Será curioso perceber qual o consenso possível deste lado do Atlântico face ao "bullying" a que Trump vai sujeitar a Europa, na sua obsessão comercial contra a China. Embora alguma água ainda vá correr sob as pontes americanas: metade dos Tesla de Musk são fabricados na China.
duas ou três coisas
notas pouco diárias de Francisco Seixas da Costa
quarta-feira, novembro 06, 2024
Com o devido respeito
Posso perceber, como expressão de um sincero estado de alma, o comentário ontem feito por Marcelo Rebelo de Sousa sobre as eleições americanas. Já percebo menos esse comentário ter sido proferido pelo Presidente da República. Mas admito ser eu quem está a ver mal as coisas.
Desafio & oportunidade
Em linguagem empresarial, Trump é um "desafio" para a Europa. Mas, ao contrário da narrativa clássica, é difícil transformá-la em "oportunidade". A menos que o caráter adversarial de Trump levasse a Europa a reforçar-se. Mas "não estamos com gente disso", como antes se dizia.
A Europa e Trump II
Para a Europa, o interlocutor, no principal parceiro à escala global, chama-se agora Donald Trump. Este sabe que não era o presidente desejado deste lado do Atlântico e irá fazer sentir isso. Mas Trump é pragmático nos negócios e, para ele, a relação com a Europa é um negócio.
As culpas de Biden
Biden tem uma importante quota de culpa na derrota de Harris. A vice-presidente pagou pela sua impopularidade interna de Biden, pela obscuridade a que este a sujeitou durante quatro anos e pelo egoísmo e falta de realismo que revelou, ao não ter tido uma saída atempada de cena.
Uma morte política
Harris, como figura política com destino nacional, acabou ontem. Sem cargo eletivo, e na implacável lógica do sistema americano, a liderança da oposição passa agora para o Congresso. Só com a aproximação das próximas presidenciais um nome emergirá. E esse nome não será Harris.
A limpeza das eleições
Uma das boas notícias desta eleição é que a vitória folgada de Trump pode ter feito desaparecer a litigância em torno do processo eleitoral, o que atenua as ondas de suspeição que o próprio Trump ciclicamente lança sobre essa dimensão do sistema político americano.
A solidão europeia
Como sempre acontece, a Europa "escolheu" um candidato à presidência americana à medida daqueles que eram os seus interesses. Ora o presidente americano é eleito para defender os interesses americanos, não os interesses europeus - e, muitas vezes, uns conflituam com os outros.
"Check the balances"
Trump tem uma vitória inédita, com abalo de todos os "checks and balances: legitimidade adquirida pela maioria do voto popular, maioria no Congresso (câmara e senado), maioria clara no Supremo Tribunal, mantendo a maioria dos governadores de Estado. Melhor era impossível!
Os media
O modo enviezado (por melhores que fossem as razões) como a maioria dos media favoreceu e promoveu a candidatura de Harris levou à ilusão de uma crescente onda popular em seu favor. Afinal, o voto popular veio a favorecer Trump. O "whishful thinking" é isto.
terça-feira, novembro 05, 2024
A face exterior da América
Comecemos pelo óbvio. Os americanos, nas suas escolhas eleitorais, mobilizam-se essencialmente pela agenda do seu quotidiano interno. Nestes tempos ela é: poder de compra, segurança, imigração, aborto e temas de género, saúde, desemprego, armas, habitação, valores religiosos e nacionais, questões identitárias, estilos de vida – não necessariamente por esta ordem, dependendo das suas clivagens regionais, étnicas, de classe ou etárias.
segunda-feira, novembro 04, 2024
Coincidências
- É muito pouco comum o apelido deste médico. Terá algum parentesco com aquele nosso colega de liceu, que tem o mesmo nome?
- É dificil saber! Não perguntámos ao médico e há muitos anos que não vemos o nosso antigo colega.
Cinco minutos depois, na sala de espera:
- Curioso. Já viste quem ali está? É o nosso colega. Podemos perguntar-lhe se é parente do médico.
Não é, disse-nos ele, que já se tinha cruzado um dia com o médico seu homónimo. Acabámos entre abraços.
Não há coincidências. Claro que não há!
O viés e a profissão
Acho Trump uma figura sinistra e, no contexto, vejo Harris como um sopro de ar fresco. Como cidadão, eu posso pensar assim. Mas acho incorreto que o nosso jornalismo tome partido e esteja a ser completamente "biased" na análise da contenda presidencial americana.
