duas ou três coisas
notas pouco diárias de Francisco Seixas da Costa
quinta-feira, novembro 21, 2024
Um texto sobre a Rússia, já com 20 anos
Migrantes digitais
Brasil
O Brasil vive um momento de verdade. Se o "complot" criminoso para impedir o regresso democrático ao poder de Lula vier a confirmar-se, com implicação provada de militares, vai ser precisa grande sabedoria para reconstruir a confiança entre estes e o poder civil.
França
Preço
A Ucrânia terá usado, na noite de 19 para 20 de novembro, 12 mísseis britânicos Storm Shadow, para uma única operação, apenas no "oblast" de Kursk, que ocupa. Cada míssil custa dois milhões de euros: assim, €24 milhões. É uma guerra muito cara. E um belo negócio. Resta saber o preço da paz.
Mistério
O mundo de Trump tem diversos mistérios. Um deles é a racionalidade subjacente à indigitação para o governo de várias figuras com "telhados de vidro" bem conhecidos. Trump sabia que isso viria à tona. Por que arriscou? Para testar cedo a lealdade da sua base no Congresso?
Médio Oriente
Numa iniciativa do Observatório do Mundo Islâmico e do Núcleo de Estudantes de Estudos Europeus da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, terá lugar no próximo dia 28 de novembro (quinta-feira), na Faculdade de Letras, um Seminário intitulado "O Grande Médio Oriente e a nova configuração geopolítica regional e global"
quarta-feira, novembro 20, 2024
Já não me conheço!
Ucrânia
Dia 25 deste mês
Já agora: à atenção do PS, que parece andar estranhamente distraído quanto à gravidade disto.
José Mário Branco
terça-feira, novembro 19, 2024
Ainda a Ucrânia
Pode ver, depois do minuto 20, neste link.
Jogos de guerra ou brincar com o fogo
segunda-feira, novembro 18, 2024
Olhar os dias em quinze notas
Gastronomia
O que é a Academia Portuguesa de Gastronomia? É uma associação privada, com estatuto de "utilidade pública", composta por um núcleo de 30 pessoas - um imutável "numerus clausus", que o tempo vai renovando.
domingo, novembro 17, 2024
A lei da bala
Mistério
É para mim incompreensível que continue a ser dado destaque aos bitaites políticos dos cônjuges - mulheres ou homens - de figuras eleitas. Essas pessoas não têm qualquer mandato democrático, sem prejuízo do pleno direito a terem as suas opiniões, mas só para uso privado.
sábado, novembro 16, 2024
Queijos
Parabéns ao nosso excelente queijo!
Confesso que estou muito curioso sobre o que dirá a imprensa francesa nos próximos dias.
Novembro
Rodrigo de Sousa e Castro, subscritor do Documento dos Nove, foi um dos "vencedores" do 25 de novembro, tal como Vasco Lourenço, presidente da "Associação 25 de Abril", organização que não vai estar presente na cerimónia que a Assembleia da República vai fazer no próximo dia 25.
Com a indiscutível autoridade que a sua posição em 1975 lhe concede, escreveu no Twitter esta síntese brilhante, que vale a pena ler :
"O VI governo, que vigorou antes (desde setembro de 1975) e após o 25 de novembro até ao I governo constitucional (julho de 1976), tinha elementos do PS, PPD/PSD e PCP e ainda militares e independentes.
A Constituinte manteve-se exactamente na mesma, antes e depois do 25N.
O Conselho da Revolução assistiu à saída do Otelo do Conselho da Revolução e do COPCON, e do Fabião do Estado Maior do Exército, mas basicamente manteve a mesma composição
As regiões militares continuaram comandadas pelo Pires Veloso, Vasco Lourenço, Pezarat Correia e Franco Charais. Ramalho Eanes foi escolhido pelo "Grupo dos Nove" para Chefe do Estado-Maior do Exército;
Os órgãos judiciais permaneceram intocáveis.
A mudança efectiva de Poder tinha-se verificado no Pronunciamento de Tancos, em Setembro de 1975, com o fim do V governo provisório e o afastamento de Vasco Gonçalves e de membros do Conselho da Revolução "próximos" do PCP.
O Presidente da República, general Costa Gomes, permaneceu no cargo de 1974 a 1976.
Não há, a 25 de novembro, nem mudança de Poder nem de Regime. Houve sim, após o 25 de novembro, um saneamento extensivo dos OCS com uma espécie de caça aos jornalistas e comentadores comunistas e, claro, tinha havida um recontro entre forças militares após a insubordinação dos páras de Tancos. que o grupo dos Nove, e o seus apoiantes militares, aproveitou para mudar comandos de alguns regimentos do Exército.
