É de cernelha, e não de caras, que a direção do CDS agarra a iniciativa da sua "jota" de organizar amanhã uma tourada.
Encostada às tábuas pela tradição dentro do partido da direita, seguramente mobilizado por alguns "populares" de suíças longas e arzinho marialva, os centristas têm tido na tourada anual o seu teste anual de verdade sobre se querem ser um partido moderno, atento às preocupaçöes básicas dos dias de hoje nas sociedades (e mentalidades) desenvolvidas, ou uma força do antanho, que não percebe que há tradições inóquas e outras que se colam à barbárie. E têm "chumbado" nesse teste.
É claro que alguns sempre dirão que alguma esquerda, herdeira da escrita daqueles "por quem os sinos dobram", os acompanha no gosto valente de ver o sangue do touro vertido pela praça, na pedagógica iniciação aos filhos ao verem bandarilhas metálicas ("ferros" curtos ou longos, dirá a linguagem especializada) espetadas sadicamente pelo lombo do touro (eles dirão "toiro", porque a sonoridade é mais excitante). Os mais ousados irão mesmo ao ponto de confessar (perdidos por cem...), em surdina, pelo burladero do Caldas, que, por vontade deles, haveria touros de morte, com direito a corte de orelhas do bicho (quiçá do rabo, suprema glória) e saída em ombros do artista pela porta grande.
Sendo as coisas hoje o que são, Assunção Cristas, "malgré" a recusa esclarecida de Adolfo Mesquita Nunes, lá deixa organizar a garraiada, perdão, a tourada. Uma iniciativa em que o partido pega, de cernelha, pela certa, com rabejador a designar.
Para quem não saiba, o espetáculo será no sábado, numa praça perto de si. A Juventude Socialista estará em Braga, à mesma hora, a discutir a Europa. E eu lá estarei com eles. Isto é um país livre. Cada um escolhe o que entende mais importante para a pátria.
10 comentários:
Ai! Francisco, este seu texto vai ficar no memorial da blogosfera!
Obrigado, Helena. O mal, sabe?, é que nós já somos a própria memória.., Um abraço. ps - a Gina quer repetir a noitada procopiana...
Há algum Procópio para a demagogia? É que a última frase é brilhante (dentro do género).
Cada um ridiculariza as touradas dos outros. Este País está uma fiesta e o sol nasce sempre cada vez mais quente. Depois da discussão da europa que não vai dar em nada a não ser arrearem na Merkel, lá irão comer umas lagostas suadas que essas nem sangram.
Pelo meio irão propor a eleição dos juizes para terem mais juizinho e considerarão que a imprensa só será livre se for detida por maioria de capital mação. Ah, não esquecerão de recomendar que as diretivas comunitárias só serão transpostas para a legislação nacional na parte que interessa aos negócios da esquerdalha. Se não for assim vem aí uma ditadura mais terrivel do a que obrigava ao licenciamento dos isqueiros.
Texto magnífico. Este evento diz tudo das hostes em questão - e também do País em que acontece. Lá diz António Victorino de Almeida: "se tourada é cultura, canibalismo é gastronomia".
Em vez de comparar com o canibalismo gastronómico poderia ter composto um arranjo com a parafilia zoofila!
É muito bom em arranjos o Victorino!
O problema com o Victorino é que nunca viu o Bastinhas fazer a sorte de... violino.
Negar que a tourada é cultura é exatamente a mesma atitude cagona dos tipos que acham que cultura é só a música clássica e tudo o resto é barulho para divertir a malta popularucha.
Anónim(a) das 10:24. Sim, tem razão. As touradas são uma manifestação de uma cultura. Assim como os são as execuções, mutilações e flagelamentos públicos (ou não) noutras culturas do mundo. Mas isso não as faz moralmente defensáveis - para quem adopte valores éticos diferentes, bem entendido.
Cumprimentos.
Inóquas? Ou inócuas?
En passant, subscrevo Helena Sacadura Cabral, o post é excelente e como me identifico com a liberdade restrita da democracia, a possível e ou a de maior respeito pelas individualidades,a opção da juventude socialista bem mais humana justa e inteligente, a meu ver claro, já ouvi o feedback dos representantes flavienses que ficaram fascinados pelo seu saber/Conhecimento de causa dizem ser mesmo demonstrada a Sua Praia, claro que como prima fiquei orgulhosíssima embora nada surpreendida.
Agora senhor Embaixador bem podia organizar com a ajuda e inclusão das grandes Senhoras referidas uma noite Procopiana( Hum soa a sensualidades) para os seus seguidores atuais e dos primórdios do DUAS OU TRÊS COISAS.
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