"Nuestros hermanos"
Desde o auge da questão da Catalunha, há uns anos, que eu não via as redes sociais portuguesas tão polarizadas pela situação política interna espanhola. A tragédia de Valência é agora o pretexto. Dado que somos dois países com agendas em geral bem diversas, acho sempre curioso perceber que temáticas da "vizinha Espanha" excitam este parceiro ibérico, e porquê.
Império
Uma mulher negra, que cresceu fora do Reino Unido, ter conseguido chegar à liderança do histórico Partido Conservador (e Unionista, parte do nome que muitos esquecem) é, a todos os títulos, um acontecimento notável, seja o futuro aquilo que vier a ser.
domingo, novembro 03, 2024
Aleluia!
Alentejo desencantado
Desencantado é como saio deste meu fim de semana gastronómico no Baixo Alentejo.
De cinco restaurantes experimentados, apenas um passou a fasquia do razoável. E acontece-me isto a mim, que passo o tempo a elogiar a cozinha alentejana!
Ainda este mês, a Academia Portuguesa de Gastronomia, de cuja direção faço parte, vai entregar o seu prémio anual "Maria de Lourdes Modesto", destinado a premiar um restaurante de cozinha tradicional portuguesa, à "Mercearia do Gadanha", em Estremoz.
Haverá um contraste Norte/Sul na qualidade da restauração alentejana? Ou fui eu que escolhi mal as mesas, não obstante andar atulhado com guias, com indicações de amigos comilões e outras de amigos conhecedores?
Pousar
sábado, novembro 02, 2024
Para o que me havia de dar!
sexta-feira, novembro 01, 2024
Camilo Mortágua
B & B
quinta-feira, outubro 31, 2024
Que triste, "Expresso"!
O Sporting, o Porto e o Benfica
Loures
O senhor presidente da Câmara municipal de Loures disse uma imensa barbaridade: que os envolvidos em distúrbios e atos criminosos deviam ser despejados das habitações sociais que ocupam e que ele próprio assim iria proceder no futuro face a moradores locais nessas condições.
Ao senhor presidente, que acontece ser da minha área política, alguém deveria explicar que quem incumpre com uma lei deve ser pessoalmente punido, mas apenas e só nos termos dessa mesma lei.
Além de que a ideia de que as famílias devem pagar pelos erros desses titulares de atos foi uma prática israelita ao tempo em que havia Gaza - e essa similitude de atitude é capaz de não ser a mais honrosa imagem para os socialistas de Loures.
Para além de Kursk
André Freire
CNN Portugal
Ontem, correspondendo a um amável convite dos meus amigos da CNN Portugal, tive muito gosto em regressar pontualmente à estação, para comentar as eleições americanas. Farei o mesmo na noite eleitoral.
quarta-feira, outubro 30, 2024
Sectarismo
O sectarismo faz baixar a guarda. Há uns anos, John Bolton era um "troglodita", quase fascista, que Trump levou para a Casa Branca. Agora, feito anti-Trump, é um guru dos anti-Trump. Há uns anos, Meloni era uma perigosa fascista. Agora, apoia a Ucrânia e já está do "lado certo".
Media
É impressionante olhar a comunicação social dos EUA: praticamente não há meios de informação que não estejam enfeudados a um dos dois campos políticos. É muito difícil encontrar análises com alguma distância ou neutralidade. A América está mais polarizada do que nunca.
"Umas palminhas!"
terça-feira, outubro 29, 2024
Equívoco
Há um imenso equívoco no mundo do futebol.
O adepto clubista investe, emocional e irracionalmente, num emblema. Sofre e sente profundamente as vitórias e as derrotas do seu clube. Já se percebeu que isso é das lei da vida.
Por um qualquer mistério, que confesso que nunca percebi, o adepto comum parece ser levado a pensar que um jogador ou um treinador, chegado de um outro clube, muitas vezes transferido e pago a peso de ouro, passa, por essa simples transferência, a ter de transpirar um "amor à camisola" do novo clube idêntico àquele que o adepto sente, como se de um amador se tratasse.
Às vezes, é verdade, há alguns profissionais que "go native" e passam a ser adeptos e a partilhar a mística do clube. Mas essa é exceção. A regra, para um profissional, é mostrar plena lealdade ao clube, enquanto nele trabalha, e que exerça a função para que foi contratado da melhor forma que sabe e pode. Quando tiver de sair, não lhe é exigível nada mais do que o cumprimento do que estiver no contrato, escrito ou implícito. Tudo o resto não passa de um equívoco.
Europeus
Não deixa de ser algo irónico que, no momento em que a União Europeia - algumas das suas políticas e leis - é fortemente criticada em alguns dos seus Estados, como fautora de problemas, essa mesma União seja tida como um eldorado por alguns putativos futuros aderentes.