Todos, incluindo os palermas e ignorantes, têm direito a comemorar o "seu" 25 de Novembro. Foi para isso que se fez o 25 de Abril."
Comentários
Giuliani
Falando de Scholz e Trump
Pode ver aqui.
sexta-feira, novembro 15, 2024
Dê-lhe o arroz!
Trata-se de um livro belíssimo editado pelos CTT, em cujos balcões se pode comprar. Traz receitas de gente sabedora. Se não tem ideia do que há-de oferecer no Natal a quem gosta de cozinhar, dê-lhe "O Arroz..."!
25 só há um!
A Associação 25 de Abril (de que sou associado) decidiu não participar na sessão que a Assembleia da República decidiu organizar no dia 25 deste mês. Acho uma decisão muito sensata. Está de parabéns por ela Vasco Lourenço. Viva o 25 de Abril, sempre!
Trump
Percebo bem que não se goste de Trump. É uma imensa ameaça mundial à prevalência de um mundo gerido por regras - e não por quem tem força. Dito isto, estou muito curioso para ver quais são os órgãos de informação que têm a lata de não lhe atribuir o título de "homem do ano".
Nada percebo de algoritmos, mas, ao contrário do que ouço dizer, ainda não me dei conta de que o Twitter esteja pior e a "propagar ódio".
Façam como eu: não autorizem comentários diretos nos vossos posts, obriguem quem deseja comentar a difundir simultaneamente aquilo que antes escrevemos e que o façam apenas para os seus seguidores, bloqueiem os chatos e os " tóxicos" e logo verão como a vida se torna bela por ali.
(Imagino que isto possa ser "chinês" para os leitores que não frequentam o Twitter.)
Está lá? É do Kremlin?
Olav Sholz falou hoje com Putin. Terá mudado alguma coisa, na atitude de Moscovo, que possa justificar que o líder do maior país europeu tenha alterado um comportamento que mantinha desde há dois anos, no sentido de não falar com Moscovo?
A alegria dos tontos
Com a chegada de Trump e do seu "nightmare team", eles andam contentinhos da silva: os maluquinhos das teorias da conspiracão, os negacionistas climáticos, os anti-vacinas. À coca estão putinistas, estadofóbicos e furiosos anti-ocidente, todos à espera que Trump os ajude. Isto pode ter graça!
Pensar nisto
Curioso, não é? "In 2024, Kamala Harris did worse among Black voters than Joe Biden did in 2020. She did worse among female voters. She did much worse among Latino voters. She did much worse among young voters".
Bernardo Pires de Lima
Bernardo Pires de Lima é uma das pessoas que, em Portugal, pensa melhor a Europa e o mundo, tendo publicado, há pouco tempo, o excelente "O Ano Zero da Nova Europa", que António Costa apresentou no CCB. Os seus escritos e a clareza das suas intervenções televisivas provam, à saciedade, a sua fina qualidade de analista. Estou certo que vai ser um excelente apoio para António Costa.
Conheci o Bernardo quando, vai para 12 anos, regressei definitivamente a Portugal. Ainda chegámos a gizar em conjunto a criação de uma empresa de consultoria estratégica, mas a vida pressionou-nos para outros rumos de trabalho. O Bernardo publicou entretanto vários livros, sobre os quais escrevi e que cheguei a apresentar. Estivemos juntos em diversas iniciativas públicas, tentando desfazer o novelo das complexidades internacionais. Ficámos amigos.
Um forte abraço, caro Bernardo, com votos de muito sucesso nesta nova etapa. Ver-nos-emos por aí.
quinta-feira, novembro 14, 2024
Sai um Kennedy!
Kennedy na equipa de Trump! Ouviram-no durante a campanha? Tudo isto pode vir a ser dramático, mas lá que vai ter piada de observar, lá isso vai!
De luas
Belém
Mudou - claramente - o discurso do presidente da República sobre o escândalo do INEM. Agora, vai passar-se à fase seguinte, isto é, veremos a capacidade (ou não) de Luís Montenegro de resistir à pressão para tirar "consequências políticas", sabendo nós o que isso quer dizer.
Albion
A vida não está fácil para o governo britânico. A administração Trump deve ir tratá-lo com uma imensa frieza - vá lá!, em resposta à hostilidade com que os trabalhistas destrataram Trump. Assim, com a "special relationship" em crise, estender a mão à Europa pode ser a solução.
Pensem bem!
Quem está chocado com algumas escolhas para o novo governo de Trump deve refletir no facto de que, ao contrário de 2016, esses 75 milhões de americanos sabiam muito bem quem estavam a escolher e dão-lhe um evidente benefício da dúvida. Trump só vai responder perante os resultados das suas políticas no plano interno.
