...
Questão de formas.
Deliciosas estas "estórias" de quem apascenta a língua dos outros. Mas consolemo-nos. Portugal é excelente quando comparado com nuestros hermanos que tudo espanholizam.
Alguém ouviu, já, um concerto ou um disco das "Piedras Rolantes"? Não? Pensem bem.
Claro que sim, se souberem que se trata dos Rolling Stones!
Conheço muitos exemplos de “pérolas” inventadas pelos emigrantes portugueses em França e pensava até que poderíamos reivindicar a exclusividade desta criatividade porque tínhamos razões para isso: por um lado o facto de estarmos muito tempo em contacto com a língua francesa cujos termos às vezes nos levam até a confundir o sexo das coisas. Assim é frequente ouvir o português de França queixar-se que lhe dói uma dente em vez de “um dente”; ou para o termo “se serrer les coudes”, em vez da tradução “cerrar fileiras” ouvimos o barbarismo que “é preciso cerrar os cotovelos”. Ainda bem que o ouvido não distingue se o cerrar é com um “C” ou com um “S”... Por outro lado o facto de que a maioria dos que veiculavam a língua portuguesa por estas terras nos anos 50 e 60 não terem saído das universidades, ao encontrarem certos termos aqui na emigração com os quais nunca se tinham familiarizado em Portugal levava-os a inventar... O primeiro exemplo que me surge é o famoso termo de “Bacanças” que deveria ter sido um dos primeiros a ser divulgado... Mas como poderíamos traduzir a palavra “vacances” se em Portugal, naquele tempo, ninguém sabia o que eram férias?
Todavia esta do técnico português em Bruxelas que seria culto apresentar como vasilhame para o leite garrafas de “une chambre de litre” merece o primeiro lugar. Como emigrante também “inventor” inclino-me!
José Barros.
Integrada numa viagem organizada a Londres cujo objectivo era aprender inglês no contexto de uma familia inglesa, rapidamente nos apercebemos que era bem mais divertido ensinar Português...
O casal anfitrião que nos acolheu considerava o nosso Inglês "fluente" ...
Já nós... o melhor e mais próximo do Português que conseguimos ensinar tipo"pano de cozinha" , foi ouvir verbalizar de forma autónoma ao senhor,
um pedido frequente á mulher"o pan do cuzinho"
Obviamente feliz por demonstrar a sua
aprendizagem.
Isabel Seixas
Em Genebra, fim dos anos 80, estou em arrumações e encontro revistas velhas já sem uso. Pergunto à senhora das limpezas como proceder, questões de reciclagens e afins. Resposta instantânea:
- Arrejeita-se na pubela!
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