Livros
Posso estar enganado e a ecoar uma ideia meramente impressionista mas, depois de passear por algumas livrarias, fiquei com a sensação de que os livros de auto-ajuda, de "how too" e de filosofias-de-trazer-por-casa sobre a vida estão em crescendo em edições portuguesas.
Trump
É difícil avaliar o efeito de um comentário muito insultuoso para a comunidade latina nos EUA, feito por um apoiante desastrado de Donald Trump, durante um dos seus mais importantes comícios de campanha. Se Trump perder, estas coisas irão serão contabilizadas.
segunda-feira, outubro 28, 2024
A apuração e os apuros da verdade
A presidente
domingo, outubro 27, 2024
O senhor Fernando
Morreu o senhor Fernando, Fernando Pinto de Sousa. Quem não é de Vila Real, não o conheceu. Para as novas gerações da cidade, o nome do senhor Fernando também dificilmente dirá alguma coisa, embora a sua figura, de porte direito, a passear-se lentamente pelas ruas, fizesse parte, por muitos anos, do cenário urbano.
Falando do Partido Democrata americano
Aqui fica o link
Resultados
Uma democracia saudável revela-se pela serenidade com que são aceites os resultados eleitorais. Felizes os países - e Portugal é um deles - onde, ao final do dia, se conhecem os vencedores e os vencidos, com estes a aceitarem o desfecho, por ínfimas que as diferenças possam ser.
Ferreira do Alentejo
Com uma sala cheia de gente que se mostrou interessada e muito interventiva - onde tive o prazer, logo à entrada, de ver à venda a 3ª edição do meu livro "Antes que me esqueça", publicado há quase um ano - mantive mais de duas horas de animado debate. O tema era "A Diplomacia e a vida", mas logo se percebeu que, da análise em abstrato da natureza da atividade diplomática, a conversa teria de derivar para a atualidade do estado do mundo. E assim aconteceu.
Um agradecimento particular é devido ao presidente da Câmara de Ferreira do Alentejo, Luís Pita Ameixa, que foi o anfitrião do evento, e à "culpada" pela extraordinária atividade cultural que se desenvolve em Ferreira, Dra. Maria João Pina.
sábado, outubro 26, 2024
sexta-feira, outubro 25, 2024
Notícias do Cáucaso
Quando leio na nossa comunicação social os zelosos semânticos chamarem caucasianos aos brancos, pergunto-me o que pensarão disto os cidadãos do Cáucaso. Quando voltar a jantar no "Ararate" (recomendo!), vou perguntar.
Danças políticas
O pequeno partido da direita radical parece uma barata tonta no mercado político. Afasta-se da extrema-direita quando pressente que isso é tóxico, cola-se e descola-se da direita clássica à medida das conjunturas, tentando cavalgar as oportunidades mediáticas.
Isaltino
Sou insuspeito de poder ter a menor complacência com a figura política de Isaltino Morais. Mas sou obrigado a reconhecer que esteve bem na sua postura perante os recentes acontecimentos de violência.
A Rússia e os BRICS
A reunião dos BRICS foi o maior sucesso diplomático que a Rússia conseguiu, desde o início da invasão da Ucrânia. Putin foi hábil no modo como abusou desse palco para defender a sua posição nacional, excedendo manifestamente a sua qualidade de presidência rotativa dos BRICS.
Foi bastante significativo ver vários Estados do "mundo BRICS" a apoiar, expressa ou subliminarmente Moscovo. O silêncio complacente de outros revela que a causa ucraniana pode estar a perder cada vez mais força naquele âmbito.
Guterres e os BRICS
Guterres não poderia nunca eximir-se a estar presente na cimeira dos BRICS, apenas pelo facto de ela ter lugar na Rússia - que, aliás, é um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Quando os EUA invadiram ilegalmente o Iraque, o SG da ONU cortou relações com Washington?
Devendo estar consciente de que a forma é relevante para o conteúdo das coisas, a máquina da ONU deveria ter cuidado ao pormenor - e visivelmente não o soube fazer - da coreografia dos momentos do seu SG com Putin, evitando o aproveitamento por este das "photo opportunities".
Norte-coreanos
Pensemos friamente: a eventual utilização tropas norte-coreanas na defesa ou retoma da região de Kursk, zona russa parcialmente ocupada pela Ucrânia, seria uma coisa muito diferente do seu emprego na luta no território ucraniano.
Há um aspeto interessante na presença de tropas norte-coreanas na Rússia. Trata-se de gente que viveu toda a vida num condicionamento total, em matéria de contactos e de informação. Será que o seu governo e os russos conseguem preservá-los da "poluição" pelo mundo exterior?