Le Pen
O esforço para conseguir a inelegibilidade de Marine le Pen em 2027, por moscambilhas do seu partido com dinheiros do Parlamento Europeu, vai inevitavelmente ser visto como uma perseguição política, levando a uma vitimização que só a favorecerá. Isto é tão óbvio!
Viva o Estado!
Estados de alma
Há uns anos, tivemos por cá uma amostra paroquial de um governo que detestava o Estado a dirigir esse mesmo Estado. Era a lógica de "menos Estado, melhor Estado", esquecendo-se de acrescentar em público "e o que sobrar fica para nós". Depois, foi o que se viu: a necessidade de confortar a clientela tê-los-á coibido de ir demasiado longe. A América vai agora levar esse sonho à glória. "Fasten seat belts!"
Ai Brasil
O Brasil fervilha sob uma forte tensão político-social. Os acontecimentos das últimas horas revelam que a fratura do país continua profunda e com condições para afloramentos cíclicos violentos. Este tipo de "lobos solitários" não nascem no vazio.
Digam ao que vêm
A guerra na Ucrânia não é uma situação de "business as usual". A cada hora morre ali muita gente. Cada vez se torna mais urgente que a futura administração americana esclareça, com clareza, as bases daquilo que se propõe fazer ou deixar de fazer. E, se tiverem tempo, informem Kiev e Bruxelas.
A "morte" da América
Nunca dei grande crédito a quantos, há muito, teorizam o declínio inexorável do poder americano. O seu sistema político-institucional pode estar a atravessar uma grave crise de funcionalidade, mas acho que as ideias sobre a "morte" económica e militar da América são um mero "wishful thinking" de quantos sempre a detestaram.
25 de Abril
Talvez porque andei muito próximo de alguns dos acontecimentos desses dias e porque, depois disso, julgava ter lido praticamente tudo quanto sobre esse período foi publicado, tinha criado intimamente a ideia de que já "sabia tudo" e de que não iria ter mais surpresas.
Há meses, li este livro e afinal nele vim a aprender algumas coisas novas. E ainda há dias, num almoço de gente que andou fardada por aquele tempo, obtive outros dados sobre certas questões que já considerava fechadas. A História, afinal, nunca encerra portas.
Um forte e amigo abraço à Irene pelo merecido reconhecimento que este seu interessante trabalho acaba de obter.
E, já agora, porque se aproxima uma outra data, aqui deixo o meu "25 de Abril sempre!"
quarta-feira, novembro 13, 2024
Línguas
São uma imensa saloiíce os comentários sobre o modo como Luís Montenegro fala inglês. Falar bem línguas estrangeiras pode trazer vantagens, mas não é essencial. Houve mesmo um poliglota político lusitano de quem se dizia na Europa que conseguia não dizer nada em várias línguas.
A pergunta na "Visão"
RTP
Ao tempo em que estive no CGI, este passou, a partir de certa altura, a integrar os nomes de Leonor Beleza e de Alberto Arons de Carvalho. Tratando-se de duas figuras com um passado político ativo notório, posso testemunhar que nunca, na sua ação, detetei o menor viés político-ideológico, a vontade de "fazer fretes" às suas origens partidárias.
Leonor Beleza assumiu recentemente responsabilidades políticas e entendeu dever afastar-se da presidência do CGI, o qual, no seu seio, elegeu, para substituí-la, Arons de Carvalho, um conhecido jornalista e professor universitário.
Trata-se, à evidência, de uma das personalidades portuguesas com maior conhecimento da área da comunicação social, com obra publicada sobre o tema, tendo, no passado, sido titular dessa pasta em governos e tendo também ocupado funções na ERC (Entidade Reguladora da Comunicação Social).
Alberto Arons de Carvalho é a escolha óbvia como novo presidente do CGI, lugar que, lembro, foi também já ocupado por António Feijó (atual presidente da Fundação Calouste Gulbenkian e antigo vice-reitor da Universidade de Lisboa) e por José Vieira de Andrade, catedrático da Universidade de Coimbra.
Desejo ao Alberto Arons de Carvalho um excelente trabalho à frente daquele importante órgão de supervisão - noto que é o CGI, nomeadamente, que escolhe e nomeia as administrações da RTP.
