São uma raça tão à parte que não sei bem o que lhes irá acontecer com o Brexit. Às tantas, ficam apátridas. Nasceram em Portugal (ninguém é perfeito), mas têm o coração numa grã-ilha a que pertencem por direito natural. Idealmente, a maternidade do St Antony's College seria o seu berço óbvio, mas têm de contentar-se com o facto de S. Sebastião da Pedreira figurar no seu Cartão de Cidadão. Falam e vestem como eles acham que os ingleses ("bem") devem falar e vestir. Quando atingidos pelos "blues" da vivência nesta "piolheira", à falta dos coiros de Pall Mall, vão tomar chá à York House, numa tarde pardacenta, como a de hoje. Adoram Churchill e os Church's. Ao todo, são aí uma vintena. Conheço-os de ginjeira. Escrevem (às vezes, bem), bebem (alguns já tiveram melhores fígados) e todos resmungam (de preferência, por escrito) contra este país onde não há um "Spectator" decente, um lugar que verdadeiramente os não merece - no que têm toda a razão: Portugal nada fez de mal ao mundo para ter de os aturar. São os inglusos. Nem são nem ingleses nem lusos. São uma espécie de náufragos do autocarro, mas do tempo em que a Carris era britânica. Ah! E os ingleses nem sabem que eles existem. E ainda bem, senão riam-se de nós! É que eles detestam imitações baratas. Já lhes bastam os "leftovers" do seu império!
sexta-feira, novembro 18, 2016
Os inglusos
São uma raça tão à parte que não sei bem o que lhes irá acontecer com o Brexit. Às tantas, ficam apátridas. Nasceram em Portugal (ninguém é perfeito), mas têm o coração numa grã-ilha a que pertencem por direito natural. Idealmente, a maternidade do St Antony's College seria o seu berço óbvio, mas têm de contentar-se com o facto de S. Sebastião da Pedreira figurar no seu Cartão de Cidadão. Falam e vestem como eles acham que os ingleses ("bem") devem falar e vestir. Quando atingidos pelos "blues" da vivência nesta "piolheira", à falta dos coiros de Pall Mall, vão tomar chá à York House, numa tarde pardacenta, como a de hoje. Adoram Churchill e os Church's. Ao todo, são aí uma vintena. Conheço-os de ginjeira. Escrevem (às vezes, bem), bebem (alguns já tiveram melhores fígados) e todos resmungam (de preferência, por escrito) contra este país onde não há um "Spectator" decente, um lugar que verdadeiramente os não merece - no que têm toda a razão: Portugal nada fez de mal ao mundo para ter de os aturar. São os inglusos. Nem são nem ingleses nem lusos. São uma espécie de náufragos do autocarro, mas do tempo em que a Carris era britânica. Ah! E os ingleses nem sabem que eles existem. E ainda bem, senão riam-se de nós! É que eles detestam imitações baratas. Já lhes bastam os "leftovers" do seu império!
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5 comentários:
Caro Francisco
Quando o li dei uma gargalhada. É que hoje o seu e o meu fígado devem ter sido atacados pelo mesmo mal...
Tantas verdades e tanto talento para o escrever…
Farei-me de rir, cai que nem uma luva em pavões portugueses que por aí pululam!!!
Carissimo Francisco,leio as sete da manhã de sábado e o meu riso irá seguramente estender~se por todo o dia.
Forte abraço.
Que verdade tao rica!!!!!Conheco-os de ginjeira e ja me cruzei com alguns. Ginjinha nao sabem o que e, com ou sem elas. Castanhas, torcem o nariz ao fumo dos assadores e so conhecem "marrons glaces" mas tem que vir do Fortnum. Choram a falta do "Spectator" mas nunca por nunca gastaram dinheiro com o "Private Eye" e o figado fica-lhes ouricado com o Gnomo.
Pela fotografia vejo que chove por ai. Neste momento o sol brilha mas faz frio.E tempo de aquecer com bacon e ovos e voltar para a cama ler o Guardian no quentinho
Bom fim de semana
F. Crabtree
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