" O que faz falta"
Tenho o gosto de contribuir com um texto para o respetivo catálogo, que proximamente será editado, a que dei o título de "Assim estamos".
Ilegalização?
O voto absolve?
Algo vai mal neste país quando, ao ser abordado o caráter eventualmente criminoso de atitudes de responsáveis de um partido de extrema-direita, se argumenta com os votos que esse mesmo partido obteve, como se pudesse haver uma espécie de legitimação democrática dos crimes.
(Este post não aceitará comentários).
Áh!
América
Ana Santos Pinto, Bernardo Pires de Lima, Nuno Severiano Teixeira, Pedro Adão e Silva e Pedro Silva Pereira foram os outros oradores, cada um abordando um tema específico. Três horas de útil reflexão, sob a batuta e o relógio de José António Vieira da Silva, com participações interessadas e substantivas da audiência.
Contudo, nenhum de nós conseguiu adiantar um palpite sobre quem sairá vencedor da compita...
"Obrigado"
Tenho algum orgulho em poder dizer que sempre olhei com grande simpatia para a presença de estrangeiros a trabalhar em Portugal. Por isso, acho que tenho alguma autoridade para poder dizer que não me parece normal que, nas quatro viagens que ontem fiz em TVDE, me tenha cruzado com três condutores que não falavam uma única palavra de português e que tinham um inglês abaixo de "macarrónico". Vá lá: dois deles, no final, com um grande sorriso, disseram "obrigado".
quinta-feira, outubro 24, 2024
Memória
Lembrando
Este blogue tem dono. Dono, proprietário. E o dono de um blogue, por muito anti-democrático que isso possa parecer, não autoriza a publicação de comentários que relevem de agendas racistas, xenófobas e discriminatórias. Quando, por vezes, decide deixar passar alguns comentários que se aproximam desse registo é apenas com o objetivo de ilustrar, pela caricatura, a postura ridícula de alguns cromos que por aqui vão aparecendo - e, nos últimos dois dias, tem sido um fartote deles, como seria de esperar. É só para lembrar.
quarta-feira, outubro 23, 2024
Pensem nisto
Este PSD
Este PSD é um partido estranho: deixou de ser desempoeirado nas questões "de costumes" e, apenas para recuperar o voto reacionário, tornou-se igual ao pior CDS na "cidadania" e, o que é muito mais grave, colou-se a agendas do Chega. Tenho amigos do PSD que se sentem incomodados.
terça-feira, outubro 22, 2024
Agora, aguentem-se!
Os governos não são parvos, mas, às vezes, parecem sê-lo. (Não, não vou falar de política interna).
Anda lá por fora meio mundo excitado com a movimentação dos BRICS. Relembro que tudo começou quando um fulano da Goldman Sachs juntou as primeiras letras do Brasil, Rússia, Índia e China, potências ditas emergentes, que se encontravam em reuniões de diálogo e de muito escassa cooperação, e crismou o acrónimo BRIC. (Um acrónimo, lembro, é uma sigla que se consegue ler como uma palavra). O "S" que então faltava surgiu quando a África do Sul ("South Africa") se juntou aos restantes.
Os BRICS nunca foram grande coisa. A sua identidade vinha mais do contraste com o "primeiro mundo", menos por um qualquer cimento estratégico próprio. Os BRICS nunca foram uma espécie de "G7 dos pobres", muito longe disso.
Curiosamente, foi o mundo desenvolvido que deu alguma força aos BRICS. Ao ter impulsionado, na crise financeira de 2008, essencialmente por razões de interesse próprio, a atividade até então discreta do G20, pensando que conseguia trazer para uma governança por ele tutelada os principais atores económicos do mundo, o G7 acabou por alargar o diálogo entre muitos desses Estados. No final, não seria o G7 a satelitizar os membros (não ocidentais) do G20, mas seriam os BRICS a cooptar alguns dentre eles para o seu seio, como recentemente se viu.
Mas que não haja ilusões: a identidade dos BRICS nunca igualará a do G7. É fácil explicar porquê.
A China, a que a guerra na Ucrânia obrigou a acelerar a sua dinâmica de ambição como potência, mostra uma clara intenção de utilizar os BRICS como plataforma para tal. Mas, ao contrário do G7, onde a preeminência dos Estados Unidos é não só tolerada como aceite como uma fatalidade, a China não consegue garantir no seio dos BRICS um papel de liderança indisputada. A Índia, que está no grupo por necessidade de afirmação própria, nunca irá permitir que isso aconteça.
