Muitos se interrogam sobre o verdadeiro significado da reunião dos G20, que hoje se inicia em Londres.
Este fórum de concertação, ao qual estão presentes bem mais do que 20 participantes, existe já há uma década, mas pode dizer-se que é talvez a primeira vez em que a sua convocação vem acompanhada por uma atenção global como a que actualmente lhe é dirigida. A crise, e a incapacidade de algumas grandes economias de conseguirem meios de combate à mesma sem a ajuda de outros parceiros fora dos G8, levou estes a aceitarem utilizar este mecanismo para uma cooptação de sócios de oportunidade, numa lógica que originariamente estava principalmente focalizada nas negociações do comércio internacional, mas que, no momento, se pretende alargar a outras dimensões económico-financeiras à escala global.
Na realidade, o G20 é hoje um grupo relativamente inorgânico que reune os antigos G8, acompanhados pelos grandes países emergentes e algumas economias mais desenvolvidas do chamado "Norte". A sua última convocatória a este nível teve lugar em Novembro de 2008 e, entre outras tomadas de posição, saldou-se por um compromisso solene de todos os seus membros de cumprirem uma moratória em matéria de medidas de natureza proteccionista. O resultado está à vista: 18 desses países não cumpriram essa promessa, de acordo com o Banco Mundial. Esperemos melhor sucesso desta vez.
Para um país como Portugal, a racionalidade subjacente ao G20 só é aceitável numa dimensão conjuntural ou de produção de efeitos que se projectem, em primeiro lugar sobre o próprio grupo, podendo, se assim suceder, servir de útil "benchmark" num quadro mais global. Não tendo nós problemas de maior em aceitar grande parte das ideias para as quais se pretende obter um novo compromisso, também nos não revemos, naturalmente, na possibilidade de este grupo poder vir a firmar-se como uma espécie de novo "directório" político-económico do mundo.
Sem pôr em causa a legitimidade de reuniões desta natureza, em especial se delas puderem resultar acordos firmes em matéria de "governança" entre os seus pares, entre os quais se encontram alguns dos fautores maiores da onda de desregulação que afecta a economia global, o primeiro-ministro português teve já ocasião de adiantar a nossa visão sobre a necessidade de alargar a sua representatividade futura, em especial nelas fazendo projectar estruturas de natureza regional. Caso tal não suceda, importará lembrar que existem instituições de natureza multilateral onde estas questões podem e devem ser discutidas e acordadas, estruturas essas dotadas de regras de decisão próprias e mecanismos de representação e controlo aprovados e ratificados por todos os Estados. Coisa que o G20 estará sempre longe de ter.
Este fórum de concertação, ao qual estão presentes bem mais do que 20 participantes, existe já há uma década, mas pode dizer-se que é talvez a primeira vez em que a sua convocação vem acompanhada por uma atenção global como a que actualmente lhe é dirigida. A crise, e a incapacidade de algumas grandes economias de conseguirem meios de combate à mesma sem a ajuda de outros parceiros fora dos G8, levou estes a aceitarem utilizar este mecanismo para uma cooptação de sócios de oportunidade, numa lógica que originariamente estava principalmente focalizada nas negociações do comércio internacional, mas que, no momento, se pretende alargar a outras dimensões económico-financeiras à escala global.
Na realidade, o G20 é hoje um grupo relativamente inorgânico que reune os antigos G8, acompanhados pelos grandes países emergentes e algumas economias mais desenvolvidas do chamado "Norte". A sua última convocatória a este nível teve lugar em Novembro de 2008 e, entre outras tomadas de posição, saldou-se por um compromisso solene de todos os seus membros de cumprirem uma moratória em matéria de medidas de natureza proteccionista. O resultado está à vista: 18 desses países não cumpriram essa promessa, de acordo com o Banco Mundial. Esperemos melhor sucesso desta vez.
Para um país como Portugal, a racionalidade subjacente ao G20 só é aceitável numa dimensão conjuntural ou de produção de efeitos que se projectem, em primeiro lugar sobre o próprio grupo, podendo, se assim suceder, servir de útil "benchmark" num quadro mais global. Não tendo nós problemas de maior em aceitar grande parte das ideias para as quais se pretende obter um novo compromisso, também nos não revemos, naturalmente, na possibilidade de este grupo poder vir a firmar-se como uma espécie de novo "directório" político-económico do mundo.
Sem pôr em causa a legitimidade de reuniões desta natureza, em especial se delas puderem resultar acordos firmes em matéria de "governança" entre os seus pares, entre os quais se encontram alguns dos fautores maiores da onda de desregulação que afecta a economia global, o primeiro-ministro português teve já ocasião de adiantar a nossa visão sobre a necessidade de alargar a sua representatividade futura, em especial nelas fazendo projectar estruturas de natureza regional. Caso tal não suceda, importará lembrar que existem instituições de natureza multilateral onde estas questões podem e devem ser discutidas e acordadas, estruturas essas dotadas de regras de decisão próprias e mecanismos de representação e controlo aprovados e ratificados por todos os Estados. Coisa que o G20 estará sempre longe de ter.
