sábado, abril 04, 2009

Nanterre

Nanterre traz, para muitos da minha geração, a imagem da revolta de Maio de 1968. Por essas bandas houve então lutas épicas, iniciadas na universidade e prolongadas nas fábricas, em tempos de uma revolução que acabou com mais mudanças nas mentalidades do que nas coisas concretas da vida. Mas da qual, para o mal e para o bem, a História da França e do mundo se não liberta.

Ontem, inaugurei no Espace Chevreul, em Nanterre, a Feira de Produtos Portugueses, promovida pela ARCOP (Associação Recreativa e Cultural dos Originários de Portugal), uma magnífica iniciativa organizada em 30 stands, com a presença orgulhosa de vários autarcas das nossas regiões, especialmente do Minho e de Trás-os-Montes, mas também da Beira e do Alentejo. Jaime Alves está no centro desta realização, com o seu filho Marco, autarca de Nanterre, a demonstrar a força da nossa integração em França.

Da Nanterre vermelha, de há mais de 40 anos, resta a cor política do nosso simpático anfitrião, o Maire de Nanterre, Patrick Jarry, eleito pelo Parti Communiste Français. Ele tinha então apenas 14 anos...

5 comentários:

Anónimo disse...

Senhor Embaixador,
O filho de Jaime Alves, de Nanterre, chama-se Marco e não Carlos.
Cumprimentos
Carlos Pereira
www.lusojornal.com

ARD disse...

Encontrei isto no YouTube:
http://www.youtube.com/watch?v=3iBiS34n64Q
A propósito de Nanterre e de Maio68, ontem, quando procurava a citação que inclui no meu comentário ao post sobre a NATO, ilustrada pela foto de De Gaulle, reli umas passagens sobre o assunto. O velho reaccionário tinha dúvidas sobre os arroubos revolucionários da "chienlit" e considerava os líderes "des fils à papa" que se revoltavam por estarem zangados "por ter de ir de Passy a Nanterre em Austin" (era tempo dos Mini...).
Quando os estudantes reclamaram o direito de entrar nas camaratas das raparigas, comentou:«ils voulaient des locaux et des maîtres, ils veulent à présent des lits et des maîtresses!»
No que dizia respeito a frases de efeito, era QUASE tão bom como os estudantes.

Anónimo disse...

Como já vai longe esse “momento” que foi o Maio de 68! Se esquecermos por agora os excessos então praticados, haverá que reconhecer que, naquela altura, a política ainda possuía algum romantismo, à mistura com alguma dose de ilusão e ingenuidade. Eram os tempos da “imaginação ao poder”, que se perderam na distância. Apesar de “açaimada” pelo Marcelismo, a nossa imprensa à época não deixou de noticiar os factos, naturalmente com a interpretação do Regime de então. Recordo-me de se ter tirado partido daqueles acontecimentos em França para se louvar a política do Governo, “como garante de estabilidade, ao não permitir que em Portugal o Poder caísse na rua”.
Hoje, ao contrário, a política enferma de uma larga dose de desilusão e cepticismo. Já não inspira. É o fim, já há muito anunciado, de um ciclo. Melhor ou pior? Diferente. Oxalá, pelo menos, nos permita sair do imbróglio (económico e, convenhamos, político também) em que nos encontramos.
P.Rufino

Anónimo disse...

Julgo que por "excessos" P.Rufino se está a referir às cargas dos CRS, às medidas catastrofista de M.Pompidou, à ida do Presidente De Gaulle para junto das tropas estacionadas na Alemanha, e assim por diante.
Os estudantes eram realistas;pediam o impossível.

Anónimo disse...

Esclarecendo Anónimo, adiantarei (o que já deixara transparecer) que, na altura, a minha postura foi de estar do lado dos estudantes, postura essa da minha parte que assentava em claras razões de ordem política (a par da coincidência de ser também estudante), que, felizmente, o tempo não apagou. Sobre o que então se passou, penso o mesmo hoje. Quanto aos excessos, houve os de natureza política, que só ficaram mal a quem por eles foi responsável e os de natureza material, quasi sempre inevitáveis em circunstâncias semelhantes.
P.Rufino

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