Foi há cerca de um ano. O telefonema do responsável pelo "copy desk" do jornal deixou-me confuso. Ao ler o texto que eu lhe mandara nessa tarde, para ser publicado no dia seguinte, ele ficara com a sensação de que era um artigo igual a outro já publicado por mim, meses antes.
Caí das nuvens: eu escrevera o artigo há escassas horas, "de raiz"! Que confusão era aquela? Ter-me-ia enganado no anexo que enviara com o email para o jornal? Interrompi o que fazia e regressei a casa. Ainda tinha algum tempo, antes do "fecho" do jornal, para resolver o assunto.
Fui ver os meus email: tinha mandado o artigo certo. Fui à procura de textos antigos, enviados para o mesmo jornal. A certo ponto deparei com um exatamente sobre o mesmo tema daquele que eu agora remetera ao jornal. Li-o e compreendi: não era o mesmo texto, mas a lógica do artigo era exatamente a mesma do anterior, com exemplos e argumentos repetidos. O assunto em causa voltara à atualidade, eu "revisitara-o" com o mesmo prisma de análise e, por isso, produzira dois textos basicamente similares.
A memória "clínica" do responsável pelo "copy desk", numa fantástica demonstração de perspicácia profissional, salvara-me de um embaraço. E lá fiz eu um outro artigo...
Este episódio veio-me à memória ao ler há minutos um artigo sobre a questão do "self-plagiarism", num site estrangeiro, em torno do debate académico sobre se um autor pode, ou não, republicar textos seus, isoladamente ou inseridos num outro contexto, sem deixar explícito de que não se trata de um original.
O tradicional plágio - utilização não identificada de textos ou ideias escritas de outros - é uma praga que a internet tem vindo a facilitar. E o chamado "auto-plágio", a repetição de textos ou ideias próprio? O tema é interessante, porque tem uma inescapável dimensão económica. Com efeito, se eu tiver sido pago pela escrita de um artigo e, mais tarde, voltar a publicá-lo, ou com outro título ou inserido noutro texto, sem esclarecer que se trata de um texto antigo, voltando a ganhar dinheiro com ele, isso é legítimo? Creio bem que não.
Mas isso suscita outra questão. Como é sabido, o plágio vai para além da simples cópia exata de um texto, situando-se tamvém no domínio das ideias. Eu serei acusado de estar a plagiar se repetir, sem deixar isso previamente claro, um corpo de ideias inserido num texto de um artigo ou de um livro, mesmo que para isso utilize outras palavras, que mude os vocábulos. Isso não deixa de ser um evidente plágio. Mas, pelo mesmo princípio, estaria também estaria impedido de repetir, não os meus textos, mas as minhas próprias ideias. É que eu não posso ser obrigado a mudar de ideias, só para não me repetir... Como diria o Narciso à dona Rosa, à entrada do Pátio das Cantigas: cruel dilema!
Caí das nuvens: eu escrevera o artigo há escassas horas, "de raiz"! Que confusão era aquela? Ter-me-ia enganado no anexo que enviara com o email para o jornal? Interrompi o que fazia e regressei a casa. Ainda tinha algum tempo, antes do "fecho" do jornal, para resolver o assunto.
Fui ver os meus email: tinha mandado o artigo certo. Fui à procura de textos antigos, enviados para o mesmo jornal. A certo ponto deparei com um exatamente sobre o mesmo tema daquele que eu agora remetera ao jornal. Li-o e compreendi: não era o mesmo texto, mas a lógica do artigo era exatamente a mesma do anterior, com exemplos e argumentos repetidos. O assunto em causa voltara à atualidade, eu "revisitara-o" com o mesmo prisma de análise e, por isso, produzira dois textos basicamente similares.
A memória "clínica" do responsável pelo "copy desk", numa fantástica demonstração de perspicácia profissional, salvara-me de um embaraço. E lá fiz eu um outro artigo...
Este episódio veio-me à memória ao ler há minutos um artigo sobre a questão do "self-plagiarism", num site estrangeiro, em torno do debate académico sobre se um autor pode, ou não, republicar textos seus, isoladamente ou inseridos num outro contexto, sem deixar explícito de que não se trata de um original.
O tradicional plágio - utilização não identificada de textos ou ideias escritas de outros - é uma praga que a internet tem vindo a facilitar. E o chamado "auto-plágio", a repetição de textos ou ideias próprio? O tema é interessante, porque tem uma inescapável dimensão económica. Com efeito, se eu tiver sido pago pela escrita de um artigo e, mais tarde, voltar a publicá-lo, ou com outro título ou inserido noutro texto, sem esclarecer que se trata de um texto antigo, voltando a ganhar dinheiro com ele, isso é legítimo? Creio bem que não.
Mas isso suscita outra questão. Como é sabido, o plágio vai para além da simples cópia exata de um texto, situando-se tamvém no domínio das ideias. Eu serei acusado de estar a plagiar se repetir, sem deixar isso previamente claro, um corpo de ideias inserido num texto de um artigo ou de um livro, mesmo que para isso utilize outras palavras, que mude os vocábulos. Isso não deixa de ser um evidente plágio. Mas, pelo mesmo princípio, estaria também estaria impedido de repetir, não os meus textos, mas as minhas próprias ideias. É que eu não posso ser obrigado a mudar de ideias, só para não me repetir... Como diria o Narciso à dona Rosa, à entrada do Pátio das Cantigas: cruel dilema!