A RTP não é uma típica empresa do Estado, um órgão tutelado pelo governo. É uma singular empresa pública, de que todos os cidadãos portugueses são "acionistas", pelo que pagam como "contribuição audio-visual" (CAV), na sua conta da luz. O atual estatuto da RTP permite-lhe resistir às eventuais tentações de pressão dos governos de turno, e isso foi uma imensa conquista que compete ao CGI tentar preservar. Contra todos os ventos e todas as marés que já por aí se estão a levantar.
terça-feira, novembro 12, 2024
segunda-feira, novembro 11, 2024
Clube de Lisboa
domingo, novembro 10, 2024
A Rúben Amorim
Boas e más notícias
À mesa com Carlos Mathias
Carlos Mathias foi um excelente amigo com quem pude contar durante os anos que vivi em Brasília. Com uma dedicação imensa a Portugal, país que visitava com frequência, nomeadamente para participar em iniciativas da Universidade de Coimbra, empenhou-se muito numa estrutura de cooperação na área do Direito, envolvendo juristas italianos, espanhóis, portugueses e brasileiros.
No âmbito de uma dessas iniciativas, pediu-me um dia para eu acolher, num almoço na embaixada, cerca de duas dezenas desses juristas, alguns dos quais portugueses, nessa altura congregados em Brasília. Disponibilizei-me a fazê-lo, explicando contudo que a mesa da nossa residência não podia comportar, sentados, mais do que (creio) 24 pessoas.
Mathias enviou-me a lista de quantos iriam estar presentes e lá organizei o almoço, com lugares marcados. O grupo foi chegando em várias levas. Carlos Mathias, viria um pouco mais tarde. Eu ia recebendo os convidados à porta, reconhecendo-os na lista que antes tinha recebido.
A certa altura, apresenta-se-me um cavalheiro, que diz o nome e o título: reitor da universidade de Cuiabá. Cuiabá é a capital do estado de Mato Grosso. Fiquei perplexo. O nome não constava da lista e, mesmo com esforço, não cabia mais ninguém na mesa. Que fazer? Via-me com o problema de ter de deixar o inesperado académico matogrossense de fora do repasto.
A certo momento, com a alegria e a boa disposição que era sempre a sua, irrompe Carlos Mathias. Durante o abraço que demos, disse-lhe ao ouvido: "Carlos, temos um problema. Está aqui uma pessoa que não estava prevista". E arrastei-o até à sala de jantar, para lhe explicar, à evidência física, que não cabia mais ninguém.
Mathias olhou a mesa e disse: "Você tem razão. Eu precipitei-me ao convidar, no último momento, o professor de Cuiabá, que estava ali connosco e que achei ser possível acomodar". Sob pressão, retorqui: "E agora, como fazemos?". O Carlos abriu um sorriso e, tirando o telemóvel do bolso, respondeu: "Não tem problema. Adoece o Norberto". Havia, de facto, um Norberto na lista dos convidados. Carlos Mathias explicou: "O Norberto disse-me que está ligeiramente atrasado. Assim, já não vem: adoece... Tenho suficiente confiança com ele para lhe pedir o sacrifício". E lá almoçámos sem o "doente" Norberto, que nunca conheci, mas com o simpático reitor de Cuiabá, que tive muito gosto em conhecer.
Coisas das Necessidades
De um dia para o outro, vi-me apresentado em duas televisões como "embaixador jubilado". Não pedi o estatuto profissional de jubilado, sou simplesmente aposentado, como qualquer funcionário público. Há diferenças? Há. Um jubilado ganha um pouco mais, mas tem limitações no tocante ao exercício de outras atividades profissionais. "Just for the record".
(Até indicação em contrário, estão suspensos os comentários no blogue)
Jorge Coelho
Ontem, Pedro Siza Vieira e eu fomos convidados para duas estimulantes conversas, tendo jovens como interlocutores, antes do alargamento do debate à assistência. O antigo ministro falou sobre Coesão Territorial, cabendo-me a mim os temas contemporâneos da Geopolítica.
Foi um interessante e estimulante exercício. No final, dei-me conta de que não consegui ser muito otimista. Sendo esse um luxo a que me posso dar, por não ter responsabilidades políticas, arrependi-me de não ter feito um esforço maior para tentar dar alguma esperança àqueles que são os donos do futuro. Ou talvez haja vantagens em deixar as novas gerações preocupadas. Não sei.
(Até indicação em contrário, estão suspensos os comentários no blogue)
sábado, novembro 09, 2024
Um belo museu
Fui hoje à recuperada Casa do Passal, em Cabanas de Viriato, perto de Carregal do Sal, onde está instalado o Museu Aristides Sousa Mendes. É excelente e merece uma visita.
Um texto sobre a Rússia, já com 20 anos
Publiquei este texto, em agosto de 2004, há mais de 20 anos, em "O Mundo em Português", uma publicação do saudoso IEEI (Instituto ...