No grupo BRICS original, a África do Sul era, manifestamente, o parceiro mais fraco, e mantem-se irrelevante no atual contexto. O Brasil combateu, sem sucesso, o alargamento dos BRICS, porque sabiamente pressentiu que a extensão do grupo iria significar a diluição do seu poder relativo. Mas viu-se vergado a flexibilizar a sua atitude pela vontade da China (não se percebeu bem se também da Índia). A Rússia, num tempo de grande dificuldade, precisa desesperadamente quem lhe suporte o estatuto de potência, pelo que o alargamento do "clube" seria conveniente à quase obsessiva e ridícula coreografia diplomática de Putin.
E assim os BRICS, nos dias de hoje, vão andando na tentativa de densificação da sua cooperação. Mas sente-se que o mundo ocidental anda cada vez mais preocupado com este diálogo acrescido. E, numa estupidez estratégica e declaratória, junta, às vezes, tudo no mesmo saco.
O tal mundo ocidental - com os Estados Unidos e a Europa à frente - tentou, na sequência da invasão russa da Ucrânia, apelar aos princípios da ordem internacional que entenderam estarem a ser violados.
Pelo belo barómetro que são as resoluções da Assembleia Geral da ONU, percebeu-se que esse argumentário euro-americano (com outros amigos mais ou menos íntimos) começou por ter algum sucesso junto daquilo a que alguns chamam "Sul global".
Até que um dia sucedeu o que está a suceder em torno de Israel. E esse tal "Sul global" deu-se de repente conta de que os mesmos princípios e valores que tinham sido evocados para o caso ucraniano afinal não eram aplicáveis no caso palestino. E grande parte desse Sul, com os BRICS à cabeça e com a suas opiniões públicas na base, confirmou que o ocidente tinha dois pesos e duas medidas e que, afinal, os tais princípios e valores só prevaleciam quando serviam de suporte aos interesses geopolíticos ocidentais. E viu-se o tal ocidente, em poucos meses, a perder toda a autoridade moral que invocara na Ucrânia. Sem o afirmar, tinha afinal adoptado o conhecido princípio de Groucho Marx: "Estes são os meus princípios. Se não gostarem, tenho outros".
Mesmo com os seus limites, o sucesso organizativo dos BRICS, gerando outros movimentos de agregação e simpatia a Sul, confronta visivelmente o mundo ocidental. Mas acaba por ser o resultado de uma crescente hipocrisia por parte deste. Agora, aguentem-se!
Os governos não são parvos, mas, às vezes, parecem sê-lo. Ou fazer de nós parvos.
Violência e bom senso
"Santa Luzia"
Acresce que, à volta da cidade de Viseu, tinham entretanto surgido propostas curiosas, desde a sofisticada "Mesa de Lemos" à comida de tacho do "Cantinho do Tito", passando pelo surpreendente "De Raíz". E, claro, havia sempre a segurança do "Caçador" e da "Arouquesa", com o restaurante da Pousada a continuar a não mostrar garra e o "Cortiço" a fazer saudades do D. Zeferino, em tempos em que a "Trave Negra" por ali chegou a pedir meças.
Tudo isto para dizer que me decidi hoje, numa viagem entre Vila Real e Lisboa, a regressar ao "Santa Luzia". Como me recordava que o espaço interior era vasto, ainda tive a tentação de não reservar, mas optei por fazê-lo, como me ocorre 99% da vezes. Em boa hora o fiz: a casa encheu! Mesmo tendo imensos lugares!
A arquitetura da casa, que creio que já tem mais de uma década neste seu formato, é simpática, moderna, arejada, com estacionamento próprio e espaço exterior atencioso para fumadores.
O serviço foi diligente, sabedor e excecionalmente acolhedor. Tudo o foi pedido estava muito bem apresentado. Alguns "mas": quer uma vitela assada quer o caldo verde que a antecedeu ganhariam em ter um pouco mais de apuro. O galo "pica-no-chão" estava com excelente sabor, embora um pouco demasiado "al dente" (embora galo e frango não tenham a mesma textura, eu sei). As sobremesas provadas eram muito boas. Bebeu-se um tinto do Dão, da casa, que não desmereceu. No meu rácio satisfação/preço, o "Santa Luzia" saiu aprovado. Deixo o registo.
segunda-feira, outubro 21, 2024
Pensem!
Há várias maneiras de fazer alianças com a extrema-direita, tentando captar o seu eleitorado (perdido). Uma delas é copiar as suas ideias.
"Farta Brutos"
Negócios da China
Será curioso perceber qual o consenso possível deste lado do Atlântico face ao "bullying" a que Trump vai sujeitar a Europa, na su...