Aconteceu-me há dias. Na Bertrand do Chiado. Perguntei se tinham um determinado livro e fui informado de que não. Através do sistema informático, tentaram saber se, por acaso, alguma das outras lojas do grupo teria um exemplar. Não tinham. Perguntei se podia encomendar. A resposta foi curiosa, depois de inquirirem: "Não podemos encomendar. Não trabalhamos com essa editora". Qual era a editora? Uma esconsa e desconhecida impressora de vão de escada, com meia dúzia de títulos num reduzido catálogo? Nada disso: era a Imprensa Nacional / Casa da Moeda.
Anda estranho o mundo das livrarias. Já sabemos que os grandes grupos - que são proprietários de várias editoras - "compram" as mesas mais visíveis das principais lojas, onde exigem que sejam colocados exclusivamente os seus livros. O mesmo vale para os escaparates. Também temos conhecimento que, em muitas casas, salvo com "cunhas" ou simpatia dos donos, muitas editoras, em especial as mais pequenas, têm grande dificuldade em manterem à vista, durante algum tempo, os seus livros. E isso é o caminho para o sufoco comercial.
Tenho um cartão Bertrand (como tenho um cartão FNAC e outro Almedina). Mas perante este comportamento sectário da Bertrand, à revelia da simpática abertura que, no passado, sempre foi apanágio da casa, e que, ainda por cima, nos obriga a adquirir sacos de plástico (o que seria a gentileza mínima para os clientes que pretende fidelizar através do cartão), estou a pensar seriamente sobre se não deixarei de passar definitivamente pelas suas lojas. Custa muito quebrar um hábito com mais de 50 anos, mas a Bertrand tem o dever de servir bem os seus clientes e facilitar a vida em especial a quem por lá compra muitos livros, como é o meu caso. É que, como ontem dizia o advogado de Sócrates (não sei se referindo-se à procuradora-geral), "isto não é o da Joana"...
12 comentários:
Portugal sempre foi e será o da Joana. Que um governo de esquerda não tenha conseguido revogar os abusos das companhias de electricidade e água mostra que somos de facto da Joana.
Teimosa sou, concordo. Nao abdico de ir a livrarias e "lojas de musica"...A arrogancia e muito atrevida na resposta que lhe deram Ainda por cima nao merece.
Num momento de desespero para arranjar 1 livro a tempo e horas tive que "aprender" a encomendar no Amazon. No entanto nada tira o prazer de passar uma boa hora a folhear livros na livraria do meu bairro, no Waterstones quando passo em Piccadilly (nao hoje que esta ultrapovoado de Irlandeses a beber pints de Guiness e Bushmills)...ou Charing Cross Road no Foyles. Fica para amanha de manha depois do matinal recital as 11.30 no Wigmore Hall.
Bom fim de semana com SOL
Saudades.
F. Crabtree
eh eh eh !
não fazia ideia que era assim !!!
bom fim de semana, Sr Embaixador
A Joana agora é mais subtil, dá pelo nome de "geringonça".....
Não sei porquê mas os livros da INCM nunca se encontram em lado nenhum. Sabendo que é esta editora que publica as edições críticas de Eça, Camilo, Garrett e Pessoa, que tem em processo de publicação a única edição mundial virtualmente completa das Obras de Aristóteles, dá que pensar nossos circuitos de distribuição.
Mas ainda se compram livros em papel?
A Bertrand obriga-o a adquirir sacos de plástico?! A mim não me obriga. Levo sempre os livros na mochila.
Os sacos de plástico hoje em dia têm preço obrigatório, como o Francisco sabe. Qualquer comerciante é obrigado a vendê-los, não oferecê-los. Se a Bertrand os cobra, mais não faz do que a sua obrigação.
Como sabe o Francisco que a culpa é da Bertrand? Se calhar a culpa é da editora, que não disponibiliza os seus livros à Bertrand! Se a editora e a livraria não colaboram, o problema pode não ser da livraria, pode ser da editora!
Embaixador
Essa atitude não é exclusiva da Bertrand.
Ainda há umas poucas semanas, ao querer encomendar um livro na Bulhosa, me deram a mesma resposta.
Confesso que a minha resposta começou por ser uma gargalhada, de incredulidade.
E não, não era a INCM a outra editora...
Segundo julgo, é proibido por lei os comerciantes oferecerem sacos de plástico aos clientes: têm, por lei, que lhes cobrar a totalidade do imposto sobre esses sacos.
A Bertrand não é um comerciante de vão-de-escada, uma daquelas micro-empresas que o PCP passa a vida a defender. A Bertrand é uma grande empresa e, como tal, não se pode dar ao luxo de violar flagrantemente a lei. (É uma das muitas vantagens das grandes empresas - cumprem a lei.)
Eu não sei se o Frnacisco tem cartão de compras do Continente ou do Pingo Doce - presumo que tenha. Informo-o então de que essas grandes superfícies, que tanto gostam de fidelizar o consumidor, fazem muito pior do que a Bertrand em matéria de não disponibilizarem aos clientes uma data de produtos que poderiam disponibilizar. Essas empresas só disponibilizam produtos de produtores que lhes ofereçam uma data de vantagens (oferecer caixas de produtos de borla, aceitar pagamentos com meses de atraso, etc). Se o Francisco quiser devolver o seu cartão Bertrand, não se esqueça de devolver também os cartões Continente e Pingo Doce!
A CGD é da "Joana"
"De acordo com a notícia do Expresso, as obrigações subordinadas que fazem parte do plano do governo para aumento de capital da Caixa Geral de Depósitos, e que andam a ser vendidas a investidores pelo Professor Rebelo de Sousa, serão colocadas no Luxemburgo por forma a fugir aos impostos e despesas de colocação em Portugal. Serão ainda utilizadas duas participadas nas ilhas Caimão, tal como aconteceu em colocações anteriores. Isto não será título no Acção Socialista Jornal Público amanhã, mas serão largos milhões que, por escolha dos gestores do Banco Público, passarão por offshores nos próximos meses. E uns milhares de impostos que ficarão por pagar em Portugal. Estamos a falar do banco público, com uma administração escolhida directamente pelo governo apoiado pelo BE e PCP. Como diz o ditado: offshores no bancu dos outros é refresco."
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