"Welcome to Trofa", foi a saudação com que ontem Paulo Rangel acolheu Jean-Claude Juncker, na deslocação ao Norte de Portugal do candidato conservador à chefia da próxima Comissão europeia. Juncker fala bem inglês, muito embora essa não seja uma das três línguas do seu país. Mas posso supor que Paulo Rangel já faça parte de uma geração portuguesa para quem o francês é uma língua menos cómoda.
Dito isto, este post é menos sobre o cosmopolitismo linguístico e mais sobre as críticas que, segundo a imprensa, Juncker deixou ao "programa socialista de governo", que alguém lhe deve ter traduzido. É pena que Juncker não se tenha informado melhor antes de se pronunciar. Se acaso tivesse falado com alguns dos vários amigos socialistas que tem em Portugal, eles ter-lhe-iam explicado que esse programa ainda não existe, que naturalmente só deverá aparecer quando eleições legislativas estiverem à vista.
Mesmo assim, antes que alguma vestal rosa se ponha para aí a falar de "ingerência" ou coisa do género, é importante deixar claro que, passando as instituições comunitárias a ter uma dimensão de escolha nacional, projetando-se cada vez mais as grandes formações políticas europeias na nossa vida interna, temos de nos habituar a que estas figuras mandem os seus "bitaites" sobre opções dessa nossa ordem política. É a vida, como diria alguém que espero que, em breve, ande por aí de novo.
Juncker não é o candidato socialista. Mas, aqui entre nós - e só espero que os socialistas não me oiçam! - é um excelente candidato, um homem sério e que já provou ser nosso amigo, um europeísta que, por exemplo, sabe bater o pé à Alemanha.