6 comentários:
Se o G8 não toma medidas a nível internacional, os nossos governantes tem de nacionalizar a banca, encontrar instituições reguladoras, comunicar à população de forma credível as medidas que adoptaram... Se tal não acontecer, podemos a ter certeza que antes do final do ano, estamos mergulhados no caos social
Bom e corajoso texto
Álvaro Magalhães
Mais do que tomar e adoptar medidas, o G8 tem que mobilizar os restantes países e os cidadãos para as dificuldades que pesam sobre todos.
É bom que se tome consciência de que já se está em clima de pré-forte depressão económica e social, a aparecer à luz do dia, embora muitos governantes e políticos tenham optado por colocar os cidadãos ao corrente a conta-gotas: dois passos para a frente, um passo para trás três em frente...
Assiste-se, isso sim, à total descredibilização de governantes, políticos e política. Inclusive, subsistem muitas e muitas dúvidas quanto à eficácia de muitas das medidas que vêm sendo adoptadas...
Já pouco falta para que ninguém acredite em ninguém, e o mérito é dos governantes e dos políticos.
É importante, isso sim, que se avance urgentemente para uma Nova Ordem Económica e Social.
Assistimos, isso sim, à evolução da União Europeia, face à profunda crise mundial, destituída de iniciativas e medidas para a combater eficazmente, enquanto o tecido social cada vez mais se deteriora...
Acéfala e sem estratégias!
... E o caos social já se começa a vislumbrar e a intensificar, um pouco por todo o lado, enquanto as empresas e os empresários tentam ainda recuperar posições a todo o custo com o beneplácito de alguns governos e governantes...
Infelizmente, quer o G8 quer o G20, não vão conseguir atacar os problemas nem chegar a conclusões de fundo, porque não interessa, devido à multiplicidade de interesses em confronto e em conflito...
Bem que eu gostaria de estar errado, mas o futuro, que é já amanhã, se encarregará de colocar tudo a descoberto...
Tentou-se globalizar tudo o que era possível e a todo o custo, agora, eis à vista o resultado e os seus nefastos e perniciosos efeitos, económicos e sociais.
Lucro fácil, ganância, especulação, suborno, corrupção, infelizmente, é o que está a dar, enquanto se espezinham os valores humanistas, que parecem ter sido arredados do dia a dia dos trabalhadores. É que por este andar, qualquer dia, já não sobram migalhas da mesa do banquete dos poderosos...
Subsistem dúvidas de que o PODER POLÍTICO, definitivamente, se rendeu ao PODER ECONÓMICO? Por mim, não tenho dúvidas!
Vamos esperar para, depois, se contar como foi que tudo aconteceu...
Qual o governante que assumiu a globalização social?
Não faltou quem a apregoasse aos quatro ventos! Mas, isso, era para os outros ou para "boi dormir", como soe dizer-se aqui, no Brasil!
Paulo M. A. Martins
Fortaleza (CE)
Brasil
A multilaterização deste assunto é imprescindível mas a urgência na resolução de alguns problemas impõe algum pragmatismo e celeridade.
De facto, o PM português alertou a UE (cartas para Barroso,Presidência checa e Gordon Brown)e, segundo a imprensa de hoje, de novo, enquanto co-presidente do Forum da Parceria com África, o seu colega britânico para os perigos de ficar sem "voz na matéria" uma boa parte do Mundo.
Da reunião do G20 não deverá saír nada de "radical". Veremos se a agressividade de Sarkozy é mais do que mera pose.
Post muito bem observado. Subscrevo inteiramente aquele parágrafo final do Embaixador Seixas da Costa, quando recorda a existência de instituições multilaterais onde aquelas questões podem e deveriam, se calhar com mais eficácia, via negociações empenhadas, ser tratadas e discutidas. Até porque, em instâncias dessas, aquilo que dali saísse, como diz aqui o Embaixador, tinha o mérito de, posteriormente, uma vez concluídos e acordadas os mecanismos e regras ali debatidos/as, poderem ser ratificados/as, obrigando os Estados a cumpri-los/as.
Assim sendo, o “resultado”, não sendo vinculativo e com as divergências que já se conhecem (e a experiência de outras anteriores, como refere FSC), pouco irá adiantar para a “saúde” da Economia Mundial.
Pergunto-me, porque razão então aquele conjunto de países embarca em exercícios desta natureza?
P.R.
Está aqui tudo dito nas suas diversas versões. Com um ponto em comum a todos os comentários : a descrença nos resultados.
De facto o G20 que não tem estrutura própria que o prepare em termos globais, ficando assim nas mãos dos "sherpas" do governo de quem recebe. Agora foi Gordon Brown.
Mas a importância desta magna reunião de líderes serve mais de palco para contactos bilaterais - veja-se Obama e Medvedev -do que para resolver os problemas graves onde oportuno seria que os pequenos - como nós -pudessemos ser ouvidos.
Eram sete os temas para discussão.Quanto aos resultados...iremos ver!
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